• Alex Pipkin, PhD
  • 03/07/2022
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Devaneios adolescentes latino-americanos


Alex Pipkin, PhD

Quem tem filhos, certamente sabe como funciona a adolescência.
Pai e mãe ensinam pela “janela aumentada”, mas a rebeldia e a vontade de fantasiar parecem não ter fim. Ademais, há sempre os “outros” do grupo que impingem comportamentos a serem seguidos.
Com uma visão maior de mundo e maturidade, as pessoas têm atitudes e comportamentos mais racionais, baseados na lógica da realidade, não necessariamente previsíveis.
É surpreendente que os países latino-americanos, tais como Argentina, Venezuela, agora Chile e Colômbia, e Brasil, entre outros, não tenham ultrapassado a mentalidade adolescente. Com efeito, pesaroso.
Na terra dos caudilhos, as populações em geral acreditam no inacreditável, fantasiando desejos irrealizáveis e, desafortunadamente, apreciando questões presentes que devastam concretamente um futuro melhor.
Existem razões ligadas à colonização, a formação cultural e às instituições extrativas que se formaram nesses países.
Os brasileiros, por exemplo, notadamente creem no salvador da pátria, e quase a metade da população vê o governo como responsável pelo atendimento de suas necessidades, ao invés de creditar seu desenvolvimento ao esforço individual.
Não resta dúvida de que um ensino de qualidade é fundamental para se reverter tal ótica utópica, não por meio do engodo de colocar mais gente para dentro de universidades que formam militantes em vez de profissionais qualificados.
Urge reestruturar o ensino nacional com a participação de especialistas de fato, de todas as correntes doutrinárias. Reproduzir aquilo que dá certo no mundo, também é um sinal de inteligência. Neste sentido, é preciso investir e exigir a certificação de professores, criar cursos nas áreas vocacionais, e fazer com que o governo financie determinadas escolas particulares.
Inevitavelmente, tem que ser cortado na raiz o domínio das “elites progressistas” nas decisões educacionais brasileiras.
Inclusão não deve ocorrer quantitativamente, necessita-se transformar e ocupar todos os espaços, principalmente, técnicos, propiciando melhorias efetivas em nível individual e para a nação.
Aliás, isso não é ideológico, é pragmático, basta ver os péssimos resultados do ensino “progressista”; o que dá errado tem que ser alterado!
O professor Eli Somer, da Universidade de Haifa, em Israel, nominou o transtorno mental de viver uma fantasia, de sonhar acordado, como devaneio excessivo.
Na verdade, o sonho coletivista, que se apossou das instituições brasileiras, logrou na prática, inclusive, transmutar o significado da palavra verdade, uma vez que aqueles que a afirmam factualmente hoje, são acusados de mentir por meio do multifacetado “discurso de ódio”. Os conceitos de liberdade, de direito e de justiça, desgraçadamente, vão nessa mesma linha.
Pois o devaneio próprio da adolescência tem exercido um protagonismo “mágico” na Venezuela, na Argentina, no Chile, na Colômbia, e pode se concretizar nefastamente no Brasil.
Como pode a contundente filosofia do fracasso, o coletivismo, ser profetizado e aceito - a narrativa e a promessa são sedutoras - mesmo quando os resultados de sua implementação são comprovadamente mortes, fome, miséria, pobreza e subdesenvolvimento?
Não tenho a resposta. Porém, isso também é decorrência de transtornos em nível individual, tais como o devaneio excessivo, e transtornos no âmbito coletivo, via o aparelhamento institucional e cultural por meio do pensamento coletivista.
Para a perversão da realidade se materializar foi preciso que embusteiros, politiqueiros, mídia e “intelectuais”, operassem intensamente na divisão da sociedade entre “nós e eles”, embaralhando palavras, políticas e ações, que fundamentadamente conduzem ao crescimento econômico e social.
Nessa era “progressista”, ou melhor, da pós-verdade, de autoritários disfarçados de democratas, tudo pode acontecer.
Lembrei de uma frase, atribuída a Joseph De Maistre: “Cada povo tem o governo que merece”.