• Percival Puggina
  • 11/07/2021
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STF, LAVA JATO E LULA CANDIDATO

 

Percival Puggina

 

Guardo um sabor amargo dos episódios. Como tantos brasileiros, festejei a intensa e fértil atuação da Operação Lava Jato. O Brasil, enfim, combatia a corrupção e dava um basta à impunidade dos crimes de colarinho branco, tão bem representados pelas organizações criminosas, pelos bordéis políticos e comerciais naqueles tempos de euforia. Para bem da verdade, diga-se: o modelo operacional do banditismo político e empresarial, simples e antigo, apenas havia ganhado novos operadores e ampliado sua musculatura financeira. A liberdade não é causa de prosperidade? Para o crime, isso é ainda mais válido.

A famosa operação, contudo, tinha dois gumes. Poucos partidos ficaram fora das longas filas que se formaram diante dos confessionários de Curitiba. Qual o motivo daquelas sessões de compunção e arrependimento? O Brasil estava sendo higienizado por uma janela aberta no STF, que, em fevereiro de 2016, permitiu a prisão após condenação em segunda instância. O réu podia recorrer da sentença, mas na cadeia, e tudo ia muito bem até que em 7 de abril de 2018 o ex-presidente Lula chegou de mala na mão à carceragem da PF da capital paranaense.

A partir daí teve início uma série de movimentos dentro do Supremo. O tema da prisão após condenação em 2º instância tornou-se uma espécie de mosca, daquelas chatas, atravessando as sessões da Corte. Aparecia em horas inesperadas, cruzando a agenda. “Esta corte ainda  se debruçará sobre essas condenações”, exclamava certo ministro, indignado com a pressão psicológica e a coerção que a possibilidade de prisão exercia sobre criminosos...  Não é de cortar o coração? Entre cochichos e sorrisos cúmplices, era visível que se formava maioria para reverter a incômoda decisão. A benevolência, dizem os santos, tem esse efeito contagiante.

Em 7 de novembro de 2019, alguns ministros mudaram seus votos anteriores e o STF abriu as portas para que verdadeira multidão de condenados pelos mais variados crimes voltasse às ruas. Entre eles, o primum inter pares, o padrinho da indicação de diversos deles, o estadista de Garanhuns. A Lava Jato estertorou. Para criminosos endinheirados voltou a viger a regra da prisão no day after do Juízo Final.

A estratégia e seu cronograma incluíam outros passos. Lula saíra da prisão, sim, mas quando ensaiou percorrer o Brasil, viajou como um espectro imperceptível, sem charme nem público. Estava condenado, não podia ser candidato e não servia sequer para conselheiro do Corinthians. Para um Supremo que já voltara atrás de decisão sobre prisão em segunda instância era fácil reverter outra e estabelecer que não estava em Curitiba o juízo natural do réu Lula. Mande-se tudo para Brasília. A seguir, na mesma toada, a Corte declara a suspeição de Sérgio Moro.

Pronto. Lula estava apto a concorrer à presidência, tão inocente quanto esteve, um dia, na pia batismal. Mas, e as provas? As malditas provas estavam vivas. Eis que um ministro declara a contaminação e abre portas para a nulidade também das provas. Doravante, será preciso recolher provas novíssimas de antigas velhacarias?

E não falta quem diga ser assim que se faz justiça.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


LUIZ FRANÇA BARROS -   12/07/2021 16:17:59

Em quanto estiver esta composição de Ministros e não for renovado, esquece, basta a esquerda acenar a mão que eles imediatamente param tudo para atender os pedidos de advogados e políticos da esquerda. Guardiões da Constituição, piada isso!!

Nilo Leonardo -   12/07/2021 11:20:59

O governo Bolsonaro esta tendo uma valiosa vantagem, esta fazendo cair todas as mascaras dos políticos cujo Unico objetivo é Roubar e que a justiça praticada pelo stf, é a de compadrio, ocasionando muitas duvida$ $obre as motivacoe$ da liberação destas $entenca$ benevolente$ a bandidagem

Lori Weiss -   12/07/2021 10:44:01

Parabéns, Puggina! Artigo perfeito sobre o STF! Os Ministros deixaram de ser confiáveis, agora são conhecidos como militantes da esquerda, ou melhor, do ladrão de 9 dedos que novamente quer ser Presidente!

Ronaldo Tenório -   12/07/2021 10:20:26

Não há como reagir a esses absurdos do STF somente a indignação, sem qualquer outro procedimento. Acho que somente as FFAA tem a chance de inibição através do art 142 da CF. Mas será que eles tem saco?

João Jesuino Demilio -   12/07/2021 10:14:35

Caro Percival Enquanto tivermos os CANALHAS no STF, nossos esforços serão em vão! Ou tiramos os CANALHAS do STF ou iremos, a largos passos, em direção ao abismo do comunismo e atraso! Ou tiramos os CANALHAS ou vamos condenar as futuras gerações!

Adão Silva Oliveira -   12/07/2021 09:41:48

Sem estresse. Como acredito na lógica, a considerar a assertiva de que a maioria dos brasileiros é conservadora e honesta, Bolsonaro já está eleito em 2022, e Lula, derrotado. Quando estudei lógica, aprendi que a lógica sempre dá certo, a menos que a premissa na qual se assenta esteja equivocada... Torçamos para que 2018 não tenha sido o chamado ponto fora da curva...

Décio Antônio Damin -   12/07/2021 09:36:15

Perfeito...! Anular as provas obtidas, começar tudo da estaca zero, ignorar as confissões e, inclusive, a devolução de milhões e milhões pelos corruptos e corruptores, é um deboche a que este país está, passivamente, se submetendo...!!! Temos mesmo "sangue de barata"?? Estou achando que sim, a despeito de algumas vozes como a tua!! É incrível, chega a ser desesperador...! Por Deus, de uma maneira ou outra, isto tem que acabar...!!!

Luiz R. Vilela -   12/07/2021 08:54:33

Nós, cá desta terra descoberta por Cabral, o navegador português, que não tem parentesco com o ladrão carioca, sofremos de uma espécie de "síndrome de Estocolmo tropical", pois amamos os ladrões que nos roubam. Alguém, algum dia, poderá escrever um livro com o título, "Do cárcere ao planalto", se porventura se confirmarem as previsões que muitos já apregoam. Não é possível que este nosso Brasil seja do jeito que é, onde não mais existem a vergonha, a ética, o respeito e principalmente a honra. Já imaginaram uma operação lava jato lá no Japão, quantos suicídios e haraquiris teriam sido cometidos? A diferença é a cultura e a educação que são dadas aos japoneses e a que são dadas aos brasileiros. Os "cabeças" da tal CPI que ora rola no senado, são há anos acusados de envolvimentos com condutas indecentes, porém os povos de seus estados, sempre renovam seus mandatos. Talvez esteja ai o motivo de se manter o povo na ignorância e no atraso. A lava jato, já achamos que foi apenas um sonho de uma noite de verão, a volta do antigo presidente ao cargo, repõe o Brasil no seu devido lugar. Quem sabe isto tudo um dia mude e possamos dizer aos nossos políticos de então, como no Japão. ARIGATÔ.

ADEMIR BISOTTO -   12/07/2021 08:44:44

A MAIOR VERGONHA DESTE PAÍS CHAMA-SE SENADO FEDERAL. UM SENADO ACOVARDADO, POR PARTE DESTAS EXCELENCIAS, SEM O MINIMO DE PUDOR E CONDIÇÕES MORAIS PARA LÁ ESTAREM. INVESTIGADOS, INDICIADOS, CORRUPTOS CONHECIDOSE E OUTROS QUE VIVEM NA PROMESSAS. #SenadoAcovardado

Roseclair -   12/07/2021 08:36:20

Perdemos uma grande oportunidade. Lamentável! E pior, sem esperanças de que possa haver reversão.

Edison França -   12/07/2021 08:13:48

Pura Verdade! Tudo como dantes no quartel de Abrantes ! Mestre, permita sugerir-lhe que continue o artigo, agora com a volta do Lula ao poder, para fechar o ciclo!!

Menelau Santos -   11/07/2021 18:01:14

Santo STF, padroeiro da bandidagem. Perfeito, Professor.

Márcio Evangelista dos Santos -   11/07/2021 16:27:55

A reação do povo brasileiro foi muito aquém da gravidade da decisão do STF em reabilitar um criminoso e maior corrupto de todos os tempos da República para concorrer à presidência do país. Na verdade aceitamos passivamente esta afronta a nós, maioria de bem e conservadora. É preocupante o silêncio da nossa voz. Vozes Conservadoras O silêncio dos bons já foi preocupante Porém hoje eles têm as redes sociais A hegemonia da informação de antes De obsoleta há muito não existe mais Vozes lúcidas, fidedignas, eloquentes Reverberam neste mundo globalizado Já se sentiram sufocadas impotentes Mas hoje o debate já está equilíbrado A luta há de ser no campo das ideias Das quais prevalecerão as inovadoras Ouvem-se ecos de todas as platéias Agora é vez das vozes conservadoras

José Roberto Alves Nunes -   11/07/2021 12:49:27

Eu também acreditei num país melhor, menos corrupto, mas com um STF, conivente com quadrilhas, minhas esperanças deu Brasil melhor diminuem, infelizmente.