• Percival Puggina
  • 11/05/2017
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UMA RUÍNA MORAL

 

 Quanto mais Lula se desdobra em artifícios retóricos, como quem trata de escapar, em ziguezague, da artilharia dos fatos, mais parecido fica com o que se empenha em afirmar que não é. Assistindo trechos de sua inquirição perante o juiz Sérgio Moro, lembrei-me de uma entrevista dele, em Portugal, à jornalista Cristina Esteves, da RTP, em abril de 2014. Nos últimos momentos da conversa, veio uma pergunta sobre o mensalão. A resposta de Lula tem tudo a ver com seu comportamento dia 10 em Curitiba. Transcrevo: "O tempo vai se encarregar de provar que o mensalão teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica. O que eu acho é que não houve mensalão. Também não vou ficar discutindo decisão da Suprema Corte. Mas esse processo foi um massacre que visava destruir o PT e não conseguiu". Em sequência, questionado sobre o fato de estarem detidas pessoas próximas a ele - como o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado José Genoino - saltou fora. "Não se trata de gente da minha confiança. Tem companheiros do PT presos".

Esse "tchau queridos", proclamado em Lisboa, antecedeu o "tchau querida" do telefonema sobre a mensagem do Bessil; antecedeu o abandono dos parceiros encarcerados posteriormente, a quem e sobre quem nada tem a dizer; e antecedeu a tentativa de transformar a pacata Marisa Letícia em condutora de providências escandalosas que ele não tem como explicar e que com ela sepultou.

Eis o homem que governou o país sem ninguém de sua confiança por perto, cuja proximidade funcionava como um toque de Midas, gerando inesperadas fortunas, mesadas, pensões, negócios, a quem os amigos davam tudo e que nega lhes haver alcançado a menor vantagem. Eis o homem que se agita no partidor, disposto a concorrer à presidência. Sua anunciada campanha para desfazer as intrigas do mensalão e sua convicção sobre a natureza política do referido processo nunca passaram de peças de discurso.

Tudo isso porque a Lula não interessam os fatos. Os desarranjos políticos, econômicos e sociais a que dá causa se agravam e prolongam precisamente porque sua conduta contamina o juízo e o discernimento moral de dezenas de milhões de pessoas. A exemplo dos grandes ícones do populismo, ele trata o povo que o segue como massa da qual usa e abusa para objetivos pessoais, subtraindo do repertório mental dessas multidões valores sem os quais é impossível operar adequadamente uma democracia constitucional. Os recentes atos de violência contra o direito de ir e vir, a queima de pneus e de ônibus, o abandono de preceitos essenciais à vida civilizada e os anátemas lançados contra a Lava Jato são consequências do que acabei de descrever.

A patética inquirição levada a cabo em Curitiba pode ser parodiada com apenas uma frase: "Doutor, vou lhe confessar. Eu não sou eu. Eu sou um amigo meu, que, se conheço, não lembro".

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


LUIZ GONZAGA FARIAS -   16/05/2017 00:15:53

O que mais me deixa boquiaberto toda vez que Lula dá uma entrevista ou quando questionado sobre a lava-jato, é o cinismo dele. Impressionante como ele não assume nenhuma responsabilidade sobre os fatos e ainda faz chacota das críticas vindas seja de quem for, até de autoridades.

Joma Bastos -   15/05/2017 19:30:26

Lula, o destruidor do Brasil!? Se os bandidos do STF assim o desejarem, permitirão que o Lula seja candidato a 2018 com a Dilma como vice-presidenta (porque o STF assim já o permitiu legalmente como candidata política), legalizará o Caixa2 e a Odebrecht financiará a campanha eleitoral deste duo. O "salvador da Pátria" poderá ser eleito por uma sociedade de incultos, de marginais ou de indiferentes obrigados a votar em máquinas eletrônicas que podem ser fraudadas - e assim, o que está sobrando do Brasil, é capaz de ser, em conclusão, arrasado. E se este desfortúnio acontecesse? Hein? Esperemos que não.

Brenda Fernandes Aprigliano -   14/05/2017 20:24:19

Apesar dos passos já dados com o grande esforço que tem sido a Operação Lava Jato e seus desdobramentos, só começaremos a vislumbrar uma luz no fim do túnel e dar uma tacada de morte ao infame projeto para o Brasil do Foro de São Paulo, quando Lula for definitivamente reduzido ao nada que ele é! Ele precisa ser tratado pelo que realmente é: psicopata, esquizofrênico, egocêntrico, impenitente, imoral, corrupto, chefe de quadrilha, traidor da pátria, etc. e muito mais. Não se destrói um ídolo de pés de barro sem quebrar-lhe os pés. Tem que cair , no que para um vaidoso como ele, seria a morte, no mais completo ostracismo. Sem mídia, sem palanque, sem dinheiro, sem ouvintes, para que se possa limpar a página mais negra da história desse país, que foi sua subida ao poder, com as bênçãos do famigerado FHC e seu partido PSDB, de duas caras e também traidor da pátria. A ascensão do pensamento e governantes de esquerda, graças à invasão pela manipulação ideológica na educação, tem sido uma desgraça para o Mundo, principalmente para o Ocidente, que está se rendendo ao relativismo e à mentira. Se ainda houver saída para este gigantesco engodo, não será com palavras doces. Todo período de bonança sempre foi precedido pela ação de pessoas de moral elevada e grande coragem!

gustavo schlot -   14/05/2017 14:23:54

Que pessoas humildes, sem cultura, seja feita massa de manobra, da para entender, Porém, quando se trata de "intelectuais, artistas, filósofos, escritores " apoiando esta sujeira toda. É porque o mundo esta mesmo acabando !

ANTONIO FALLAVENA -   14/05/2017 14:15:10

Prezado Puggina. O escrever e ler nos últimos três anos me consolidou a avaliação de que, nosso pior problema não são os políticos mas os eleitores. Assim, qualquer reforma política/eleitoral, deve focar neste detalhe. Ou qualificamos o processo de representação através do voto, ou ampliaremos nossos problemas. Na democracia, para alcançar-se objetivos, é indispensável um mínimo de qualidade no processo e nos escolhidos. Para aqueles que conseguem enxergar a atual condição moral e cultural de nossa sociedade, facilmente compreende como chegamos ao estágio atual. Infelizmente, continuamos caindo. No horizonte próximo, não existe nada que ofereça mudança de rota. Estamos na dependência de um milagre ou de uma reação da parcela que ainda pensa e deseja dias melhores para filhos e netos. Abraço e saúde ao amigo e colegas deste espaço. Fallavena

Rivo -   14/05/2017 05:16:41

A vantagem de falar a verdade é que você não precisa se lembrar do que disse. Lula está se embretando cada vez mais. Vai ficando cada vez mais difícil construir uma trama coerente. Seus comparsas já perceberam isso é estão pulando nos braços da delação premiada. Ele acabará mentindo sozinho, acusado por todos os seus ex-aliados. Que nem Hitler em seu bunker.

João Carlos -   13/05/2017 19:08:52

Sócrates disse: So sei que nada sei." Diante ds impossibilidade de sabermos tudo. Lula , sabendo de tudo, acrescentou: "só sei que nada sei, nem quem sou," 84 vezes dizendo "não sei"!!!

Adilson Minossi -   13/05/2017 15:07:05

Meu caro Puggina, um povo que elege e re-elege um cachaceiro semi analfa, que confessou inúmeras vezes que se comiam mortadela em casa era graças a um dos irmãos que roubava na quitanda do bairro. Como confiar num sujeito desses? O maior erro dos militares foi ter medo do inofensivo Brizola, outro fanfarrão, e criar esse líder de trabalhadores. Sempre foi um pelego sindicalista e que recebia propinas dos empresários pra acalmar as greves. Um sujeito que viu a primeira esposa morrer em um parto em um hospital público e jamais fez nada pela Saúde no Brasil. Puxou o saco do Romeu Tuma. Em suma, um baita espertalhão que jamais me enganou. Parabéns pelo excelente artigo!!!

Geremias -   13/05/2017 14:18:53

O que tenho medo é de os brasileiros masoquistas elegerem esse demagogo outra vez!!!

ORION JESUS LEITES CABREIRA -   13/05/2017 14:16:37

Excelente comentário! O Brasil é retrato deste homem. Que Deus o perdoe. A todos nós, a responsabilidade é a força de vontade para sair deste engodo maldito. Muito obrigado Dr. Puggina pelos textos que recebo aqui em Brasília com a saudade dos pagos!

Ismael de Oliveira Façanha -   13/05/2017 02:29:14

Lula encarna bem o Die Hard, - "Duro de Matar", no cenário político brasileiro. É amigo dileto de alas poderosas do empresariado nacional; a Odebrecht sendo tão somente a pontinha do iceberg de um universo aético onde vivem os senhores do mundo, e não nós. Wach auf meine Jungs!

Jonny Hawke -   12/05/2017 15:30:09

Lula segue fielmente um ditado sobre a esquerda: "Para história o que importa são os fatos. Para ideologia pouco importa quais são." O homem se faz de "desentendido e vítima" é incrível que tem gente disposto a fazer uma "guerra civil" em nome desse senhor. Só mesmo a pessoa mais desinformada da terra vai votar nele (se ele conseguir se candidatar), se ganhar Venezuela vai ser o paraíso perto da sede de vingança do PT!

sanseverina -   12/05/2017 15:21:08

Não é possível olhar o Lula como alguém normal, nem de longe, nem de perto. Como outras figuras repugnantes que já são História, ele passará à posteridade como um psicopata social. Nem será preciso que cientistas lhe vasculhem o cérebro em formol; as suas ações e o comportamento registrados são o material básico à conclusão. Ontem, diante de Sérgio Moro (que deveria tê-lo nomeado simplesmente senhor Luís Inácio), deu um show de negativas e inconsistências, mas que foram duramente desmentidas pelas mãos inquietas, pelos seguidos goles d’água, pelo desconforto na cadeira (havia prego nela?), e mais, pelas bocas e carantonhas. O corpo fala! É um farsante que não convence ninguém, um amoral que não hesitou em se eximir de culpa acusando subalternos e até o cadáver da própria e sempre traída esposa, tão desenxabida que até tinha o apelido de Marisa Calada. E se se pode designá-lo cidadão, é só em companhia de adjetivos como asqueroso e execrável.

Dalton C. Rocha -   12/05/2017 14:44:09

"Porém o suprassumo da cretinice é contestar a fidelidade de Lula ao comunismo mediante a alegação de que é um larápio, um corrupto. Qual grande líder comunista não o foi? Qual não viver como um nababo enquanto seu povo comia ratos? Qual partido comunista subiu ao poder sem propinas, sem desvio de dinheiro público, sem negócios escusos, sem roubo e chantagem?" > http://www.dcomercio.com.br/categoria/opiniao/el_mayor

Carlos Edison Fernandes Domingues -   12/05/2017 14:09:14

PUGGINA ! Neste charco, em decomposição, que nutre a maioria da classe política, há quinze anos, os teus ensinamentos reanimam o nosso espírito e fortalecem a nossa vontade para continuarmos na batalha. Aos poucos somos informados, pelos meios de comunicação, do depoimento de um ex-presidente, cuja "conduta contamina o juizo e o discernimento moral" Fiquei sabendo e por teu intermédio desejo a confirmação, em especial através de um artigo comentado pela tuas pessoa , de que o advogado da Petrobrás com o nome Renê Dotti, com 83 anos de idade, fez uma intervenção, em audiência que orgulha o meu desempenho de advogado há mais de 50 anos. Saudações Carlos Edison Domingues

Rodrigues -   12/05/2017 12:53:00

Excelente texto, Percival. O encerramento, então, foi show!

Genaro Faria -   12/05/2017 01:53:50

A figura patética de Lula tem o figurino de outros que se dispuseram a recriar o homem e construir o paraíso em nosso planeta. Em outras palavras, seu perfil é o de um revolucionário, essa aberração que pariu monstros como Lenin, Hitler, Mussolini, Mao, Pol Pot, Fidel, Guevara, na esteiro do ateísmo ativo montado sobre as milícias e os grupos de militantes que formam e amoldam nas massas humanas, e dos histéricos "sonháticos" que os acompanham. Esses ídolos satânicos são psicopatas, incapazes de sentimentos morais, especialmente os da compaixão e da culpa. Nem me assombra que haja uma multidão de seguidores das ideologias que eles usam para esconder a caricatura macabra que só entra em cena de repente, sem dar tempo para a fuga dos inocentes, para instalar seu regime monstruoso. É que eu aprendi com Chesterton que "quando os homens deixam de acreditar em Deus, não significa que eles não acreditem em mais nada; significa que eles passam a acreditar em tudo".