• Percival Puggina
  • 15/03/2022
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VOTO POPULAR - IMPEACHMENT DADO PELA CIDADANIA

 

Percival Puggina

 

         Tudo bem, já vivemos períodos melhores, já tivemos políticos melhores e o século XXI está marcado pela má qualidade média de nossas representações parlamentares. Mas a Câmara Alta da República, o Senado Federal, façam-me o favor...! A Casa dos mais experientes virou abrigo dos mais espertos e dos conchavos. 

São duras estas palavras? São, mas não há lugar para palavras macias em minha opinião. Aliás, se um dia eu quisesse ouvir conversa mole e desistir do Brasil, assistiria a TV Senado.

Desde 2003, nossos senadores escolheram em sequência, os seguintes presidentes para representá-los e dirigi-los: José Sarney, Renan Calheiros (duas vezes), Garibaldi Alves Filho, José Sarney (mais duas vezes), Renan Calheiros (mais duas vezes), Eunício Oliveira, Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco.

Desculpem senhores senadores, mas algo assim não acontece por acaso. Essa lista fornece o roteiro de uma tragédia moral. Estão aí as pegadas coletivas. Elas não abrem uma trilha, proporcionam, isto sim, uma avenida para irmos até a necessária conclusão: nem os senhores senadores se levam a sério. 

O Brasil poderia ter um número maior de petistas, comunistas e consectários. Poderia conviver com mais universidades a serviço de si mesmas e de estapafúrdias ideologias. Poderia ter ainda maior corporativismo, mais bandidolatria, mais ativismo judicial, mais impunidade. Poderia. E mesmo assim, haveria esperança, se tivéssemos um Senado que fizesse por merecer o apreço da sociedade. Estaria cumprindo seu dever perante a nação. Ali, a política faria soar o clarim das mudanças, dos princípios, dos valores, do amor ao Brasil e seu povo.

No entanto, acantonados na longevidade de seus mandatos, exceção feita a escassas e honrosas exceções, nossos senadores vivem como se não houvesse amanhã. Abastecem-se na democracia, mas rejeitam os anseios nacionais. Fortalecem-se no poder da própria instituição, mas conspiram para fazer dela seu paraíso privado. Nunca a “busca da felicidade”, enfatizada por Thomas Jefferson, esteve tão bem saciada, quanto no Senado Federal brasileiro.

Na última sexta-feira, 9 de março, o senador Rodrigo Pacheco, o omisso, tomou a iniciativa de criar uma comissão para propor uma nova lei de impeachment. Logo ele, que está sentado sobre todos os processos de impeachment entregues à Casa resolve exibir interesse por tão relevante tema! E adota uma providência cujo efeito natural é sustar todas as denúncias existentes posto que o Senado produzirá nova lei para regulamentar a questão. Reina a paz nos cemitérios da democracia.

A tal comissão tem 11 membros, cinco ligados ao Poder Judiciário, cinco juristas ou advogados e o ex-senador Antônio Anastasia, hoje ministro do TCU. A juristocracia vive dias de glória e esplendor. Quem dentre os 11 tem independência absoluta, entende o sentimento nacional e conhece o clamor popular?

Não bastasse isso, o presidente da comissão, escolhido a dedo pelo omisso senador Pacheco, atende pelo nome de Ricardo Lewandowski. Sim, ele mesmo, o ministro do STF que fatiou a pena da ex-presidente Dilma, preservando-lhe os direitos políticos. Alguém acredita que essa comissão vai propor algo para favorecer a instauração de impeachment contra membros de poder?

Bem, o voto popular não deixa de ser uma forma tardia de impeachment. Tudo contribui para tornar ainda mais relevante a eleição de outubro. Cabe à nação ser, nas urnas, o que seus representantes não têm sido nos espaços de poder. 

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


Silvio De Aguiar pivetta -   16/03/2022 12:20:39

Cobrar 0,01% sobre todos os bens adquiridos acima do teto do IRPF/IRPJ, SERIA ACIMA DE 30 MIL... ACABOU OS LARANJAS... E este bando de ladrão, e o cartório ou tabelionato que não recolher perde a concessão, pois qualquer documentinho que falta eles não fazem a transferência ... Terão que adquirir tudo no exterior ou terão que explicar de onde saiu a grana

Omar Sales -   15/03/2022 23:10:30

Eis a conspiração tomando corpo! Uma comissão para propor uma nova Lei de Impeachment presidida por Ricardo Lewandowski??? Cuja qualidade mais relevante demonstrada e que lhe valeu a indicação ao Supremo foi a de ser vizinho e almoçar com Lula em São Bernardo do Campo??? Não pode sair nada de bom para o país de uma iniciativa como essa!

carlos edison domingues -   15/03/2022 19:40:01

PUGGINA Com a leitura do libelo, muito bem detalhado, que escreveste, minha memória conduziu-me a um passado distante, quando Armando Câmara foi eleito Senador e Mem de Sá Suplente .Naquela época o Vice-Presidente da República era, simultaneamente, Presidente do Senado Federal, portanto João Goulart era o titular na chefia do Senado. Armando Câmara, titular da cadeira de Filosofia do Direito na UFRGS, conhecia as limitações culturais do aluno João Goulart. Sei que, considerando a fragilidade do Senado Federal, sob o comando daquele Presidente da Casa, Armando Câmara renunciou o mandato e o Mem de Sá passou a substitui-lo. Nossa representação no Senado sempre nos orgulhou. Carlos Edison Domingues

Jorge Coelho -   15/03/2022 18:37:56

Sentados estes párias continuarão a nos vilipendiar !

Menelau Santos -   15/03/2022 17:37:00

TEXTO BRILHANTE! O mesmos ministros do nosso STF estão também no TSE e agora no Congresso. Passou da fase do câncer. Esse STF podre já virou metástase.

João Jesuino Demilio -   15/03/2022 11:28:14

Porque Senado e Câmara? Senado só funciona em FEDERAÇÃO, coisa que NUNCA FOMOS!Porque não um sistema unicameral com representatividade EFETIVA proporcional ao número de habitantes de cada estado? Sonho com um país com voto DISTRITAL PURO com poder revogatório ou recall, cláusula de barreira de 10% dos votos válidos, financiamento PRIVADO de campanha limitado a um ÚNICO político.

RONALDO TENÓRIO -   15/03/2022 11:19:10

Infelizmente a nossa democracia está capenga, não há harmonia entre os poderes. Junte-se a isto o eleitor desinformado ou cara de pau, que prefere a volta do condenado de nove dedos e de parlamentares e senadores comprovadamente corruptos do que inteirar-se da realidade. Estamos num beco sem saída se continuarmos assim.

Edna Perez -   15/03/2022 10:59:22

Nossas catástrofes originam-se nos poderes legislativo e judiciário há provas contundentes disso. Eleição para quê? O povo não tem representantes nessas casas. Os possíveis são engolidos pelos jacobinos.

RAYMUNDO Torres -   15/03/2022 09:30:03

Atualmente, voto popular só tem a finalidade comprovar a obrigação do eleitor, pois a escolha será do aplicativo...

Luis Cláudio -   15/03/2022 09:21:25

Obrigado por nos manter informados.

Clóvis Santhari -   15/03/2022 09:06:20

Este atual senado dirigido por um cara como Rodrigo Pacheco não representa a vontade popular,um ministro com este atual Lewandowski que fatiou um impcham da eis présidente Dilma permitindo ela se candidatar este ser desprezível não pode ser um ministro de uma tão alta corte,nos inoja este ser desprezível,ele não obteve votos para criar leis, portanto não representa o Brasil,só faz destruir a nossa democracia,chega de tanta bagunça que estão fazendo com o Brasil.

Odecio Rodrigues Gonçalves -   15/03/2022 08:55:44

Nas Canárias e Tonga tem vulcões e em terras tupiniquins temos congresso e judiciário