Embora pilote minha churrasqueira com razoável competência, não sou perito em cortes de carnes. Li outro dia que o corte de costela é o mais consumido no Rio Grande do Sul. Pessoalmente, porém, não sou bem sucedido nas ocasiões em que tento assá-las. Repete-se algo que muitas vezes ouvi anfitriões comentarem em churrascadas alheias: "Esta costela não é bem aquela". Entende-se por "aquela", nessa frase, a costela ideal, com bastante carne, pouca gordura, osso delgado, macia e saborosa.
Quando me falam em socialismo, em comunismo, sempre me lembro dessas costelas que não dão certo. As experiências históricas com o socialismo jamais correspondem a "aquele" socialismo ao qual o vendedor de ideologia está se referindo. Você refuga a tese apontando os fracassos do socialismo e do comunismo (este definitivamente saiu do vocabulário com vergonha do próprio nome), e o vendedor de ilusões o interrompe para dizer que "aquilo" nunca foi o verdadeiro socialismo. Mas veja só, enquanto a costela, vez por outra, pode exibir um precioso corte "daquela", o socialismo não tem sequer uma solitária laranja de amostra que possa ser observada no pé da laranjeira. Sua principal sedução é assim apontada por Norberto Bobbio: “O socialismo é cativante porque cada um pode idealizá-lo como desejar”.
A grande acusação que lançam contra o capitalismo ou economia de mercado é a de ser um sistema que beneficia os ricos e responde pela miséria do mundo. No entanto, se dermos uma olhada no mapa da pobreza extrema do World Food Program, veremos que ela se concentra em regiões e nações que não têm e nunca tiveram uma economia baseada na livre iniciativa, no empreendedorismo. Não se conhece um único país cuja sociedade tenha sido rica e que empobreceu devido à sua inserção no mercado global. Do mesmo modo, não se conhece um único país cuja sociedade tenha evoluído econômica, social e politicamente enquanto se manteve num ambiente de economia estatizada e centralizada. Pelo viés oposto, os países europeus e asiáticos que se libertaram do comunismo em fins do século passado e adotaram a economia de mercado encontram-se, hoje, em diferentes mas ascendentes níveis de evolução econômica e social. Tampouco se conhece uma única sociedade que, tendo vivido sob o regime comunista e dele se libertado, manifeste desejo de retornar àquela desgraceira.
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* Percival Puggina (69), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
Ismael Almeida - 14/10/2014 17:40:12
Percival, excelente artigo! Os defensores do socialismo sempre se apoiam no modelo teórico. Quando perguntados sobre Cuba, por exemplo, respondem com um "Veja bem..."!Marcus - 06/10/2014 17:13:09
Fico me perguntando a mesma coisa que o Ricardo Bieri. Alguém por favor nos dê uma luz.Décio Antônio Damin - 06/10/2014 16:57:30
Quando se é jovem se come qualquer coisa e até costela dura! Depois ficamos mais exigentes, não conseguimos mastigá-la direito e, ao engolir, os pedaços quase nos engasgam. Aprendemos a diferenciar uma carne macia de outra dura só pelo jeitão! Mas os caras insistem com a "tal costela" e dizem que nós é que não sabemos preparar!Ismael Façanha - 06/10/2014 01:11:20
Carne de churrasco requer GORDURA para que fique macia e saborosa. Sendo a carne muito dura, requer mais, que seja cozida sobre as brasas envolta em papel alumínio,depois retirado para que ela seja defumada normalmente. Realmente, o sinônimo DIET da palavra COMUNISMO, é SOCIALISMO, que pode significar qualquer visão subversiva da mundo, até HITLER tendo sido socialista. SOCIALISMO É A ARTE DA CIZÂNIA, O PERFEITO OPOSTO DO CRISTIANISMO.Arnaldo - 05/10/2014 11:57:53
Exemplo clássico é o da Alemanha.pedro azevedo nunes de carvalho - 05/10/2014 03:37:18
Puggina, jamais comprei costela para fazer churrasco, esse corte é como o socialismo você nunca irá encontrar o ideal, no caso da costela, com bastante carne. Composição da costela: Osso: 20% Gordura: 20% Matambre: 20% Sebo: 20% Carne: 20% Você tem razão, o socialismo é como a costela, esse sistema só deve ter, se tiver, 20% de virtudes que possam serem aproveitadas.Ricardo Bieri - 04/10/2014 22:18:25
Concordo inteiramente com o internauta Leonardo Vieira e Odilon Rocha em seus comentários;...mas o que mais me preocupa é a tal de "doutrinação" esquerdista; principalmente em nossas Escolas Públicas, Colégios particulares e nas Universidades; tanto as públicas como nas privadas. Pergunto;...como *REAGIRMOS* a este estado de coisas? Não seria o caso de nos *UNIRMOS* em uma espécie de "Direita Democrática- Cristã";...que defenda os valores da Família, da Pátria, da Liberdade, da Moral, da Decência, dos Valores Éticos Cristãos?Leonardo Vieira - 03/10/2014 19:09:22
No Brasil vemos inúmeros defensores do socialismo, que nunca viveram sob tal regime. Querem vender a imagem do paraíso na Terra aos ignorantes brasileiros, feitos sob medida para servir a um Estado idiotizador e autoritário. Faço minhas as palavras do Deputado e Capitão Jair Messias Bolsonaro: "O comunista ama o proletariado, mas nunca quer fazer parte dele, só controlá-lo".Odilon Rocha - 03/10/2014 17:53:55
Percival Outro dia, no Jornal das Dez, Globo News, assisti a uma análise das manisfestações em Hong Kong feita pelo Demétrio Magnoli. Tudo muito bem colocado e tal, inclusive com as datas dos acordos do gradativo abocanhamento da China sobre aquela região. Ao longo das explicações - porque ocorreu mais de uma vez - o analista se referia, pejorativamente, ao governo como "de partido único e totalitário"; nunca como comunista! Eu percebi e fiquei pensando: ou virou palavrão, ou o gramscismo foi abolindo-o aos poucos. Não cogitei safadeza. Juro! Tanto que já se fala em bolivarismo ou bolivarianismo, tanto faz, porque é tudo o mesmo lixo. E assim vamos indo com "manifestantes", "excluídos", "ocupantes", e um monte de palavrinhas que vão sendo inseridas por clara sem-vergonhice de tal sorte que daqui a pouco me sentirei bandido. Abraço