• Percival Puggina
  • 09/07/2015
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SOCIAL-DEMOCRACIA FAVELADA E PAU-DE-ARARA

Desde o trabalhismo de Getúlio Vargas, a partir de 1932, a sociedade brasileira escolheu ser social-democrata. Afinal, todos os países chiques são pelos menos um pouco disso, certo? Por que, então, haveríamos de não ser?

Fizemos a opção pelo welfare state (dito assim fica mais chique ainda) há 83 anos e jamais renunciamos a ele mesmo sabendo que nunca se viu um país pobre tornar-se rico por implantar um "Estado de bem-estar social". Isso só pode acontecer (se é que pode) naqueles que se tornaram ricos com o capitalismo, conforme constatou, por primeiro, o ex-marxista alemão Eduard Bernstein. Mas não há como recolher, desse modelo de Estado, condições para enriquecer um país pobre. Ao optar pelo Estado benevolente, ao qual todos recorrem em suas necessidades, garantidor de direitos reais e imaginários, provedor inesgotável, inclusive das mais insaciáveis demandas, o Brasil fez e faz, ao contrário, uma opção fundamental pela pobreza.

Jamais criamos ou nos ocupamos seriamente dos pré-requisitos do desenvolvimento: a) educação de qualidade para todos, habilitando a juventude brasileira à realização de suas potencialidades e inserção produtiva na vida social, política e econômica; b) estímulos ao mérito e às manifestações de talento em todas as dimensões do humano; c) saneamento básico e adequada atenção à saúde; d) geração da infraestrutura necessária às atividades produtivas; e) segurança jurídica e respeito ao direito de propriedade; f) rigorosa proteção constitucional do cidadão contra o Estado; g) contenção da máquina pública dentro dos limites da capacidade contributiva da sociedade; h) economia de mercado; e i) um modelo político racional que separe Estado, governo e administração.

Tendo optado pelo Estado provedor-empreendedor, inclusive durante os governos sob orientação militar, o Brasil olha para o horizonte eleitoral de 2018 movido pelas mesmas cismas que orientaram os partidos políticos e o eleitorado em todos os últimos pleitos: nenhum candidato do quadrante liberal-conservador, nenhum de centro, todos do centro-esquerda para a esquerda. A crise em que estamos será a pior conselheira para as eleições por vir. Não faltarão candidatos para receitar ainda mais do mesmo veneno a uma nação enferma. Pretenderão resolver a crise do Estado oferecendo ao eleitor mais e mais Estado. Trarão pás e escavadeiras para aprofundar o buraco.

* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.

 


Elaine -   15/07/2015 04:37:48

Este texto foi dos grandes, parabéns!

ALDO LANGBECK CANAVARRO -   12/07/2015 13:00:05

Este artigo é um termômetro, a qualidade do leitor se mede pelo grau de aceitação das suas idéias e pelo entusiasmo que elas despertam! Mas infelizmente as ideias contrárias, dominam a paisagem, e elas conquistam mentes e corações e elegem políticos que nos conservam sempre na vanguarda do atrazo, sim porque é muito cômodo e simpático, defender uma "melhor distribuição da renda dos outros" agora é extremamente antipático defender ideias e princípios que "promovam um aumento da renda do conjunto da sociedade, do país e do governo" isto implica em adotar aquele antigo provérbio bíblico: "colherás o pão com o suor do teu trabalho" mas isto é muito antipático! Esta frase nunca será incluida no discurso de algum candidato, e num plano de ação do governo, deve estar sempre camuflada por uma camada protetora de um "verniz social", para suavizar a força de atrito das críticas dos "socias democratas" de plantão!

rosangela Vieira Goncalves -   11/07/2015 20:05:11

Esse texto chega a ser uma obra de arte para bons leitores, pois é de uma riqueza de informações bastante abrangentes e fundadas. Para os nossos jovens que ainda dormem o sono marxismo-leninismo, se conseguirem acordar a tempo para lerem esse artigo, com certeza nasceria uma política de direita conservadora e democrática para lutar com ética , respeito e muita garra em prol da pátria, família e a fé cristã . Acima de nós está Deus, aqui , somos pátria e família e juntos iremos libertar o Brasil dessas ideologias de esquerda que ameaçam a soberania do nosso país e a dignidade do povo brasileiro.

DAGOBERTO -   11/07/2015 18:32:34

É desanimador ver análises sábias como a tua, caro Percival, só repercutirem no âmbito da minoria verdadeiramente esclarecida deste pobre Brasil (que, como bem dizes, se candidata a ser pobre por muito tempo). Não bastassem os desatinados brasileiros, agarrados ao sonho projetado na Constituição Cidadã, agora vem o Papa carismático dar força à visão equivocada do que seja Justiça social. Para mim, justiça social não é uma dádiva divina, mas o prêmio que só podem conquistar os povos que aplicam o receituário que tu tão bem resumiste, como pré-requisitos do desenvolvimento. Abraços a ti e aos seguidores deste blog.

Darcy Francisco Carvalho dos Santos -   11/07/2015 17:44:20

Puggina, Excelente artigo, como sempre. Mas neste tocaste na ferida, mesmo. A população acaba escolhendo como governo aqueles que se propõem a fazer exatamente o que não deve ser feito. Não é que não devamos olhar para os mais necessitados. Devemos, sim. É para isso é que existem governos. Mas para isso precisamos ter as condições necessárias. Alguém diria que os reajustes salariais concedidos pelo governo Tarso foram injustos? Pode ser que alguns tenham sido, mas a maioria, não. Mas o principal não foi observado, que eram a condições materiais de conceder esses reajustes. E, com isso , o Estado entrou nessa crise sem precedentes. No mesmo caminho está ou estava indo o Brasil.

ARTUS JAMES LAMPERT DRESSLER -   11/07/2015 15:01:53

Prof. PUGGINA, com mira precisa mais uma nas cabeças ocas dos eternos insufladores do coitadismos; só o tempo poderá, por influências vindas do espaço sideral, agir sobre esse nefasto "DNA" do grupelho incorrigível que orienta os votantes "incautos&chiados" . Essa "thruma" e o povo precisava ouvir e estudar profundamente a estória filosófico-política do "três porquinhos".

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   10/07/2015 21:09:17

Mais uma descrição precisa acerca da emperrada construção do Estado brasileiro , professor. Porém, minha modesta percepção política, em mais de 20 anos de observação, detecta que não é necessariamente a sociedade brasileira que optou pela interminável ladainha social-democrata, trabalhista, socialista, ou sei lá o que... Ao contrário, qualquer pesquisa de opinião (não condicionada pelo esquerdismo, é claro) é capaz de constatar que a população, em sua maioria, assume posições conservadoras e preza valores do liberalismo (no sentido econômico ou amplo). Parece que a escola política pela qual os pretendentes à carreira optaram e continuam optando é que levou a este nível de atrelamento às visões do centro para a esquerda. Somente quando os políticos aprenderem a interpretar o que o povo realmente pensa e sente teremos reais mudanças de atitude. E para isto, o ativismo de personalidades como Puggina, por exemplo, é fundamental.

Gustavo Pereira dos Santos -   10/07/2015 15:16:45

Hoje é dia de Santo Olavo. God save Olavo de Carvalho! God save Percival Puggina!

Dudu -   10/07/2015 12:04:25

Parabéns prof. Puggina. Mais um texto esclarecedor. Espero que um dia todos eles cheguem aos nossos jovens para tirá-los dessa tirania de mais de 50 anos de doutrinação marxista nessa terra esquecida por Deus.

RICARDO MORIYA SOARES -   10/07/2015 11:41:26

Mestre Puggina, eu tenho uma fórmula muito simples para alavancar o país das trevas: extinguir a CLT por completo! Acabar com todos os TRTs espalhados pelo Brasil, e ir além disso ao obrigar todos os juízes, procuradores, desembargadores e advogados trabalhistas que prejudicaram deliberadamente milhões de indivíduos honestos e trabalhadores, a devolver cada centavo usurpado por causa de uma reclamação trabalhista sem pé nem cabeça - daquelas tipicamente fomentadas por advogados nefastos, utilizando um idiota útil para acionar uma empresa, ou mesmo pessoa física, para legalmente lhe furtar o suado dinheiro. Engraçado, os próprios Juízes Trabalhistas tem conhecimento que sua situação profissional é abnormal, pois vai de encontro ao princípio máximo da igualdade constitucional perante à lei. Nesta Justiça Fantasiosa, realmente uns são mais iguais que outros. Claro, apenas esse passo (acabar com a CLT) não resolveria todos nossos problemas por tabela, porém já seria um grande passo para a reabilitação de toda a vida econômica (e moral!) da nação. O judiciário como um todo precisar ser ajustado (fim dos embargos excessivos e procrastinações, alteração na linguagem arcaica e propositalmente dúbia, monitoramento constante dos magistrados, extinção dos cartórios, etc.), inclusive na formatação atual dos Tribunais Superiores. E, por fim, a OAB precisa necessariamente deixar de existir na sua atual configuração - tanto faz, pode acabar ou ser recriada em outros moldes, mas como está é sim nociva ao Brasil! Hoje, essa Ordem Bisonha serve apenas aos seus próprios interesses e aos interesses do Foro de São Paulo; em outras palavras, junto com a CNBB, eles representam o edifício do comunismo internacional no Brasil - uma adaga no coração de nossa pátria!

Genaro Faria -   10/07/2015 10:32:11

Quem somos nós? Quando essa questão é filosófica , convém não esperar por um resposta. Porque nossa gênese remete ao infinito. E o que não tem começo nem fim sempre foi e será para nós um mistério. O que a filosofia busca não é a revelação do insondável. Ela nunca teve essa pretensão. Os filósofos, assim como os matemáticos , só queriam descobrir e interpretar a leis que nos governam. E os cientistas não procederam de outro modo. Como disse Einstein: a religião sem a ciência é cega, e ciência sem a religião é manca. Por que um cientista da envergadura de um Einstein uniu a religião com a ciência? Porque a teoria que ele formulou não deu um salto tão gigantesco, e em grande parte contraditório a certezas científicas sobre as quais não caberia nenhum questionamento , se não tivessem "numa visão cósmica" sua inspiração. Eu poderia me estender um pouco mais sobre esse tema que revelaria um Einstein mais genial do que o monstro sagrado da Física que revolucionou a ciência. Mas nós ainda estamos discutindo, como critica com razão o Puggina, se o Estado deve ser corporativista, sindicalista, heterossexual, flamenguista ou gremista. Ou socialista, que é uma salada de tudo isso. Como disse o inesquecível Stanislaw Ponte Preta: O Brasil é o país do futuro - e sempre será. Ao que uma amiga minha acrescentou: E a Argentina é um país do passado, de onde nunca sairá. Quem poderia nos lavar a sério?

Sandro Moreira Mattar -   10/07/2015 10:11:28

Genial a sua afirmação de que o estado do bem- estar social só é possível quando o país enriquece primeiro para depois distribuir seus dividendos. Isto é fato comprovado pela História e pela Matemática. Um país pobre que diz promover o bem-estar da população está apenas mantendo-a na pobreza e na dependência de um governo, geralmente corrupto, para que este se perpetue no poder.

Gustavo Pereira dos Santos -   10/07/2015 07:35:16

Tô rindo muito do meu comentário anterior. Comentei com um amigaço de turma (amizade cinquentenária, atende pelo carinhoso codinome de Xoxó) o trajeto escolhido pelo Dr. Percival para conhecer Wales e a Escocia. Xoxó morou quatro anos no Reino Unido, conhece aqueles pagos como a palma da mão e admirou-se com a coragem do dr. Percival em percorrer estradas medievais com um enorme Volvo, que havia sido alugado por um petista quee entregou o carro na locadora SEM O ESTEPE. Não há dúvida que alugaram um carro amaldiçoado para o Puggina. By the way, Xoxó me revelou que é brincadeira o que fizeram com o dinheiro dos alemães. Portugal construiu a estrada mais moderna e luxuosa do mundo, literalmente paralela aos mais de 300km da excelente Lisboa-Porto. E os gregos fizeram coisas inenarráveis durante a Olimpíada. Depois neguim reclama que o dinheiro acabou e o desemprego está alto. Abraços, Gustavo. ps: o liquidificador chama-se Partido Novo.

Genaro Faria -   10/07/2015 01:23:10

SOU BRASILEIRO, GRAÇAS A DEUS

Odilon Rocha -   09/07/2015 23:55:09

Nunca vou me cansar de parabenizá-lo, Caro Professor, pelos excelentes artigos. Mais um nota 10. Excelente! É um cabo - de - guerra danado! De um lado, esquerda radical. Do outro, esquerda moderada, mas esquerda. Creio que já tenha comentado em outro espaço que não vejo melhoras pela frente. Com ou sem Dilma (óbvio que essa tem de sair, pela Lei). Os peles vermelhas não cederão tão fácil e a coisa pode se complicar. Ainda que o índice de reprovação seja grande. Estou meio cético, ainda mais que o tão esperado resultado da auditoria das urnas não saiu. Eu não esqueci e me pergunto o que foi feito daquilo?

Gustavo Pereira dos Santos -   09/07/2015 20:10:25

Brilhante, like sempre. Alguém disse aqui que a admiração provoca no leitor uma sede de privar com o escritor. Amigos do blog, ontem realizei um sonho: roubei duas horas do precioso tempo do Dr. Percival. Minha contribuição foi ínfima, mas ele me deu um "banho " de política, com destaque para as três possibilidades de impeachment e as "rusgas" entre conservadores e liberais. Nesse particular, sai convencido que devemos colocar conservadores e liberais num liquidificador e o resultado será altamente benéfico para o Brasil, dado que as convergências (Estado mínimo, p. ex.) são muito maiores que as diferenças. Não faltou humor ao didático Puggina, há que registrar o recente turismo pelo Reino Unido. Gaúchos da fronteira são um perigo na direção, Dr. Percival contará em detalhes suas escaramuças pelos pagos britânicos. Adianto que o nosso guru sabe de cor e salteado o nome de todos os borracheiros do Reino Unido. Abraços, Gustavo.

Alceu Dambros Spido -   09/07/2015 17:48:04

Bingo! Tua análise e previsão não tem chance de erro. Abraço.

Dalton Catunda Rocha -   09/07/2015 15:32:20

No geral, o artigo é bom, mas convém lembrar que o Regime Militar investiu pesadamente em infraestrutura e garantiu sim, a propriedade dos brasileiros.