• Cleber Benvegnú
  • 06/03/2009
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UM POL?ICO FALANDO A VERDADE - Zero Hora

Especial para Zero Hora, ed. 15885, 20/02/2009. Nos ?mos anos, tenho visto muitas pessoas jogarem a toalha em rela? ?ol?ca. Mas n?me refiro ?rustra? coletiva que atinge toda a sociedade quando o assunto ?osto em pauta. Falo de figuras vocacionadas para a arte de servir para a boa pol?ca , e que desistem dela pela absoluta incapacidade de construir um projeto minimamente vi?l no atual cen?o eleitoral. Confesso que eu mesmo vivi dilema semelhante por um tempo, at? dia em que decidi ser apenas colaborador eventual, priorizando minhas atividades profissionais. Admiro, todavia, quem gente de bem tenha conseguido fazer diferente. N?fosse por esses, a situa? estaria ainda pior. Reconhe? portanto, a exist?ia de quadros p?cos de car?r reto em nosso meio. ?preciso ter cuidado de excepcionar na an?se do todo, uma vez que a generaliza? cumpre grande favor apenas aos maus pol?cos. Entretanto, exce?s ?arte, o que vivemos no Brasil – todos sabem – ?xatamente o que o senador Jarbas Vasconcelos disse em sua pol?ca entrevista ?evista Veja, na ?ma edi?: “A maioria se incorpora a essas coisas pelas quais os governos v?sendo denunciados: manipula? de licita?s, contrata?s dirigidas, corrup? em geral”. Ele falou do PMDB, mas a tese vale para todos os partidos. A?im: todos! N?se trata de um fen?o novo, sen?que de um processo de deturpa? moral que foi corroendo a pol?ca brasileira e afastando dela muitas pessoas bem intencionadas. O mandato p?co virou quase exclusividade de quem, com uma s?a estrutura log?ica e financeira por tr? consegue criar uma rede de fisiologismo, de corporativismo e de favores rec?ocos. Quem n?joga esse jogo, fica praticamente alijado. Repito, at?ara n?cometer injusti?: h?xce?s e, principalmente no Rio Grande do Sul, ainda as considero not?is. Contudo, quando um senador da Rep?ca, sujeitando-se a altos riscos, tem a coragem de criticar sua pr?a institui? e seus pares, est?osta a oportunidade para uma grande reflex?nacional. ?hora de pensar com maior profundidade se a corrup? n??penas produto da deturpa? moral da pr?a sociedade, brotada da corros?da fam?a, da falta de valores, do relativismo, do fim da no? de autoridade. ?hora de analisar se esse sistema pol?co, que transformou os mandatos parlamentares em gigantes m?inas de reelei?, ? modelo mais justo para selecionar nossos representantes. ?hora de os partidos revisarem suas pr?cas, redescobrirem suas bandeiras, redefinirem seus rumos, apostarem em novos quadros. Se “os pol?cos mentem”, eis que estamos diante de um que falou a verdade inteira, sem os costumeiros polimentos ret?os. Que seu desabafo, portanto, sirva ?a?, em especial ?pessoas de bem. Afinal, Jarbas mostrou acima de tudo que, apesar dos pesares, n?se pode desistir.