• Jorge Hernández Fonseca
  • 11/03/2019
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CUBA, VENEZUELA E SOCIALISMO DERROTADO

 

Se respira na América Latina um ar de liberdade, misturado com um forte cheiro de derrota do socialismo em suas duas manifestações mais nocivas: o socialismo do século XXI de Hugo Chávez e o socialismo castrista do século XX. Sucessivas vitórias da direita na Argentina, no Chile, no Peru, na Colômbia, no Equador e no Brasil constituem o pano de fundo do colapso na Venezuela, a quase rendição da Nicarágua e o desastre socioeconômico cubano.

Sabe-se que o castrismo tem sido a origem da fracassada ofensiva socializadora, que ao mesmo tempo conseguiu se instalar nos governos de muitas nações latino-americanas, com variados graus de submissão ao castrismo, sempre apoiada pelo dinheiro de Chávez. Hoje há muito pouco daquela era, derrotada em cada país pela própria ineficiência socialista em alguns casos, corrupção desenfreada em outro e malandragem política de esquerda no resto.

Na Cuba de Castro existe apenas uma caricatura, onde o rei está cada vez mais nu. O sucessor da dinastia dos irmãos Castro, Miguel Díaz Canel, cada vez é mais visto como o agente funerário do cadáver socialista, e não como um sucessor efetivo. Em um recente encontro com o setor gastronômico do estado, ele pediu aos administradores do estado que "copiassem os métodos dos restaurantes privados", admitindo sumariamente o fracasso dos padrões socialistas do Estado castrista.

É difícil para mim imaginar um Fidel Castro pedindo aos administradores do INIT de sua época que copiem os métodos dos restaurantes privados, como forma de serem eficientes em conformidade com a economia socialista. A admissão de Díaz Canel é um reflexo da profunda convicção subliminar de que somente a iniciativa privada é capaz de funcionar eficientemente.

A queda iminente de Maduro na Venezuela e o consequente colapso político e econômico que produzirá em Cuba acelerará a deterioração interna. Junta-se a isso a derrota ideológica mental dos novos líderes cubanos - como Diaz Canel - e a pressão exercida pela atual administração dos Estados Unidos. Temos aí o enquadramento adequado para um ponto de viragem definitiva na política interna de Cuba, que não pode mais continuar como hoje, com os caprichos do Raul, a herança de seu irmão Fidel, ou o eterno mandato do partido Comunista.

A posição da derrota virtual de Chavez-madurismo na Venezuela tem muitos componentes associados com a luta dos democratas venezuelanos no país, organizados em torno da oposição parlamentar democraticamente eleita, o que permitiu o apoio internacional, liderado pelos Estados Unidos. Dentro de Cuba não há nada semelhante; Não só nos falta um Parlamento eleito, como não há sequer uma única voz opositora a respaldar.

Não há dúvida de que a coalizão liderada pelos EUA que hoje rejeita Maduro, potencialmente também rejeita Diaz Canel. Além disso, sabe-se que o exército cubano sofreu uma grave deterioração em seu parque de armas, de modo que não representa um perigo militar para os EUA. No entanto, os americanos valorizam essa força para controlar os traficantes de drogas e não permitir uma séria desestabilização social dentro da ilha, o que os faz temer uma debandada de balseiros para a Flórida, medo permanente da administração americana. Tudo isto se articula para que, no caso de Cuba, os EUA venham a ter maior influência nas decisões internas com vista a uma transição para a democracia, mas é difícil prever qual o papel que irá desempenhar a oposição política cubana no potencial colapso do castrismo. Bem diferente do que se configura com clareza na Venezuela.
9 de março de 2019

*      Artigos deste autor podem ser encontrados em http://www.cubalibredigital.com

**   Original em espanhol, traduzido pelo editor do blog.

*** O autor é escritor e analista cubano exilado no Brasil.