• Alex Pipkin, Phd
  • 03/08/2019
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DIALOGAR COM A DITADURA DA VERDADE: É POSSÍVEL?

 

Li dois artigos de colunistas de dois grandes jornais, um de Porto Alegre e outro de São Paulo. Agora fraternos intelectuais!

Chega ser hilário e faz extrapolar qualquer senso mínimo de tolerância. Mesma temática em ambos artigos: brasileiros estão cada vez mais egoístas e intolerantes com ideias e visões de seus semelhantes que expressam opiniões opostas. Até aí tudo bem. Porém, irônico é constatar que os mesmos articulistas, até poucas semanas atrás, continuavam a escrever palavras inseridas em discursos que justamente não admitiam quaisquer tipos de contrapontos.

Nada anormal para adoradores intransigentes da ideologia vermelha. Palavras com significados pervertidos a fim de justificar e falsear o real, a partir de suas "segundas realidades". Viva a inteligência e cultura intelectual! Como são eles brilhantes na retórica e estilo rebuscado, com seus costumeiros chavões e narrativas doutorescas, sequestrando a realidade! Impingem aos leitores suas mentiras apaixonadas, manifestando arrogância intelectual, ditadura de suas verdades e superioridade moral.

Agora desejam diálogo? Quem lê atentamente suas falácias narrativas, tantas vezes repetidas, percebe-os intolerantes a outras visões da realidade vivida, no entanto, tornam-nas uma "verdade" para seus camaradas e seguidores incautos.

Como Adam Smith apontou em "Teoria dos Sentimentos Morais", o comportamento humano é guiado por nossa interação imaginária com um "espectador imparcial", nosso árbitro interno. É esse "outro eu" que orienta-nos quanto àquilo que é moralmente certo ou errado. Funciona como se o sujeito saísse de si e enxergasse como seus atos são avaliados pelos outros. Até mesmo um eventual egoísmo e amor-próprio não deveriam resistir aos julgamentos morais realizados pelos olhos dos outros. Nosso senso moral é, sem dúvida, formatado e influenciado pela aprovação ou rejeição por parte dos outros.

O espectador imparcial é como se fosse a consciência, "acima" do comportamento, a indicar aquilo que é certo ou errado. Ah como é distinta da "liberdade" do tudo é permitido, em que cada um age de acordo com seus caprichos ideológicos!

O que impressiona em ambas retóricas coloradas, é a alusão à premência de diálogo e alteridade. Mas quem ainda desconhece que essa religião política tem lutado ditatorialmente pela edificação da sociedade utópica, em que os meios justificam os fins? Tais intelectuais explanam seus autoenganos sistemáticos com mentiras e ilusões alinhadas a segunda realidade, imaginária.

Poderíamos admitir até mesmo "distintas partes" da mesma verdade. No entanto, isso é muito diferente das falácias do discurso ideológico da perfeição humana. Basta analisar friamente a história da humanidade...

O que se percebe, é que o espectador imparcial pode não ser tão imparcial assim! Paixões ideológicas fazem com que interesses se sobreponham ao discernimento. Ideais ideológicos e bastardos entram em rotundo conflito com normas e "regras gerais" da moral de consensada "desordenadamente" na sociedade.

A religião política implica esse nefasto autoengano consciente, fraqueza fatal da humanidade. São deformidades daqueles que se utilizam de sofismas de bondade e igualdade para com a coletividade, que convencem seus seguidores de que a coisa errada é a certa!

Embora supostamente queiram diálogo, a própria ideologia professada é refratária ao contraditório. Não se trata de ser intolerante e avesso ao diálogo e ao contraditório. Como tais intelectuais sempre defenderam o indefensável, isso por si só incita a justa indignação pelo mal que tais palavras e comportamentos têm causado aos outros cidadãos brasileiros e à nação.

O viés ideológico pauta o discurso e comportamento de uma trupe que sempre buscou exclusivamente seu proveito próprio.

Compulsoriamente, creio que os cidadãos pensantes devem, cada vez mais, estar vigilantes e críticos para julgar com discernimento as palavras de conhecidos adoradores de ideologias que desejam condicionar o pensamento das pessoas sobre as mais variadas temáticas econômicas e sociais.

Quem não sabe que na batalha cultural permanente, especialmente empregada por meio da mídia e nas universidades, intelectuais se enganam conscientemente por meio de seus próprios sofismas e, desafortunadamente, continuam a ludibriar seus mais tolos seguidores?

Julgamento sim! Somente com judicioso julgamento é que a sociedade conseguirá "filtrar o certo", a fim de honrar pessoas que, de fato, merecem, em detrimento de farsantes que tornam o ambiente brasileiro cada vez menos civilizado.

Alex Pipkin, PhD