Percival Puggina
Para o presidente do TSE, na comunicação social de seu reino particular, as coisas se dividem assim: há uma “imprensa tradicional” e há as tais redes sociais com suas mídias digitais. A primeira, à qual tudo será permitido porque concorre para o mesmo fim, lhe rende aplausos de fazer ventania na consciência; quando não, o mais silencioso servilismo. Às demais corresponde o espaço da maldita e execrável liberdade de opinião, sobre a qual, desde cedo, fiscalização dura e porrete penal anteciparam o que estava por vir. E veio.
Veio sob forma de reduções drásticas nos compartilhamentos, censuras prévias, desmonetizações, lugar vitalício nos prepósteros inquéritos do fim do mundo e multas de arrepiar couro de jacaré. Anteontem, registrei a imposição de silêncio a Paulo Figueiredo. Não sabia, porém, que dois amigos pessoais haviam sido atingidos pelo mesmo senhor dos raios e trovões no Olimpo brasiliense.
Rodrigo Constantino e Fernando Conrado são dois competentes e influentes comunicadores, com justificado destaque nos pequenos, mas preciosos, espaços de divergência ainda disponibilizados pela Jovem Pan. Silenciá-los nas redes sociais é uma terrível amostra do porvir.
Eu não quero viver no Brasil que tornaria menos iracundo o senhor Alexandre de Moraes!
Será escabroso o percurso da oposição! O pseudo jornalismo que encanta o ministro tem todo o direito de fazer o que bem entender. Pode pegar a verdade e contorcê-la ou passar no picador de papéis. Pode selecionar o que relatar e o que ocultar. O que comentar e o que não comentar. Liberdade é para isso também. Só quero que, por mera equidade, idêntico direito seja concedido ao jornalismo digital. Este, por algum motivo ignoto, foi sugado para a alçada do censor mor da república.
Fica aqui meu abraço solidário às três vítimas de anteontem – os notáveis Paulo Figueiredo, Rodrigo Constantino e Fernando Conrado. Terão lugar de honra no Panteão destes tristes dias!