• Roberto Rachewsky
  • 08/05/2016
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BÁRBAROS E CIDADÃOS

 

(Publicado originalmente em pontocritico.com. O autor é membro do grupo Pensar+)

Não existe zona de conforto num país conflagrado como o nosso, onde, de um lado, há bárbaros violentos tentando escravizar a população; e, do outro, há cidadãos indefesos e assustados com o seu presente e com o seu futuro.

Ninguém é dono da sua vida numa situação assim.
Onde há desrespeito aos direitos individuais como há no Brasil, fugir não é uma questão retórica, é uma questão existencial. Nunca fomos um exemplo de como uma nação deveria ser. Agora somos o exemplo de como uma nação não deve ser.

Nação é uma abstração figurativa que pode ser entendida pelo conjunto de instituições que prevalecem em um determinado território formado por um extenso grupo de pessoas que ali nasceram ou escolheram viver. As instituições que formam uma nação são, basicamente, a cultura predominante do povo e as regras de conduta normalmente aceitas para que os indivíduos, que formam aquele grupo, possam conviver entre si.

Não é preciso ser um sábio para saber que, aqui, o coletivismo e a violência caracterizam a nossa cultura e as nossas regras de conduta social. Não é preciso ser um gênio para entender que as condições para um desastre social vêm sendo lançadas há décadas e atingiram seu ponto máximo nos últimos 30 anos, a partir da mais recente constituição, ironicamente chamada de cidadã.

Fugir do Brasil hoje, significa fazer uma escolha singela: servir de escravo para os bárbaros que estão à nossa volta ou servir a si próprio sob condições mais éticas. Éticas no sentido real do conceito, aquele que diz que precisamos eleger valores para existirmos, para vivermos como seres humanos que somos.

A ética que eu acho correta diz que o valor mais importante para a nossa existência é a nossa própria vida, desenvolvida para prosperar com base na razão e na cooperação livre e espontânea com os demais. Se essa é a ética que escolhemos para nós, aqui no Brasil, onde considerando a cultura e o espírito das regras predominantes, estaremos em desacordo com o ambiente.

Por isso, como já disse, não há zona de conforto por aqui. Ou se luta para mudar a cultura e as regras instituídas ou devemos ir cuidar da nossa vida em outro lugar. O colapso dessa sociedade coletivista e violenta pode criar um renascer sob novas condições. Quem viver verá. Espero que alguns de nós viva para ver.