Percival Puggina
O perigo voltou, de novo. Voltou de Cuba em 1971, mas voltou à ilha para cirurgias plásticas que alteraram sua fisionomia. Voltou ao Brasil em 1975, quando se instalou como comerciante no interior do Paraná. Nem a mulher sabia sua verdadeira identidade. Voltou à política, anistiado, em 1979. Participou da fundação do PT, acumulou mandatos e posições partidárias até ser preso, em 2013, por crimes no escândalo do Mensalão. Acumulou sentenças condenatórias, prisões e solturas até o ministro Gilmar Mendes anular suas condenações na Lava Jato em 2024. Volta agora à política, ficha "limpa", e pode disputar a eleição que quiser. Meu Deus, eu já vi esse filme!
Na semana passada, esse retorno marcou a festa de seu 78º aniversário. A comemoração, quase poderia dizer sagração, atraiu uma lista de personalidades suficiente para destruir o Brasil três vezes.
Em Cuba, onde viveu de 1969 a 1971, pode-se dizer que fez seu “pós” nas habilidades de um agente treinado para atuar no Brasil. Agora, retoma lugar no lado esquerdo do tabuleiro político nacional.
Em certo momento do discurso que fez, atacou a aliança entre Bolsonaro e o governo Trump, mas afirmou, logo em seguida, que não existe mais eleição nacional, pois todas acabam sendo globalizadas. Temos aí a velha estratégia: globalização pela direita é feia, coisa de Trump, Elon Musk e Bolsonaro; pela esquerda, é linda, fofa, coisa de gente da melhor qualidade, como Joe Biden e sua turma na USAID. A questão, contudo, vai bem além do duplipensar esquerdista.
Pense na eleição de 2018. Em um dos melhores momentos da economia mundial, seus governos haviam quebrado o motor de um país que rodava bem. O PT morava no fundo do poço do descrédito. É muito difícil fazer campanha eleitoral do fundo de um poço, pois a mensagem não se propaga. Em vista disso e de muito mais, perdeu a eleição. Aos empurrões na História, voltou ao poder em 2022 e, passados apenas dois anos já mostra que o fundo do poço fica um pouco mais abaixo. O governo é um navio fantasma. A imagem também cabe: uma tripulação que perdeu a confiança, passageiros e roedores abandonando o barco. Pelas próprias forças, fica à deriva e não vai a lugar algum.
Se o petismo olha o exterior pedindo forças para uma campanha globalizada, a oposição olha o exterior pedindo socorro porque hoje, para ela, no jacobinismo instalado no país, não há Justiça nem Direito no Brasil, só maus tratos, interdição e punição.
A eleição de 2026, contudo, não será globalizada. A esquerda no poder não importará aquela ruinosa parceria que em 2022 sequer podia ser mencionada! Há de ser uma disputa política entre brasileiros, como deve ser, cada um com seu passado. Oposição versus governo. Os abusos e interdições de 2022 não se reproduzirão. Para que a Liberdade e o bom Direito renasçam das cinzas, o Terror jacobino não prevalecerá. A tanto nos ajude o Senhor da História!
Percival Puggina (80) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.