• José Henrique Westphalen
  • 22/05/2019
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A TRILOGIA SUJA DO SOCIALISMO (I)

Introdução

Os cachorros e os políticos sempre irão escolher o biscoito! Esses dias li um texto no site Nord Research, de uma amiga, a Dra Marize Schons, analisando a sabatina do Ministro Paulo Guedes no Senado, sobre o projeto da nova previdência. No texto, a professora enfatiza a vontade de Guedes em fazer um novo pacto federativo, retirando das mãos dos ministros a caneta, dando maior autonomia e poder aos municípios e legisladores.

Durante sua explanação, o Ministro é interrompido pelo Senador Lasier Martins, com a seguinte pergunta: “Quero que tu me diga com todas as letras: a Lei Kandir vai ou não vai acontecer?”

Na sua análise, Marize observa:

"Guedes quer dar a chave do cofre… enquanto o douto parlamentar está preocupado com o quanto vai receber de mesada. Alguém aponta para a Lua, uns olham para a Lua e outros olham para o dedo...

Eu consigo imaginar a frustração que é oferecer liberdade e autonomia para uma das casas mais poderosas do País e ter como respostas interesses nos velhos vícios - fundos públicos ineficientes, articulação orçamentária centralizadora que não atende logisticamente nossos 5570 municípios, planos que nunca saem do papel porque idealizam o impraticável."

Logo a seguir, ela escreve, o que para mim, é a melhor definição da mente esquerdista:

"A situação do Guedes é análoga a uma brincadeira que um aluno propôs, [...] cheguei para o Schutz, meu Chow Chow, e perguntei: “se você tivesse os meios para a própria emancipação, escolheria ser livre (estendi a mão esquerda) ou ganhar um biscoito (estendi a mão direita)?

Ele lambeu a mão direita.

Nossos senadores claramente também escolhem o biscoito, e isso não necessariamente nos impede de aprovarmos a Reforma, mas nos limita de conquistarmos esse “outro Brasil”."


O biscoito é a síntese do socialismo, o comportamento do parlamento o exemplo de como a mente esquerdista funciona. Para compreender como o socialismo atua nos tempos modernos, como o marxismo cultural se dissemina, é preciso entender algumas questões básicas, como o conceito de socialismo e como age e pensa a mente coletivista. Para a compreensão destes pontos, irei dividir o estudo em 3 partes, publicadas independentes, dando vida à “Trilogia Suja do Socialismo", sendo elas:

1. O que é socialismo
2. Capitalismo de laços
3. Jogos ocultos

Mas afinal, o que é socialismo?

Usarei a definição explicita na obra do Dr. Lyle H. Rossiter, A mente Esquerdista, para definir:

"O socialismo é tipicamente definido como um sistema de processos econômicos, sociais e políticos no qual se destaca o controle coletivo sobre a propriedade, o investimento e os meios de produção e distribuição. Por coletivo, se define um “governo centralizado” [….] Além disso, o estado socialista moderno tende a ser totalmente gerencial, tutelar e parental em suas políticas sociais. Numa sociedade fundamentada nos princípios coletivistas, o desenvolvimento da competência individual na população como um todo deve estar limitado para preservar uma relação dependente e submissa das pessoas para com o governo dominante."

Com essa dependência, ao invés de rezarmos para um poder maior, pedindo forças e orientação em nossas lutas pessoais, para servir os outros enquanto servimos a nós mesmo, nós imploramos aos nossos legisladores por um lugar no cocho político e esperamos que sejam generosos conosco.

A moralidade coletivista implica que você, o cidadão comum, não precisa fazer escolhas racionais que protejam seu sustento ou sua segurança, não precisa garantir sua saúde com plano médico, e não precisa pagar pela educação de seus filhos ou guardar dinheiro para quando for idoso, porque o governo fará tudo para você às custas de alguém.

A ascensão da agenda esquerdista transforma o Estado em uma fonte da qual se satisfaz os anseios do povo por formas de cuidado paternal. Como resposta aos políticos esquerdistas, as pessoas agora pedem a intervenção pública nos principais setores da vida: creches, educação pública escolar e pré-escolar, educação sexual, regulamentação de empregos, segurança ocupacional, qualidade e confiabilidade de produtos, ética no local de trabalho, regulação de moedas e bancos, regulação de alimentos e remédios, políticas de saúde, compensação por deficiências pessoais, segurança da aposentadoria etc.

Em resumo, o socialismo moderno não pode ser visto como reacionário ou revolucionário, mas sim, como um governo centralizado e paternalista, repleto de políticos agarrados ao biscoito. Este biscoito são as políticas públicas assistencialistas e coletivistas, que colocam o estado à frente das pessoas e o coletivo à frente da individualidade.

O projeto da nova previdência, com capitalização individual busca romper parte desse sistema. O fim de benefícios e prebendas estatais abusivas, outra parte. Contudo, assim como o Schutz, os parlamentares preferem lamber a mão do biscoito à enfrentar de vez os problemas do país.

No próximo texto, irei falar sobre o capitalismo de laços, sobre as razões da esquerda idolatrar ícones comunistas, mas não dispensar umas férias na Disney, devidamente registradas com seus Iphone.


* José Henrique Westphalen, cientista político e mestre em comunicação.