• Percival Puggina
  • 08/07/2016
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UNIRAM-SE OS INIMIGOS DA LAVA JATO. E NÓS?



 Cheguei a crer que fosse inviável parar a Lava Jato. Hoje, essa certeza arrefeceu. Ainda que não seja possível retirar do juiz Sérgio Moro e dos promotores da força-tarefa as garantias constitucionais que lhes asseguram a autonomia para agir, existem maneiras de lhes suprimir os meios de ação e, até mesmo, de os neutralizar. A despeito da respeitável determinação da turma de Curitiba e do irrestrito apoio do povo, essas artimanhas estão sendo exibidas diante dos nossos olhos.

A Lava Jato suscitou contra si o mais poderoso grupo de inimigos que já se formou no Brasil. Para combatê-la, uniram-se parceiros tradicionais e inimigos tradicionais, instalados em elevadíssimos andares no edifício do poder. Estão fisicamente dispersos, mas se articulam e operam, como bem se sabe, em todos os poderes e instituições da república. A força tarefa tem contra si numerosa bancada no Congresso Nacional, muitos dos melhores advogados do país, bem como negociadores e articuladores políticos de competência comprovada. Esse conjunto de antagonistas dispõe, ao alcance da mão, de todos os meios financeiros e materiais que possam ser requeridos pela tarefa de a estancar. E note-se: estou me referindo somente aos figurões que hoje medem diariamente a distância que os separa da porta da cadeia, seja porque lá já estão, seja porque é para lá que receiam ser levados. A estes se acresce, ainda, um conjunto de forças figurantes. É formado por quantos dependem do grupo principal e têm grande interesse em que malefício algum aconteça a seus maiores. A onda de choque de cada sentença e de cada prisão também causa dano sobre esse numeroso grupo que hoje enfrenta a interrupção de seus fluxos de caixa. Aliás, se fosse possível uni-los numa legenda, por exemplo, formariam talvez a mais influente agremiação do país.

É o exército da máfia. Legião de brasileiros que acorda, diariamente, com olhos e ouvidos postos nos movimentos da Polícia Federal, face mais imediatamente visível das operações já criadas ou ainda por ser instaladas e pensa, em harmonia com o andar de cima: isso tem que parar.

Há mais, leitor. Os inimigos da Lava Jato dispõem, em seu favor, de uma legislação protecionista, garantista, que faz do foro privilegiado e do sigilo sucedâneos legais da omertà, a lei do silêncio da máfia no sul da Itália.

Pois bem, se essas forças estão se articulando e, visivelmente, começam a agir nos processos, nos projetos e composições de poder, chegou a hora de os cidadãos retornarem às ruas, conforme está programado para acontecer no próximo dia 31. Os últimos meses tornaram evidente que o impeachment é irreversível. O governo Dilma acabou. Ótimo. Revelou-se com nitidez, porém, um inimigo que está além dos jogos de guerra entre governo e oposição. Refiro-me à criminalidade atuante nas instituições nacionais.

Por causa dela e contra ela, é necessário que no dia 31 de julho, aos milhões, voltemos novamente às ruas, em ordem e com entusiasmo cívico. É hora de exigirmos o fim do foro privilegiado, de cobrarmos a aprovação sem delongas das medidas do MPF contra a corrupção e de levarmos à Lava Jato mais do que nosso apoio. Faremos ver a seus inimigos que a nação os conhece e rejeita. Com determinação e esperança, unidos, daremos à Lava Jato nossa voz, nosso ânimo e a expressão de nosso amor ao Brasil.

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.



 

 


Roberto Hoffmann -   14/07/2016 00:26:19

Falaste bem Sr. Puggina. Não podemos baixar a guarda.

arbogast -   11/07/2016 17:07:13

Louvável a incitação para que nos mechamos para acabar com alguns artigos da Constituição Federal, essa que em seu artigo V, diz que todos são iguais, desmentidos pelo Art 53.

Renato Barreto Mayr -   10/07/2016 22:38:56

Com certeza estarei passeando pela Av Atlântica no dia 31/07 Vou gritar para os comunistóides ladrões saírem... Pau Neles!!!!

maria-maria -   09/07/2016 20:58:38

Concordo que devemos estar alerta contra as chicanas que os poderosos cometem, amparados nas fortunas que roubaram do erário, nas frouxas leis que só condenam o grupo PPP, mas, sobretudo, num tribunal superior de farsantes, garantia legalista de safar da cadeia os ladravazes a$$inalados. O efêmero - felizmente! - sinistro da injustiça da Afastada, Aragão , o cheirador, foi explícito na intenção de destruir a Lava Jato e deixou a todos de sobreaviso. O atual, cria do tucanato - quem diria? - silenciosa, covarde e cinicamente faz uma desnecessária visita a Curitiba, com a publicada intenção de reforçar a operação moralizadora e, por mera coincidência, o subordinado a ele, daielo, desbarata, cretinamente, a única instituição que merece o respeito dos que querem um país sem a presença maciça de quadrilheiros, sugando-lhes a saúde, a educação, a segurança

Edison França Vieira -   09/07/2016 17:37:54

Mestre Percival ! Sei perfeitamente o que percebes !? A mim , o que assistimos hoje, é um jogo de cena; tipo : " me engana que eu gosto ", dos mandatários com o povo ! Nenhum deles pode atirar a primeira pedra, são todos envolvidos e culpados por consequência ! A seguir o andar desta carruagem a lava jato não prosperará ! É tudo muito claro ! À nós, povo, e ao nosso amado Brasil, só há uma saída, que a PF nos chame todos para rua ! Gde abraço (TFA).

Marcos TC -   09/07/2016 16:45:08

Estou contigo nessa empreitada. Não nos deixemos continuar como vassalos desses inimigos da pátria.

Japi -   09/07/2016 16:44:58

Se nos dermos ao trabalho de explicar para algumas pessoas que conhecemos, as quais infelizmente por diversos motivos não tem noção dessa terrível e escabrosa realidade, que elas precisam participar ativamente no dia 31 de julho, com certeza seremos muitos milhões de pessoas do bem a defender um futuro melhor para o Brasil. É um trabalho de formiguinha, mas que funciona bem.

Fernando Luiz Brauner -   09/07/2016 14:52:52

CIENTE DA PREOCUPAÇÃO QUE O ENVOLVE... POR CONSEQUÊNCIA, Á MIM SOBRETUDO... PERGUNTO-LHE: " 31 NÃO SERÁ UM INTERVALO PERMISSÍVEL E EXCESSIVO À QUEM TRAMA, MINIMIZAR AÇÕES CONTRA O LAVA-JATO?... PENSO EM BERRAR, EM TODOS OS CANTOS... E PROPOR ANTECIPAÇÃO DO DIA APRAZADO! ENTRETANTO, " UMA MODESTA ANDORINHO, DE PERMEIO Á GAVIÕES!!!" Abração do amigo FERNANDO LUIZ

Juan Koffler -   09/07/2016 14:34:55

Preclaro amigo Puggina: Sua formulação a respeito da Lava-Jato é irretocável, como de costume. Todavia, permito-me discordar num crítico ponto: os movimentos de rua, a exemplo do que está sendo organizado para o próximo dia 31. A meu ver e em sintonia com o andar da carruagem, tais movimentos não mais possuem a força que lhes é atribuída, visto já terem sido "assimilados" pela política criminosa e, como tal, desprezados ou menosprezados. Perderam, em suma, o fôlego que os mantinha acesso. Como já tenho me expressado em debates restritos aos círculos militares, esse momento dos movimentos sociais já caducou. Nossa sociedade não possui a necessária força para fazer valer seu grito de socorro. Foi suficientemente deglutida e amordaçada. Insisto num ponto: a hora é de rebeldia ostensiva, de insubordinação civil, de contra-ataque, bem ao estilo do surrado chavão: "quem com ferro fere, com ferro será ferido". Perdoe-me o extremismo, amigo, mas tenho suficiente experiência nestes episódios conflituais, a ponto de poder afirmar convicto: a hora é de revolta social, de insubordinação (repito), com o apoio maciço das nossas FFAA. A política brasileira deve ser passada a limpo e, para tanto, deve sofrer uma desconstrução para, então, ser integralmente reconstruída em novas bases. Forte abraço!

Genaro Faria -   09/07/2016 03:02:38

O foro privilegiado é uma excrescência numa república que se queira demcrática. É um tribunal de exceção pelo avesso, onde os acusados não são pessoas comuns, mas agentes do Estado que teriam violado a confiança implícita dos eleitores e dos cargos cujas funções públicas exercem. E isso nada tem a ver com uma corte constitucional. É o que se constata com a simples leitura das estatísticas do STF, entulho autoritário criado pelo constituinte de 88. O assalto aos cofres públicos não foi perpetrado por mera e torpe corrupção, o que já seria gravíssimo. O foi no intuito de instalar uma quadrilho no poder indefinidamente. Um crime de lesa pátria que tem sido julgado com benevolência, pois que seu pérfido objetivo não tem sido entendido pela nossa gente.