• Percival Puggina
  • 01/12/2014
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VOTO DE CONFIANÇA? EM DILMA?

                               "Não creio que seja hora de torcer contra nem de ficar cobrando pelo que foi dito em campanha". Economista Roberto Teixeira da Costa, em artigo publicado no jornal "O Globo" deste domingo,  30/11.

 

 O texto em questão leva um título bem alinhadinho e elegantemente palaciano: "Voto de confiança". O quê? Voto de confiança? Quer dizer que não se deve cometer a leviandade de cobrar o que foi dito em campanha? Ora, leitor, isso me parece moral com agendamento, com data de vigência, segundo calendário eleitoral. A propósito: calendário eleitoral tem foto de mulher pelada, como folhinha de borracharia? Quer dizer que a presidente pode se eleger dizendo uma coisa até o dia 26 de outubro e fazer o oposto a partir do dia 27? E quem apontar a desonestidade de tal conduta torce contra o país?

O autor do referido artigo crê que a presidente deve receber um voto de confiança. Quanta infelicidade em apenas três palavras! Tenho certeza de que ele não daria esse voto de confiança para fazer dela gerente de seus próprios negócios. Aliás, pergunto: qual grande empresário, desses que despejaram quase R$ 400 milhões na campanha da candidata Dilma Rousseff, cometeria o desatino de admiti-la como executiva, mesmo em escalões inferiores de suas empresas? Os motivos para não o fazerem são tão evidentes que dispensam análise minuciosa, seja de currículo, seja de desempenho, seja - para usar a palavra do texto em análise - de confiança. Mas para presidir a República e gerir os recursos dos pagadores de impostos, ela lhes convém.

Convém, sim, claro. E merece "voto de confiança". Mesmo que tenha chantageado os miseráveis espalhando, de inúmeras maneiras, que o Bolsa Família seria extinto se fosse eleito seu adversário. Logo o seu adversário, que propôs a transformação do referido benefício em programa de Estado e não contou, para esse fim, com o apoio dela e de seu partido, exatamente porque perderiam a capacidade de chantagear a miséria nacional. Esse fato torna evidente a grande verdade de 2014: não são os pobres que precisam do PT, mas é o PT que precisa dos pobres em estado de pobreza. Para quem não se deu conta, essa é a nova relação de causa e efeito da miséria no Brasil.

O texto que comento aqui afronta o bom senso e os mais elementares princípios morais. Não se pode dar voto de confiança a quem mentiu e mente tanto, e há tanto tempo, que não pode mais distinguir verdade de mentira. Dilma ocultou dados, dissimulou estatísticas, iludiu o mercado e o eleitorado. Criou a contabilidade criativa. Na contramão, injuriou seus adversários acusando-os de intenções tão malévolas quanto a de entregar a área financeira do governo a bons economistas do odioso "mercado". E o pior é que, de tanto mentir, de tanto conviver e comandar partidos com raízes cravadas no submundo da corrupção, acabou por corromper milhões de brasileiros que já não se importam de ser guiados por ladrões. Contanto que também levem seu quinhão.

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* Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 


Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   04/12/2014 12:17:18

Quem assistiu à sessão de ontem do Congresso, pode conferir o tamanho da covardia e da mediocridade política de inúmeros parlamentares ditos de "direita", que simplesmente se calaram diante daquela avalanche de cinismo e arrogância dos governistas. Tamanha insensatez está fundamentada no fisiologismo, que atualmente impera entre os congressistas que deveriam nos representar. Tudo em nome de cargos no desgoverno petista, e das famigeradas emendas parlamentares, que asseguram as mesquinhas campanhas paroquias. Como bem defende o Professor Puggina, somente uma profunda reforma política e institucional será capaz de criar condições para a formação de uma verdadeira consciência, em uma nova geração de políticos, comprometidos, de fato, com a democracia e os verdadeiros interesses nacionais.

REBERT -   03/12/2014 15:43:19

COMO DAR VOTO DE CONFIANÇA A UMA PRESIDENTE QUE QUER APAGAR A LEI DE DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS ? É A INSTITUCIONALIZAÇÃO DA ILEGALIDADE POIS ELA COMETEU O CRIME DE RESPONSABILIDADE E QUER APAGAR OS RASTROS DO FATO CRIMINOSO. UM GOVERNO QUE AGE DE FORMA CHAVISTA EXPULSANDO O POVO DE SUA CASA. ESTAMOS NO LIMITE DO POVO PARTIR PARA O CONGRESSO E ACABAR COM AQUI EM FOGO. QUAL GOVERNADOR AGORA VAI QUERER OBEDECER A LDO ? NÃO HAVERÁ MAIS SEGURANÇA JURÍDICA NO BRASIL QUE AO MEU VER JÁ NÃO HÁ NO STF COM O APARELHAMENTO PETISTA. ESTOU ENVERGONHADO, TRISTE DE DEIXAR UM BRASIL PIOR BEM PIOR PARA MEUS FILHOS E NETOS.

Carlos Cesar Cunha -   02/12/2014 16:59:45

Voto de Confiança para Corrupção? Esses PTralhas são invencíveis quando se trata de gatunagem.

André Carvalho -   02/12/2014 03:22:31

A presidenta deve contar com a confiança daqueles que a elegeram. Quanto aos demais, oposição legítima. Ou será que oposição no Brasil só vale quando é a do PT? Se o PT depende tanto assim dos miseráveis, por que tantas pessoas - dando-se crédito aos números do governo - deixaram a pobreza desde que ele assumiu o poder? Agindo assim, estaria dando um tiro no próprio pé.

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   01/12/2014 20:54:31

Diante deste estado de coisas, tem gente que ainda insiste em ver legitimidade nesse perverso projeto de poder que aí está. Na crônica de hoje, um advogado que há muitos anos escreve para uma rádio local, levantou a possibilidade e, acreditem, a necessidade da decretação de Estado de Sítio pela "presidenta", a fim de conter a onda de "agitação" que ameaça irromper no país, instigada (segundo ele ) pelo cantor Lobão. É por causa de afrontas como esta que defendo, cada vez mais, ações bem planejadas e articuladas, que possibilitem às pessoas de um modo geral, terem o mínimo de consciência necessária do que realmente está sendo feito com o nosso país. Espaços de reflexão e debate como este blog, por exemplo, podem suscitar ações práticas, imbuídas de espírito democrático, que promovam, com eficiência, o necessário enfrentamento desta lamentável situação em todas as frentes possíveis.

Minéia Weis -   01/12/2014 19:52:42

É de uma repúdia contida que os cidadãos de bem tentam absorver esse circo que se tornou nosso país, é reconfortante ler seus artigos e saber que o pensamento e ação de indignação são compartilhados. Obrigada Puggina.

Jotabe -   01/12/2014 19:03:02

No primeiro mandato, Dilma já teve um voto de confiança. Foi-lhe dado um cheque em branco, tendo Luiz Ignácio como fiador. Deu no que deu. Errar uma vez é humano . O Brasil vermelho caiu na burrice e reiterou o engano. Se for questão curricular para que algum dos empresários doadores de sua campanha a contrate, terá peso relevante o fato de que ela não geriu uma lojinha de R$ 1,99. Ditado antigo, quem nasce para dez reis não chega a um tostão.

CLÓVIS A -   01/12/2014 17:16:55

Parabés Puggina. Quiçá, num futuro próximo, possamos ter mais colunistas com a clarividência do articulista, que possam ter acesso aos grandes grupos de (tele)comunicações, com o intuito de destruir de vez esta falácia petista de que tudo vai bem. Não vai. E todos nós estamos pagando a conta. Que não é pequena, diga-se.

Leonardo -   01/12/2014 03:52:33

Puggina, gosto muito do seu artigos mas fale algo sobre esses aumentos dos salários dos deputados federais e "aposentadoria especial" daqui. Um tapa na cara do cidadão! O que você acha ?

Marcia de Oliveira Dias -   01/12/2014 01:13:01

Dar voto de confiança em quem não mercê é o mesmo que colocar um revolver na mão de um bandido e pedir que ele saia atirando...... **NÃO CONFIO NA PRESIDENTE DILMA** e tampouco no ""PT"".

Pereira -   01/12/2014 01:06:51

Perfeito!!