Alex Pipin, PhD
S?omos seres sociais; necessitamos e vivemos uns com os outros.
A pandemia - na verdade, as decisões de burocratas que não arcam com as consequências dessas mesmas decisões - trancafiou-nos em casa por um longo período, e em algumas situações, continua nos mantendo isolados uns dos outros.
Embora alardeado aos quatro cantos que o isolamento social refere-se a preocupação com o outro, o resultado pragmático tem sido a devastação da dignidade de todos. Não é preciso ir muito longe para constatar o brutal desemprego, o aumento das doenças psicossomáticas, o crescimento do consumo de álcool, o aumento do número de separações entre casais, enfim, lamentável.
Aparenta-me emblemático, apesar de ser acessório para muitos, a perda e a acomodação das pessoas em relação às liberdades individuais.
Porém, pasmem, sem pandemia e sem isolamento social, o pior parece que ainda está por vir.
Evidentemente, a Covid-19 atiçou mentes, corações, bílis e, sobretudo, gargantas para entoarem o grito contra o “capitalismo selvagem”, suposto gerador das aludidas desigualdades sociais.
Muito raramente surgem momentos tão propícios como o que aí está para a evocação da necessidade do avanço dos tentáculos estatais sobre nossas vidas.
Como todos adoradores da pregação do coletivismo, quer se mostrar agora que só o “Deus Sol” chamado Estado é capaz de dar-nos aquilo de que necessitamos; urge o salvador da pátria a fim de resgatar seus servos.
Entretanto, quem vê e enxerga, sabe que as políticas coletivizantes já vêm sendo gestadas e implementadas faz tempo; essas estão entranhadas em praticamente todas às instituições nacionais e, neste momento, alcançaram seu último degrau no seio empresarial, com o “bondoso” capitalismo das partes interessadas.
Com à verve, a propaganda e as iniciativas coletivizantes, muito mais do que isolar indivíduos e ceifar suas dignidades, cria-se a já conhecida pandemia da inveja, do ódio e da raiva daqueles que, com esforço próprio, mentalidade empreendedora, ambição e ação e assunção de riscos, investem e trabalham para progredir econômica e socialmente.
Vive-se num espaço social que despreza o sucesso do outro, e que trabalha para igualar todos - ou quase todos - numa pior condição.
Esta sociedade que rejeita as virtudes do progresso individual e enaltece os vícios da pobreza e do vitimismo, tem como destino certo o fracasso econômico e social.
O vício da inveja coloca pessoas contra pessoas, e cega para a realidade objetiva de que o sucesso de uns pavimenta o caminho para a conquista de todos, seja em nível de empregos, de renda, de alternativas e de soluções de produtos e de serviços para o consumo e da felicidade.
Coletivistas raivosos não só intencionalmente prejudicam os outros; eles vivem uma vida infeliz na inveja e no ressentimento, e acabam perdendo a responsabilidade, o valor individual, recostando na enganadora e ultrajante dependência social.
Eu me questiono: que vida se leva quando inexistentes desafios e estímulos para se buscar e se lograr algo melhor para si próprio (o que é diferente para cada cidadão)? Vida? Dignidade? Espírito?
A economia não é um jogo de soma zero, em que para que uns ganhem, outros têm que perder.
A progressão e o aumento da riqueza de alguns indivíduos, não diminui a capacidade de outros de aumentarem sua própria riqueza.
Eu desconheço aonde vamos parar, embora minha desconfiança seja certeira.
Somente com mais liberdade individual e econômica, com menos intervenção do “todo poderoso” Estado, com menos coletivização e mais políticas públicas científicas e comprovadas, é que se alcançará elevar o nível de vida e de prosperidade de todos.
O coletivismo empurra todos para baixo, gerando uma guerra de todos contra todos, exacerbando a inveja, o ódio, e o fracasso econômico e social de uma sociedade inteira.