• Percival Puggina
  • 25/02/2018
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UMA TRÉGUA À HIPOCRISIA, POR FAVOR!

 

Existem correntes políticas e jurídicas sem qualquer entusiasmo para combater a criminalidade. Precisam dela para “justificação” de malsucedidas teses sócio-políticas e econômicas. Parte importante de sua tarefa, aliás, consiste em convencer as pessoas de que a criminalidade é subproduto da desigualdade social. E sabem que quem acreditar nisso estará assumindo, também, que basta implantar o socialismo para a harmonia e a paz reinarem entre os homens. Sim, sim, claro...

Num dos primeiros atos da intervenção das Forças Armadas no Rio de Janeiro, moradores da vila Kennedy, Vila Aliança e Coreia foram objeto de abordagem de rua com identificação para verificação de antecedentes criminais. A operação começou bem cedo, na manhã do dia 23 de fevereiro. Mais de três mil soldados retiraram barricadas instaladas pelos criminosos e passaram a fazer a identificação dos transeuntes. Enquanto isso, solicitavam aos moradores, por alto-falantes, que colaborassem com a operação denunciando traficantes.

Os defensores de direitos humanos, membros da defensoria pública e representantes da OAB-RJ logo se apresentaram para reprovar o que designavam como criminalização da pobreza e grave violação de garantias constitucionais. O Comando Militar do Leste discordou: “Trata-se de um procedimento feito regularmente, legal, cuja finalidade é acelerar a checagem nos bancos de dados da Segurança Pública”. Ademais, o tipo de operação está previsto no Decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) assinado por Temer em 28 de julho de 2017.

Comprova-se o que afirmei no primeiro parágrafo acima. De um lado, os traficantes, os barões do crime, os comandantes das facções se escondem nas favelas valendo-se da proteção que tais conglomerados proporcionam. De outro, entidades e instituições com orientação esquerdista, ou autorrotuladas como defensoras de direitos humanos, buscam inviabilizar a ação policial onde necessária e urgente. Mesmo uma simples identificação é apontada como perturbadora e ofensiva à dignidade daquelas populações. Na próxima vez que me pararem no trânsito devo convocar a OAB e a Defensoria Pública?

Pergunto: onde se escondem essas instituições e as tais comissões de “direitos humanos e cidadania” quando armas de guerra ceifam vidas inocentes nessas mesmas comunidades? Entre tiroteios, balas perdidas e rajadas de metralhadora, e uma simples identificação de rua, qual deve ser a escolha de uma mente sadia? Ora, senhores! Trégua ao cinismo e à hipocrisia, por favor! Querem prender criminosos mediante intimação por edital, carta registrada, telefone?
Só uma profunda desonestidade intelectual pode justificar o argumento de que operação desse tipo não aconteceria no Leblon. Bandidos devem ser buscados onde habitualmente se escondem. A decisão de realizar operações cá ou lá não é tomada por preconceito, mas por estatística.

Nota do autor: Aos 60 anos da revolução cubana, estou ultimando uma nova edição ampliada e atualizada de “Cuba, a tragédia da utopia”. Ela estará disponível nos próximos meses.


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* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


 


José Carlos França -   26/02/2018 21:09:02

Isso tudo que corrompe, que inverte que destrói os valores consagrados é movido por um único sentimento: ódio a Cristo. A exemplo, vide a Parábola do bom samaritano: este cuidou da vítima e não do agressor. Repito, inverteram a ação por ódio a Cristo. Raça de víboras, raça de hipócritas.

Odilon Rocha -   26/02/2018 01:08:50

Caro Professor São diversas as medidas de retomada da nossa combalida soberania, já em frangalhos. As hipocrisias que o senhor citou são filhotes de ações previstas em acordos multilaterais que nos constragem. E sabemos o porquê. Enquanto não nos impusermos rasgando meia dúzia de acordos e tratados assinados bovinamente, impostos pela ONU, que nem para papel higiênico servem, continuaremos a enfrentar essa orquestração ridícula e sem sentido, mas útil aos obscuros propósitos globalistas. Uma frase do Olavo de Carvalho, em seu Diário Filosófico, de 12 de fevereiro último, retrata muito bem o que temos visto desde há muito: “A mais alta ambição de cada intelectual esquerdista, hoje em dia, é tornar-se um idiota útil bem pago”. Tenho a mais absoluta certeza que é assim há bastante tempo.

Ismael de Oliveiira Façanha -   26/02/2018 00:19:19

PERFEITO! Esses corifeus dos DIREITOS HUMANOS, são representantes de parte das ELITES, daquela que se repoltreia na ESQUERDA sob os holofotes da mídia. Penso que a intervenção no ex-Estado da Guanabara, hoje cidade do Rio, deveria ser feita sob o estado de defesa ou sítio, dando largas liberdades às forças da ordem para sufocar os aquartelamentos do crime organizado montados nas favelas. Sairia mais em conta mas, duvido que Elias Temer tivesse força para impor a medida heróica. Então, é dar boas vindas para a Intervenção Federal; alvíssaras... Quanto às causas da epidemia de criminalidade, e como ela se desenvolve, é assunto para outras instâncias.

Renato Gilberto Roese -   25/02/2018 22:51:16

Parabéns!!!

FERNANDO A O PRIETO -   25/02/2018 22:00:04

Parabéns por mais este artigo! Nada a esperar de diferente, infelizmente, dos ditos "defensores dos direitos humanos". Eles agem assim no Brasil e no mundo. Só vêem e divulgam o que lhes interessa, como se o mal se limitasse a determinadas categorias em que dividem a espécie humana e separam os indivíduos (por exemplo, pobre/rico, branco/negro, compatriota/estrangeiro, homem/mulher...). Como se, em cada uma dessas divisões não houvesse o bem e o mal misturados... A ação policial é muito necessária para limitar a ação dos maus cidadãos. A argumentação que se ouve contra ela (a mais comum é que "precisamos mais educação e ação de estado, e não repressão") revela má-intenção: a divisão repressão ou educação é uma FALSA DICOTOMIA - uma não impede a outra; podemos e devemos ter as duas, aplicadas a públicos diferentes, em tempos diferentes. A insistência apenas na educação é, na maioria dos casos, uma afirmativa de quem não quer resolver o problema, para promover um ideologia de vitimização e usar os malfeitores para sua causa.. Em nenhum lugar do mundo jamais deixou, a não ser por breves períodos de tempo, de haver necessidade destas duas coisas trabalharem juntas.

Lafayete -   25/02/2018 21:25:58

Prezado, nossa contradição é oficial e institucionalizada - com o dinheiro do contribuinte, é claro- paga-se 24mil líquidos para um MPF tentar por bandido na cadeia. Ao mesmo tempo, paga-se o mesmo valor para o DPU defendê-lo . Muitas vezes defendem PCC. E podem ter algum sucesso.

mario m -   25/02/2018 16:22:18

Perfeitas suas ilações. afirmações, como sempre . " Um bom jornal é uma nação falando consigo mesma" - Arthur Miller . Aí a importância da mídia , agente precioso, assim como a Justiça nos destinos de um país. Em que escaninho se escondeu nos últimos trinta anos , pois só há uma década ficamos sabendo do Foro de São Paulo? Também por isso defrontamo-nos com dificuldades que poderiam ter sido evitadas.

Dalton Catunda Rocha -   25/02/2018 13:58:02

Sobre isto, veja estas frases: "Essa ideia serviu como base para a "descriminalização do crime", que é uma das teses da Escola de Frankfurt. Segundo Habermas, dado que o homem é um produto da sociedade, é inevitável que ele ceda aos seus impulsos primitivos e às suas tendências criminosas, uma vez que ele foi criado sob o jugo da violência estrutural de um sistema capitalista criminoso." > https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2401