• Percival Puggina
  • 25/11/2015
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TRÊS TÓPICOS PARA DESABAFAR

 

1. E agora, mídia chapa branca?

 Os leitores certamente leram os debochados textos com que alguns colunistas procuraram identificar os defensores do impeachment não apenas com o presidente da Câmara, mas com o caráter do presidente da Câmara. Sim, não lhes falta coragem para tanto. A estratégia era a seguinte: "Você defende o impeachment? Então você é um safado como o Cunha".

O petismo e o dinheiro do governo promovem estratégias assim. Tentam apagar da memória das pessoas o fato de que a presidente tem apoio de apenas 7% dos brasileiros. Fazem de conta que o impeachment é "coisa do Cunha" e não uma exigência do povo brasileiro. Saltam por cima dos R$ 49 bilhões saqueados da Petrobras, e fingem calafrios éticos com os R$ 4 milhões do Cunha (um décimo de milésimo do montante roubado da Petrobras).

É claro que Cunha não pode continuar como presidente da Câmara, nem como deputado. Pé no traseiro e porta da rua a ele e a todos como ele. No entanto, e foi isso que sujou ainda mais a barra da mídia chapa branca, a oposição pediu a cabeça do Cunha. E o PT, imediatamente, passou a protegê-lo!

Agora, os artistas da dissimulação, da falácia e do sofisma, obrigados a engolir tudo que escreveram, e a dirigir a si mesmos todo o mal que de outros disseram, entram num silêncio que dói nos meus ouvidos.

2. Para Dilma, impostos alavancam a economia. Pinóquio concorda.

A presidente da república, durante a reunião do G-20, na Turquia, afirmou que a criação da CPMF seria um estímulo à economia e não um tributo para elevar as despesas. "Não é para gastar mais; é para crescer mais" esclareceu. Pinóquio concorda. "E o grilo falante, não diz coisa alguma?" perguntará o leitor. Ora, meu caro, o grilo morreu, vai para mais de 12 anos.

Ao ler a notícia lembrei-me daquela confusão envolvendo o currículo da presidente durante sua primeira campanha eleitoral. Ao fim das contas, ela não tinha, como economista, as titulações que lhe eram atribuídas, como mestre e doutora porque não concluíra, nos dois cursos, as teses necessárias para apresentação, defesa e, posterior, adjudicação dos respectivos títulos.

Ouvir-se de uma economista que um novo imposto vai produzir desenvolvimento é disparate que não se diz nem mesmo diante de crianças sem produzir risadinhas. Se fosse boa essa estratégia "desenvolvimentista", que suprimirá da sociedade recursos no montante de R$ 38 bilhões, melhor ainda seria elevar bastante a alíquota, para obter muito mais desenvolvimento.

O que o governo pretende com a CPMF é buscar, no bolso e na capacidade de consumo dos cidadãos, o dinheiro que jogou fora em demagogias para eleger-se em 2014. A CPMF é dinheiro para tapar buraco, cobrir despesas já feitas, diminuir o déficit. Os pacientes que se danem. E os impacientes, também.

3. A matriz do anticristianismo

O anticristianismo ocidental tem matriz conhecida: materialismo histórico, inerente ao marxismo cultural e a seus fins políticos. Ele é parceiro estratégico, quanto aos objetivos, do islamismo. Ambos querem demolir a cultura ocidental. Ela é o freio para o relativismo (que avança), para a destruição da instituição familiar (tarefa que está bem encaminhada) e para a crescente intromissão do Estado na esfera da vida privada. Essa tarefa destruidora serve, por um lado, ao totalitarismo; por outro, à sharia.

Se duvida, observe as posições dos partidos de esquerda em relação ao terrorismo islâmico e aos valores do Ocidente. Saltará aos olhos o que afirmei acima. Procure a chama do mal e lá estarão os mesmos, sempre. soprando oxigênio. Então, o anacronismo que se manifestou em alguns dos comentários aos meus artigos sobre os episódios de Paris, não veio à baila como argumento, mas como mera retórica com vistas a um fim bem diferente do que se expressa nas palavras.

O cristianismo não é só cultura. É religião. Mas ainda que fosse apenas cultura, seria a mais benéfica forma de resistência aos males do materialismo, do hedonismo, do egoísmo individual e coletivo, e dos totalitarismos.

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

 


Marcello de Souza Lopes -   27/11/2015 12:19:44

Muito bom artigo! Conseguiu resumir com precisão o cenário político atual. Mas merece um destaque especial a comparação dos seguidores radicais (?) do Islã, que lutam contra os valores ocidentais, aos esquerdopatas sul-americanos que ainda querem erradicar a Democracia. Cada vez mais autores abordam esta perspectiva, deixando patente seus interesses comuns. Não é à toa que os Governos Petistas entregaram o MRE à ala radical do Partido, que procurou, imediatamente, uma aproximação com estes Estados reféns do Islã ou do Comunismo, saindo, vergonhosamente, em defesa de seus interesses! Mais de 100 anos de História da Diplomacia do Itamaraty, lutando pela igualdade e liberdade dos povos, jogados no lixo! Brasileiros de bem, não dêem as costas para o Brasil!!!

Genaro Faria -   27/11/2015 06:27:53

A TOMADA DO BRASIL -pelos maus brasileiros, seu livro mais recente, deveria ser de leitura obrigatória para todos nós. Ao menos como modelo de literatura jornalística. Um primor. Ms ele é muito mais. É leitura obrigatória para quem quiser saber sobre a realidade que nos envolve, que de natural não tem absolutamente nada. Imperdível!

Odilon Rocha -   26/11/2015 23:53:58

Caro Professor Quanto ao número 1, bagabundagem intelectual. Pura imoralidade misturada com hipocrisia. Chega, assim. Quanto ao número 2, o Pinóquio, dizem uns, fez um pedido expresso ao Criador para não reencarnar. A concorrência é desleal e a mentira vem sendo vendida a preço inexequível. Quanto ao número 3, confesso que TALVEZ! só com soluções drásticas e duras, além de um trabalho hercúleo de inteligência (que não vem sendo tão eficiente assim quanto se esperava) para desmascarar esses embusteiros criminosos. A Justiça Divina existe, mas, por incrível que pareça, precisa de um impulso. Esse impulso é a fé que Deus deposita nos homens de boa fé, homens de coragem , determinaçaõ, bons, de atitudes dignas, cuja inteligência e discernimento o Poderoso lhes concedeu. É como diz o ditado: " Ajuda aos céus, que os céus te ajudarão". Abraço

Ricardo Moriya Soares -   26/11/2015 11:07:31

A mídia nacional é diretamente responsável pela manutenção do modelo comuno-cartorário-petista (modelo que algumas vezes evolui para uma CRITÁRQUIA corruptamente desmiolada, outras se conservando no mais puro molde orwelliano). Eles (jornalistas, escritores e editores - quando não tele jornalistas!) advém de uma fábrica de incapazes marxistas; incapazes até mesmo de perceber o óbvio: sem dinheiro não há socialismo, a não ser que o grosso da população seja escravizado. Intelectuais, artistas, escritores, professores universitários, jornalistas e outros párias ainda sonham em fazer parte da Nomenklatura, em uma eventual transformação do país numa Coréia do Norte - podem esquecer Venezuela, Equador e Cuba, eles almejam de coração o modelo norte coreano! O grande problema da concepção torpe marxista de um mundo coletivizado é a sua estrutura estéril; quando atingem o zênite socialista, se dão conta que só restaram duas classes funcionais: funcionários públicos e famintos (outrora beneficiados por programas assistencialistas). E então? Sem dinheiro, sem comida e sem ajuda externa - o que farão? Aí o país se desintegra de vez. Um outro modelo coletivista, muito mais velho e bem sucedido é o islamismo - tanto uma religião (culto assassino!) quanto uma força política inquebrantável! A sua estrutura é a de um parasita estranhíssimo, que aos poucos vai dominando um organismo outrora saudável, até tê-lo consumido por completo, gerando um novo ser totalmente subserviente. O que está acontecendo com a Europa, já passou por outros cantos do globo - Pérsia, Indonésia, Norte da África, Ásia Central, Crescente Fértil, etc. É bizarro imaginar que há mais de 100 anos o Líbano era uma nação completamente cristã... a Indonésia era até os idos de 1600 um aglomerado de ilhas budistas e hindus (os holandeses viram toda a transformação!), o grande império persa foi outra vítima impávida, etc. E detalhe, quando o país se islamiza, as primeiras vítimas serão os marxistas e seus idiotas úteis (feministas, verdes, gayzistas, etc.).

Genaro Faria -   25/11/2015 18:54:22

Pari passu: 1. Churchill disse, certa feita, que "não existe opinião pública; o que existe é opinião publicada". Como o vil metal, a braços com maquiavelismo amoral, domina a política nacional, o "quarto poder" rendeu-se à sedução exercida pelo primeiro e maior de todos: o PT, que até há pouco balizava os demais. Está na cara que os chapas-brancas projetaram o futuro por um raciocínio linear, retilíneo como um feixe de raio laser. Todavia, como lecionou a sábia filósofa Dilma Rousseff, "não é possível represar o vento nem prever de onde ele virá". E o vento fez uma curva de 180 graus... - Arriar velas! 2. Roberto Campos, diplomata e economista consagrado, disse que há três maneiras do homem conhecer a ruína: a mais rápida, com o jogo; a mais prazerosa, com as mulheres; a mais segura, seguindo as previsões de um economista. Mas quem afirma ser investimento tirar dinheiro de circulação na economia não faz nenhuma previsão. Diz besteira mesmo. Se Dilma Rousseff é economista, eu sou um elefante listrado voador. 3. Nada pode antagonizar mais um projeto de poder totalitário, seja de natureza civil, militar ou teocrática, do que deixar o povo decidir se quer ser livre ou escravo. Daí que os tiranos precisam instilar o medo nos homens, pelo terror imposto por uma justiça corrupta, pelas armas ou por pesados preceitos que exigem a estrita observância dos fiéis. Cristo não cuidou de criticar as armas nem as leis e sua aplicação injusta - como falsamente afirma a "teologia da libertação" -, mas criticou a lei mosaica que os judeus eram obrigados a obedecer para escaparem da maldição dos fariseus. "Meu jugo é leve", disse Ele. Ora, um tirano não suporta a concorrência, seja ela de um ser carnal ou de um ser espiritual. Servir a um espírito que não sancione a opressão imposta pelo clero de qualquer religião é, pois, uma blasfêmia para eles. Os tiranos, então, são naturalmente inclinados a se unirem para combater a liberdade, política ou religiosa, defendida por seus adversários, que eles tratam como inimigos. Não é sem motivo, portanto, que todo tirano é paranóico, histérico e inapelavelmente perdido em seu próprio labirinto.