Todas as organizações extremistas são, por natureza, totalitárias. Convencidas de estarem fazendo a coisa certa em vista da causa e de seus fins, reagem violentamente quando contrariadas. Sabem que nessas ações e reações acabam prejudicando pessoas que nada tem a ver com o caso, mas isso pouco importa. É preciso quebrar as vitrines para chamar atenção, derrubar a cerca para haver reforma agrária, pichar parede alheia para ser visto.
As mobilizações contra o impeachment da presidente Dilma têm proporcionado abundantes exemplos disso. Foram antecedidas por reiteradas advertências do "general" João Pedro (quebra-quebra) Stédile sobre os raios e trovões que faria desabar no país caso prosperasse o processo contra a mandatária credora de sua admiração e afeto. Não deixou por menos o senhor Aristides Santos, secretário da Contag, em comício realizado no Palácio do Planalto, quando prometeu à presidente da República que sua turma iria invadir gabinetes e moradias dos deputados favoráveis ao impeachment. Ambos ameaçavam a nação com práticas prepotentes e imoderadas, de desrespeito à lei e à ordem. O direito alheio não é nem pode ser empecilho aos objetivos perseguidos pelos portadores de tais enfermidades políticas. Seu querer revolucionário não admite obstáculos. As revoluções fazem as próprias leis. Por bem ou por mal. Pergunto: não prometeu o senhor Mauro Iasi a seus adversários, repetindo Brecht, sob delirantes aplausos do auditório do CSP Conlutas, um bom paredão, uma boa bala e uma boa cova? Pois é.
Foi por isso que há bem poucos dias, em diferentes pontos do país, uns poucos gatos pingados queimaram pneus nas estradas bloqueando por longas horas o transporte rodoviário. Com mais pneus ardendo do que manifestantes para segurar a pressão, atrapalharam a vida de multidões paralisadas no meio do caminho, sem água nem alimento, causando inestimáveis prejuízos. "Sim, é isso mesmo, e daí?", responderiam os admiradores da presidente se indagados sobre as consequências do que faziam.
"Sim, é isso mesmo, e daí?", talvez seja a resposta do juiz Marcel Montalvão, de Lagarto (SE), se inquirido sobre os efeitos de sua ordem na vida de milhões de pessoas. O magistrado, como se sabe, mandou as operadoras TIM, Claro, Oi, Vivo e Nextel bloquearem o aplicativo Whatsapp por 72 horas como punição por descumprimento de alguma determinação que dera. Então, fica assim: do elenco de sanções possíveis, Sua Excelência escolheu essa. Queimou pneus na estrada cibernética, atrapalhando em todo o país, abrangente e indistintamente, comunicações pessoais, sociais e negócios. A caneta da autoridade, por dentro da lei, pode afetar direito alheio tanto quanto a ação de extremistas por fora da lei.
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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
Genaro Faria - 06/05/2016 03:44:01
Prezado Puggina, Permita-me usar seu site para comentar o que acabo de ouvir num vídeo do Políbio Braga. (Eu navego na internet com uma canoa a remo. Sou do tempo do "carrinho de rolimã" e outras tecnologias primitivas). E por isso,até hoje, não aprendi como postar um comentário no site do Políbio. Se a licença que peço me for concedida, eu gostaria de dizer, respeitosamente, que as instituições democráticas previstas na lei fundamental de qualquer república não cogitam que a mesma seja tomada por uma organização criminosa que se infiltrou nos três poderes que a sustentam. Noutros termos, nós não estamos mais lidando com um Collor nem com um Jango. E muito menos com um Jânio Quadros. Não temos, ao menos, um partido de oposição ou um líder político capaz de contrastar um chefe de quadrilha como Lula. Esse hipótese não foi nem seria previsível. Quem estabelece os preceitos de uma organização criminosa não é um legislador constituinte. É daí que a Polícia Federal e o Judiciário, bem ou mal, estão fazendo as vezes do que competiria à política cuidar. Estas são as instituições que, ainda, funcionam. Porque não puderam ser aparelhadas. O fio no qual se pendura nossa democracia. A esperança de que elas prevalecerá. Que a velhice, uma fatalidade crono-biológica, não tenha me tornado excessivamente cético, mas eu já vivi bastante para perder toda a ilusão quanto aos políticos. Embora eu também saiba que não existe solução fora da politica. Infelizmente, porém, a maioria do nosso povo espera tudo do Estado, vale dizer, dos políticos. E desconhece o que é política. Enfim, faz algum tempo que eu espero que você, o Políbio e outros jornalistas democratas publiquem uma carta aberta ao futuro governante. É preciso que ele ouça a voz dessa maioria silenciosa que está abafada pela minoria estridente.Odilon Rocha - 05/05/2016 13:10:48
Caro Professor Aqui vale tudo, até ciclovia sem suporte tecnicamente viável para suportar,...ciclistas! Incrível, não? Até confessar que todos, sem exceção, mas principalmente as autoridades a quem cabe tomar as devidas providências legais, sim, são CONIVENTES. Eis o que afirmo, e lhe pergunto se isso não é uma confissão? http://www.oantagonista.com/posts/os-brasileiros-sempre-souberam E conivência tem enquadramento legal. (E a Globo, transmitindo aquela encenação, em cuja entrevista o Lula, no jardim da palácio do Planalto, soltou a maior mentira do mundo, rindo por dentro, na cara dura, "não sei de nada"? ) Ele não sabia, mas a trupe vermelha sabia! E como!Leonardo Melanino - 05/05/2016 09:40:08
Sobre o bloqueio do Whatsapp, o TJSE, se quisesse as prisões de criminosos, deveria rastrear todos os seus dados, conjuntamente com a PCSE e com o MPSE, além da PF e do MPF. Contudo nenhuns extremismos, nenhuns legalismos, nenhuns moralismos e nenhuns radicalismos são-nos bíblicos e nem constitucionais.Genaro Faria - 04/05/2016 11:47:37
Prezado Puggina, A besta vermelha que luta para trazer o apocalipse ao nosso país desce a rampa numa enxurrada de crimes contra a nação brasileira. Ficou fácil identificar, nesse processo do impeachment de sua musa, a oficialidade das hostes sinistras inimigas da pátria, as quais organizadas nas divisões do PT, PCdoB, Psol e outros. Doravante, porém, não podemos esmorecer na missão de esclarecer aos menos avisados sobre os agentes da doutrina que faz a apologia ao crime e à extinção das liberdade e dos valores éticos e religiosos da civilização cristã ocidental. Não podemos permitir que esse capítulo tétrico se repita em nosso Brasil que os inimigos quiseram entregar a Cuba.Genaro Faria - 04/05/2016 02:18:15
Mandou botar fogo no sofá. Sacrificou o povo como um bode expiatório. O meritíssimo precisa tomar uma aulas para corrigir a mira e dosar as medidas da punição em suas futuras decisões.