A Casa Verde BrasilO Brasil finalmente conseguiu, tornou-se uma enorme Casa Verde, manicômio descrito no romance o Alienista de Machado de Assis, onde a insanidade coletiva tomou conta daquilo que era considerado até então como normalidade .
A vaca está indo para o brejo, o Titanic se aproximando do iceberg,o primeiro clarão do fogo que está crepitando próximo ao depósito de hélio do Dirigível Hidenburg e nossos líderes clamando por serenidade.
Quase um milhão de brasileiros mortos de forma violenta (homicídios e latrocínios) em pouco mais de uma década, mais de 130 mulheres estupradas todos os dias, 3 roubos por minuto e a mídia pedindo paz ao som de imagine e o bater de asas de pombinhas brancas.
Criminosos fortemente armados, ostentando e usando armas próprias para guerra, mesmo para assaltar “pés-sujos” , e os nossos intelectuais bradando pelo sucesso do estatuto do desarmamento.
Apenados que deveriam estar presos, cumprindo penas privativas de liberdade de forma fictícia, no mais das vezes em suas próprias casas, cometendo os crimes que sempre cometeram e os nossos “especialistas em segurança Pública “ dizendo que desencarceramento é a solução para o problema da criminalidade .
Os criminosos cada vez mais violentos, praticando todo o tipo de atrocidade contra a população indefesa, subjugando enormes porções do território nacional e nossos doutos apontando como saída para o problema a humanização e a desmilitarização das polícias.
Os traficantes ampliando o seu poder econômico e bélico, entrando em guerra com os seus rivais e o Estado, diversificando o espectro de seus negócios e os arautos do livre mercado pregando a liberação das drogas como a salvação da lavoura.
O caos batendo a nossa porta, uma verdadeira guerra civil se instalando no seio da nação e a sociedade negando que o Armagedom está se aproximando .
Diante de tudo isso, reiteradas vezes me pergunto: quando todos aqueles que negam a sangrenta realidade em que vivemos, em um futuro incerto com ela vierem a se deparar, tornando-se, de números abstratos, em concretos dados a espera de inserção nas estatísticas, será que continuarão defendendo este universo de platitudes e lugares-comuns?
Realmente não sei, mas cansei de tanta dor e sofrimento que tenho presenciado.
Espero, sinceramente, que os arautos do absurdo jamais sofram a dor da perda de um ente querido por conta da criminalidade e que mudem de ponto de vista enquanto ainda é tempo.
Até lá, resta apenas me trancafiar dentro da minha própria Casa Verde, rezar pela minha segurança e daqueles que eu amo, rogando ao Criador para não ingressar no quadro das estatísticas oficiais.
E que Deus tenha piedade de nós.
* Publicado originalmente no Facebook do autor.
** Fabio Costa Pereira é procurador de Justiça no MP/RS.