Democracia não é paz de cemitério. A movimentação política que se segue após o anúncio de abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff é saudável, republicana e segura diante da fortaleza de nossas instituições. A abertura de uma comissão especial na Câmara deve escancarar os crimes fiscais cometidos pela nossa chefe de Estado e fundamentar as bases para seu afastamento.
Um dia após o anúncio, na Convenção Nacional do Democratas, em Brasília, pudemos divulgar manifesto com uma mensagem bem clara: é hora de sair às ruas novamente pelo impeachment. Já há todas as condições legais e políticas para a conclusão do processo. Se os brasileiros, como um todo, manifestarem sua decisão pela mudança, o Parlamento seguirá sua voz e seu comando.
Lembro-me de que foi por meio do mesmo recurso –um manifesto– que a então Frente Liberal, comandada pelos saudosos Aureliano Chaves e Marco Maciel, apresentou à nação, em 1984, os pilares de uma insurgência que viria a possibilitar o fim do regime militar e a volta da normalidade política ao país. Orgulho-me em afirmar que esse partido tem história, tem referência e tem a honradez de ter se mantido fiel aos princípios democráticos durante toda a sua trajetória. Não poderia ser diferente agora.
No momento dos grandes protestos que mobilizaram milhões em todo o país neste ano, quando muitos se mostraram desiludidos por não verem uma resposta satisfatória do Congresso, tivemos a coragem de solicitar a antecipação das eleições. Eu fui à tribuna defender a renúncia geral do Parlamento como forma de resgatarmos a credibilidade com a população. Estamos agora colhendo os frutos de nossa coerência. A população reconhece todo esse esforço e confia em nossa atuação.
A partir de agora, uma vez instalada a comissão especial na Câmara que deve analisar o pedido, minha agenda e a de todos que querem tirar o Brasil dessa crise deve ser uma só: caminhar por todos os Estados em prol desse objetivo. É mostrar que o Brasil tem solução rápida, basta tirar o PT do poder que a credibilidade e a esperança voltarão a florescer. Esses são os dois maiores fundamentos que faltam –e o comportamento positivo do mercado um dia após a abertura já deu essa sinalização. Todos anseiam por mudança.
É preciso rapidez. É desesperador saber que 6.000 pessoas perdem o emprego diariamente no país, gerando um cenário de aumento da miséria e da violência. Prolongar esse problema até 2018 significaria mais três anos de recessão, empobrecimento e inflação. Significaria também contribuir para um processo crescente de desobediência civil. O cidadão já reclama que, mesmo com apoio popular, dentro das regras democráticas, com denúncias embasadas, o impeachment não avança.
Por tudo isso tenho trabalhado para derrubar o recesso parlamentar neste final de ano. Não há como explicar à população que, uma vez diagnosticado o mal maior, vamos interromper por um mês o tratamento recém iniciado. Isso é jogar contra, é prejudicar ainda mais a já combalida imagem do Congresso junto à opinião pública. Vou lutar para uma convocação extraordinária que dê condições para a comissão analisar o processo de impeachment com celeridade e que ainda em dezembro se conclua esse primeiro momento.
Aí sim, uma vez conhecido o seu parecer, que o povo possa acompanhar na Esplanada dos Ministérios, um a um, o voto aberto de cada deputado em plenário e depois o julgamento no Senado. De forma democrática o país vai tirar a crise do gabinete presidencial e vislumbrar um novo país, com as instituições ainda mais fortalecidas.