• Percival Puggina
  • 24/10/2017
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UM MEMORIAL NA CONTRAMÃO DA HISTÓRIA

 

 Os jovens que, em esfuziante demonstração de felicidade, dançavam sobre o Muro de Berlim no dia 9 de novembro de 1989 foram os primeiros a festejar a derrubada em cascata dos símbolos do comunismo. Importante lembrar aos brasileiros sequer nascidos naquela época o regime que os moços e moças de então refugaram e a liberdade que, em festa, conheceram pela primeira vez em seu próprio país. Afinal, não falta entre nós quem assedie a juventude com ideologias fracassadas e histórias mal contadas.

 Nos anos seguintes, extinguiu-se a União Soviética, caíram os regimes comunistas, e os respectivos partidos no Leste Europeu se extinguiram ou mudaram a razão social. Junto com eles sumiram, também, foices e martelos e estrelas vermelhas de bandeiras nacionais.

 Na Rússia, Leningrado voltou a chamar-se São Petersburgo; na Alemanha, Karl Marx Stadt recuperou o nome Chemnitz; no Montenegro (parte da antiga Iugoslávia) a capital Podgorica sacudiu de si a triste lembrança que lhe advinha do nome Titogrado. Em Berlim Oriental, bairros inteiros como Prenzlauer Berg e Friedrichshain, se livraram do abandono cinzento que lhes deixara o comunismo para ganhar novas cores e nova vida. A história tem símbolos assim.

 Quem viveu sob o comunismo, sabe bem do que se libertou. Em virtude disso, em todo o Leste Europeu, incluída a super comunista Albânia, foram tombando as estátuas e as indesejadas lembranças do totalitarismo que pesou sobre aquelas nações. Em muitos casos, o comunismo ficou fora da lei. São povos que sabem do que não sentir saudade. Foi o caso da Polônia, que tantas vidas entregou à repressão soviética. Lá, desde 8 de junho de 2010, está em vigor uma lei que proíbe a exibição de símbolos comunistas.

 A Lituânia, em 2008, criminalizou a exibição pública de símbolos comunistas e nazistas. Também pudera! O pacto Molotov-Ribbentrop levou-a à ocupação pela URSS e a pequena nação perdeu 780 mil compatriotas. Aliás, em virtude desse pacto, firmado entre os dois totalitarismos - o comunismo e o nazismo - a data de sua assinatura se transformou em Dia Europeu de Memória das Vítimas dos Regimes Totalitários.

A Geórgia, em 2011, baniu os símbolos comunistas. O domínio soviético levou milhares de georgianos à morte nos gulags e destruiu 1,5 mil igrejas. Por motivos em tudo semelhantes, a Moldávia criou legislação igualmente proibitiva em 2012. Interdições também foram estabelecidas na Hungria e na Ucrânia. Esta última nação perdeu para o comunismo 5 a 6 milhões de pessoas entre a criminosa inanição causada pelo holodomor, a repressão e as mortes em combate. Há estimativas que elevam esse número para 14 milhões. Em Odessa, no sul do país, um majestoso Lênin de bronze foi transformado em Darth Vader (personagem de Guerra nas Estrelas).

Os países que conheceram os horrores do comunismo o repelem e removem suas lembranças. Tal regime não pode citar um único exemplo que não cause repulsa. Seus raros defensores não têm como mencionar, sem constrangimento, um líder sequer. Não dispõem de um solitário caso de sucesso a relatar.

Porto Alegre, não obstante, entrará para o noticiário como uma capital na contramão dos fatos, jogando pela janela da mais clamorosa ignorância o testemunho de dezenas de sofridas nações. Danem-se os fatos, as vítimas e a História! Em 1991, nossa Câmara Municipal cedeu o terreno, autorizou a finalidade da obra e será inaugurado, nestes dias, com foices e martelos, um Memorial para honra e glória do mais conhecido comunista brasileiro, desertor homicida, traidor da pátria e servo de Stálin.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
 


Paulo Moraes -   06/11/2017 19:18:30

Caro professor, embora um pouco atrasado, gostaria de registrar que considerando-se que em plena capital do país temos um conjunto arquitetônico, em plena Esplanada dos Ministérios, onde funcionam a Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola, figura bastante conhecida, e o Museu Honestino Guimarães, ilustre desconhecido da maioria dos brasileiros, mas que deve ter contribuído muito para a evolução e o bem estar da nossa sociedade, tanto assim que a antiga Ponte Costa e Silva, sobre o Lago Sul, foi rebatizada e hoje também carrega o seu nome, não é surpresa alguma que Porto Alegre, infelizmente, siga pelo mesmo caminho de Brasília.

Sissi Oliveira -   27/10/2017 16:54:48

Enfim teremos nosso próprio MUSEU DO HOLOCAUSTO. Serão suas paredes vermelhas uma homenagem às vítimas do assassino?

Genaro Faria -   27/10/2017 12:43:23

IMAGEM COMENTADA - Quem diria, ó saudoso Stanislaw Ponte Preta, que seu Febeapá seria elevado a política pública e tema de concurso universitário! De fato, ó grande Roberto Campos, como é promissor o futuro da ignorância no Brasil!

Jonny Hawke -   26/10/2017 16:06:08

O problema é a educação e Lenin já tinha advertido sobre isso. Os jovens viraram "escravos coletivistas" dos velhos comunas. Há tamém Wagner Moura que vai fazer um filme sobre a vida do Carlos Marighella cujo eles negam de pé de junto que foi um terrorista? Acho que ele não sabe que o Tropa de Elite é justamente um dos filmes nacional de maior sucesso, justamente porque o povo queria que todo policial fosse um Capitão Nascimento.

Paulo Sergio da Veiga Rocha -   26/10/2017 14:16:57

Como sempre, mais um texto brilhante. Como sugestão poderiam inaugurar o tal memorial com uma exposição sobre as vítimas do comunismo. É lógico que deveria ser em várias etapas, visto que não haveria espaço para expor tudo. Outra sugestão é alterar o nome do logradouro até aquele local ou a partir dele para: Avenida Elvira Cupelo Colônio

Isac -   26/10/2017 10:30:58

EM CERTAS UNIVERSIDADES ESQUERDIOTIZADAS, PASSAM OLEO DE PEROBA NOS FOCINHOS e censuram a exibição do filme " O JARDIM DAS AFLIÇÕES" do Olavo de Carvalho!... Pode uma impostura dessa? E depois os CÍNICOS esquerdistas na maior cara de pau vêm dizer que os outros é que são os DISCRIMINADORES, INTOLERANTES, TRUCULENTOS E DESRESPEITOSOS, eles mesmos são esses para com quem discorde das teorias malucas das ideologias de esquerda, caso de certos universitarios rasgarem propagandas do filme de Olavo de Carvalho - ele mostrando, comprovando que comunismo e estrume são a mesma coisa! "CHAME OS OUTROS DO QUE V É E ACUSE OS OUTROS DO QUE V FAZ" - Lênin, Eis aí a sentença do carniceiro acima que os esquerdiotas colocam em funcionamento a todos os instantes para tentarem se imporem no "a ferro e fogo"! Basta que se recorde quando a blogueira cubana Yoani Sánchez veio ao Brasil que fizeram de arruaças para a impedirem de denunciar a ferrenha ditadura do désposta Já-Foi-Tarde Fidel Castro! Mas, não adianta: o bom seria assentarmos e analisarmos se comunismo funciona, né curucuCuba e a bola da vez, a favela Venezuela! DIÁLOGO PARA ESSE BANDO DE IMPOSTORES, HISTÉRICOS E DEBILÓIDES É ALGO INACEITÁVEL! "Seus" chantagistas, estelionatarios e psicopatas das esquerdas!

Silas Velozo -   25/10/2017 21:28:24

Andando por essas semanas pelas ruas do bairro Friedrischain em Berlim, penso nas pessoas q cruzam meus caminhos, suas histórias, e no agora próspero lado oriental da cidade, antes feio, cinza e abandonado durante o comunismo. Mudanças incríveis acontecendo a todo instante no bairro e na cidade inteira. Berlim, já bela, será esplendorosa daqui a 10 anos, como nunca seria debaixo das botas socialistas. Percival Puggina, no seu artigo, detalha mais o q foram essas mudanças pra melhor após o autocolapso do comunismo.

JACQUESDEBEST -   25/10/2017 13:20:25

Muito bom o artigo concordo plenamente.A meu ver tem um errinho.Albania sempre foi mais inspirado do comunismo chinês.Mas como o escritor esta falando:o homem naõ aprende nunca da historia.O grande exemplo:a volta do extremo direito em Alemanha e outros paises.

Marcos Tadeu Cosmo -   25/10/2017 01:25:21

E como é possível um povo aguerrido de longa data aceitar tal abjeção ?

Odilon Rocha -   24/10/2017 23:01:20

Caro Professor O cinismo e a hipocrisia são tão miseráveis que nem sequer tem a coragem de articular a palavra COMUNISMO. Eu não acredito em ignorância. Acredito mais em uma espécie de afronta e orgulho servil, já que acreditam (ou fingem acreditar) em seus pressupostos. É só sabatinar os proponentes e adepto o que de bem, belo, justo e aproveitável esse monturo trouxe para a humanidade. Terão de responder sem mentir. Talvez nem assim consigam. É uma lástima Porto Alegre aceitar isso.