Ozair José
Nota do editor do site: Este artigo, de 09 de Dezembro de 2008, me foi enviado por uma leitora e estou reproduzindo por considerar proveitosa e oportuna uma reflexão sobre as observações que ele contém.
Democracia é o sistema (regime) de organização social mais eficiente para se cultivar e se praticar a liberdade de ação e de expressão. A prática da liberdade estimula autocorreções que ajudam a acelerar o desenvolvimento de uma nação. No entanto, a democracia não é a mãe da liberdade; é apenas uma ferramenta que bem usada facilita a preservação do estado de liberdade.
Ao contrário do que muitos brasileiros pensam, a democracia não tem poder de evolução, ela tanto pode ajudar a prosperar como pode também ajudar a arruinar. Um povo sábio e bem informado usa a democracia para se livrar dos vigaristas e fazer prosperar o país. Mas um povo ingênuo e mal informado permite que os demagogos e os vigaristas controlem a democracia e destruam o país.
O real motivo de os Estados Unidos terem sido um dos países mais bem-sucedidos do século XX não estava fundamentado na sua democracia, mas, sim, no fato de ter sido, por longo tempo, uma nação de educação genuinamente cristã (a partir dos anos 1990, a educação e a cultura norte-americanas se vulgarizaram a tal ponto de não mais merecerem essa qualificação).
A democracia é, de fato, um bom instrumento de liberdade, mas não é o fator determinante. A Grécia, por exemplo, que é tida pela maioria dos historiadores como o berço da democracia, perdeu a liberdade várias vezes no último século, resultado de invasões, de guerras civis e de regimes militares: a mais recente, de 1967 a 1974. Uma situação pior que a brasileira e que demonstra que o simples fato de conhecer ou praticar democracia não garante a preservação do estado de liberdade. Portanto, precisamos considerar a democracia como um bom instrumento social, e não como a mãe de todas as soluções.
A ideia central da democracia é igualar o direito de opinião das diferentes classes sociais. Numa democracia desenvolvida, todos os cidadãos exerçam a mesma influência política independentemente de posição social. Na prática, o sistema democrático tem como objetivo evitar que o poder econômico domine o país e oprima os mais pobres. Uma realidade que as lideranças brasileiras não têm dado o devido enfoque.
Não podemos correr o risco de deixar a nação se afogar no caos e na desordem como já aconteceu no passado. É importante nos conscientizarmos de que o realmente útil e produtivo, numa democracia, é o livre direito de opinar e de fazer oposição (de criticar e de apontar erros), de construir e de atuar em defesa das causas maiores do povo.
* O autor, Ozair José, foi deputado estadual pelo PP de Goiás.