Percival Puggina
A grosseria na CPI é termômetro da covardia. Aproveitar-se do poder conferido pelo mandato para ofender os depoentes é atitude reprovável, típica de tiranos e de abusadores. Senadores cobram dos interrogados um respeito que não lhes concedem. Quantas vezes os trabalhos da CPI me fizeram lembrar as assembleias estudantis do início dos anos 60! Militantes da esquerda de então, ensaiavam os mesmos artifícios, a mesma gritaria, os mesmos recursos regimentais para fazer calar a divergência. Mas eram adolescentes e lá havia o recurso da hombridade: “Te espero na saída!”.
Nem naqueles tempos, contudo, o desrespeito da militância esquerdista se voltava contra as colegas. Impensável então, tanto quanto hoje, fazer o que alguns senadores fazem ao interrogar mulheres nas sessões de tortura da CPI. E tudo perante o silêncio complacente da mídia e do feminismo militantes, que só zelam pelas mulheres de esquerda.
Disse bem o Simers em nota de repúdio:
O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul manifesta indignação ao tratamento de senadores às médicas Mayra Pinheiro e Nise Yamaguchi, na CPI da Pandemia. A entidade repudia veementemente constrangimentos submetidos às respeitadas cidadãs, mulheres experientes, profissionais com qualificados currículos e respeito profissional.
O ambiente de hostilidade e absoluto demérito a posicionamentos contrários aos dos questionadores que se direcionaram às médicas, além de expostos preconceitos, denota profundo desrespeito ao ato médico. O fato ataca profundamente toda a categoria, independentemente da atuação de cada profissional.
Mais contundente ainda falou o presidente do Conselho Federal de Medicina, órgão máximo da categoria, em manifestação cuja íntegra pode ser assistida aqui. Afirma o Dr. Mauro Ribeiro:
Infelizmente, aquilo que nós temos visto nessa CPI da Covid é inaceitável, é intolerável, principalmente quando nós vemos médicas, como no caso das doutoras Nise Yamagushi e a Mayra Pinheiro, que estiveram lá recentemente, sendo completamente destratadas por alguns senadores que fazem parte daquela Comissão Parlamentar de Inquérito. Isso, para o CFM, instituição maior da medicina brasileira, é intolerável, é inaceitável sob todos os pontos de vista.
Antes de encerrar lamentando o ambiente tóxico da CPI, o presidente do CFM, dirigindo-se ao senador Otto Alencar por sua conduta em relação à colega doutora Nise Yamaguchi quando depondo à CPI, disse:
O senhor é um médico e deveria refletir sobre aquilo que o senhor fez, a deslealdade que o senhor teve com uma médica mulher. Sua atitude como senador da República poderia, até, ser caracterizada como um ato de misoginia, tamanha a agressividade que o senhor teve naquele momento e a desqualificação que o senhor fez com uma mulher que estava ali convidada.
Creio estar minha opinião suficientemente respalda, seja por minha observação pessoal, seja pelos depoimentos transcritos, aos quais se somaram protestos de outras senadoras e senadores presentes às sessões da Comissão.
Essa CPI faz mal a si mesma e mostra ao Brasil a face sinistra de políticos e partidos que, exatamente por serem como são e agirem como agem, têm que ser mantidos, por opção democrática da sociedade brasileira, longe de posições de mando. São tiranetes em busca de mais poder.
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Zergui Pfleger - 10/06/2021 07:23:50
A ESCÓRIA, o LIXO da Humanidade está camuflado dentro de vistosos ternos, comprados com o dinheiro dos impostos do povo. Cinco meses de trabalho, a cada ano, sendo DESPERDIÇADOS para sustentar politiqueiros dessa laia. Até quando os eleitores brasileiros se submeterão à ESTUPIDEZ, ao insistirem em eleger criaturas de índole tão pérfida?Décio Antônio Damin - 07/06/2021 17:48:49
A "autonomia" para optar pelo que lhe parece melhor para o paciente (que o autoriza a fazê-lo) não confere ao médico o direito de "fazer qualquer coisa que lhe dê na telha". Isto é o que está em jogo! Não cabe ao Sindicato, e nem é atribuição do CFM, tratar de casos de desrespeito às mulheres, de misoginia. O uso da medicação sem eficácia comprovada, e eventualmente iatrogênica, era a questão pertinente ao Conselho, e não ao Sindicato...Enfim, democraticamente, todos podem ter a sua opinião, mas falar em nome de todos os médicos do Brasil, me parece um certo exagero no exercício das funções precípuas! Temos de tentar nos livrar do maniqueísmo que nos divide entre "nós e eles".RONALDO LUIZ TENÓRIO DE OLIVEIRA - 07/06/2021 11:16:35
Esse Senhor Senador que se diz médico não passa de uma aberração entre os pares e poderia sofrer uma punição severa para que não volte a cometer tais crimes e além do mais colocá-lo no seu devido lugar, sem a percepção de que tudo pode.Pedro Fattori - 07/06/2021 11:06:33
E mentir pode? Não pode! E não deve ter lado. Se ajuda e facilita qualquer um dos envolvidos, deprecia e oculta interesses e prejudica a maioria...José Vicente - 07/06/2021 09:09:52
É um pouco fraca a acusação de misoginia. Mas com certeza se poderia levar esse bestial Otto Alencar à Comissão de Ética do Senado por assédio moral.Luiz R. Vilela - 06/06/2021 09:37:47
É! Dizem eles, que isto tudo faz parte da "luta política", e que no amor e na guerra, vale tudo. Toda esta sequência de despautério, é apenas o sintoma principal do despreparo que esta gente demonstra, quando briga pelo poder. O desespero tomou conta da oposição e mídia aqui no Brasil, ficaram sem os "caraminguás" tão fartamente distribuídos pelo lula, e cortado pelo Bolsonaro. A esquerda, é composta na sua maioria por gente sem instrução e sem formação moral, acham que para chegar ao poder, tudo é válido. O senado federal, hoje esta dominado por senadores vindos dos estados do norte e nordeste, alguns até eleito com votação que não lhes garantiria uma cadeira na câmara de vereadores de São Paulo, no entanto são senadores da república, e isto nos leva a pensar que o povo brasileiro esta muito mal representado, e que estados do sul e sudeste, não tem representantes de acordo com sua populações. Ai fica fácil, os pequenos se juntam e passam a exercer um poder avassalador sobre os grandes. É desproporcional a representatividade política. Os da parte debaixo do mapa, não tem mais voz, foram cassados pelos parlamentares da parte de cima. Quanto a grosseria do tratamento as depoentes, é isso mesmo, cada um dá o que tem, e quem não pode argumentar, só resta "escoicear".FERNANDO A O PRIETO - 05/06/2021 05:39:19
Ótimo artigo, como de costume. Mais um absurdo dos políticos! E reação (ou melhor, a AUSÊNCIA TOTAL de reação) por parte dos "defensores dos direitos" e das entidades "defensoras da mulher", conforme destacou muito bem o articulista? E o "jornalistas"? Só defendem o que lhes é conveniente... Sei que houve alguma reação de alguns congressistas (inclusive de uma senadora da oposição), mas acho que deveria ter havido muito mais - e os outros? Concordam com isto? Nem sempre quem cala consente, mas, no caso desses senadores, que estão lá para falar e se manifestar (ganham para isso, e muito bem...) o silêncio é omissão condenável.DONIZETE DUARTE DA SILVA - 04/06/2021 20:16:04
A CPI faz mal apenas a qualquer nação que se acredite existir. Uma não nação a acredita normal.