• Percival Puggina
  • 11/05/2018
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SOBRE ESCOLAS E PRESÍDIOS

 

 Em uma conferência proferida em 1982, Darcy Ribeiro foi incisivo: “Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”.

 Darcy Ribeiro era estreitamente ligado a Leonel Brizola, que governou o Rio Grande do Sul de 1959 a 1963 contabilizando, entre suas realizações, a construção de mais de três mil escolas. Desde então, prédios e professores nunca foram, no Rio Grande do Sul, um problema a que se pudesse ou se possa atribuir nossos altíssimos índices de criminalidade. Durante décadas, o estado gaúcho ponteou os indicadores educacionais do país. Era “referência nacional”, dizia-se há algumas décadas, com a também reconhecida “modéstia” sulina.

Como explicar, então, o banditismo e a consequente insegurança instalada nestas bandas? Como explicar que em Porto Alegre ocorram duas vezes e meia mais homicídios/10 mil habitantes do que no Rio de Janeiro e quatro vezes mais do que em São Paulo, tornando-se a capital mais violenta do país fora das regiões Norte e Nordeste? Há algo aí cobrando, dos peritos, as necessárias explicações.

A Folha de São Paulo, em matéria de 17 de julho do ano passado, relatou que a cada dia, em média, quase dois professores são agredidos em seus locais de trabalho no Estado de São Paulo, com agressões que vão de socos a cadeiradas (tais dados só foram obtidos pelo veículo por meio da lei de acesso a informação). Numa pesquisa da OCDE que ouviu 100 mil professores em 34 países, 12,5% dos brasileiros relataram que são agredidos ou intimidados uma vez por semana dentro da escola. Sublinho: tudo isso acontece “dentro das escolas”! E o Brasil é o número 1 nesse lamentável indicador.

Na matéria de O Globo mencionada acima, a pesquisadora Rosemeyre de Oliveira, da PUC-SP, atribui a violência nas escolas à impunidade. Diz ela: “O aluno que agride o professor sabe que vai ser aprovado. Pode ser transferido de colégio - às vezes é apenas suspenso por oito dias”. Ou seja, também aí, no microcosmo da sala de aula, nossa tão conhecida impunidade é a regra, com resultados assustadores.

É possível que Darcy Ribeiro, se vivo fosse, estivesse postulando escola em tempo integral, solução pedagogicamente importante para ocupação do tempo das crianças e adolescentes, reduzindo sua disponibilidade para a influência das más companhias. Mas não creio que seja uma “solução” técnica e financeiramente factível por um setor público saqueado, vampirizado e falido. No RS, com drástica redução do crescimento demográfico, não faltam escolas (ao contrário, há unidades sendo fechadas). A despeito disso, os presídios estão superlotados e, visivelmente, pelos dados sobre ocorrências criminais, há mais bandidos soltos do que presos. É a impunidade no macrocosmo, estimulando a criminalidade e gerando insegurança.

A simples existência de vagas prisionais tem claríssima e indispensável função pedagógica.


* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

 


José Nei de Lima -   15/05/2018 05:11:11

É lastimável ver se país chegar neste estágio de descaso das autoridades competentes em suas funções que deveriam estar muito preocupados com o alto índice de criminalidade, tem que haver um choque de idéias para que tipo de cuidados queremos para o futuro, um grande abraço amigo que Deus nos abençoe e proteja sempre amém.

Dalton Catunda Rocha. -   14/05/2018 22:40:56

Escola pública nunca prestou, nem prestará, no Brasil. Se algum governador ou prefeito deste país quiser mesmo, melhorar a educação, no seu estado ou município; então que faça isto: 1- Privatize todas as escolas públicas. 2- Dê o direito aos pais de escolherem em qual escola particular, eles querem matricular seus filhos, por meio de bolsas de estudo. O resto é só demagogia eleitoreira. Você acha que as escolas públicas funcionam gratuitamente? Enquanto nas escolas particulares, cerca de 70% dos funcionários são professores, nas escolas públicas esta percentagem não passa nem de 40%. O resto é burocracia; corrupta, incompetente e lenta. Sai mais barato e melhor, se usar dinheiro público, para pagar uma mensalidade numa escola particular, que jogar dinheiro fora em escolas ditas “públicas”, mas de fato da CUT, da corrupção e da incompetência. Não concordas? Lembra do tempo (governo Sarney) em que telefonia era monopólio estatal no Brasil? Então,menos de 30% dos brasileiros tinham telefone fixo e um telefone fixo custava o preço de um carro usado, em bom estado. Hoje, 100% da telefonia do Brasil é particular; uma linha ou um chip de telefone celular custa o preço de uma boa pizza grande e, até um gari pode ter um telefone celular no bolso. Somente a privatização plena de todo o ensino básico e médio, junto com a privatização da esmagadora maioria do ensino superior, poderá nos dar a esperança de um futuro melhor, para o Brasil. Em resumo. Com escolas sob o controle de marxistas, estaremos fadados a vivermos num país pobre, falido, corrupto e endividado. Tornar um país pobre, num país rico é raridade, mas a Coréia do Sul conseguiu tal feito, graças aos governos de dois generais de 1961 a 1988. Peço a você, que veja a palestra que começa aos seis minutos e vários segundos do site https://www.youtube.com/watch?v=axuxt2Dwe0A

Décio Antônio Damin -   14/05/2018 18:52:17

Os culpados somos nós! ...todos nós! Somos permissivos na educação dos filhos que tomam as rédeas nas relações familiares e, por comodismo, satisfazemos a sua vontade. A sonegação de impostos, se contabilizada, deve ser amazônica. Quando nos perguntam:" Vai querer nota?", deveríamos chamar o guarda e denunciar o crime. Mas não fazemos nada...! Como cobrar a melhoria da educação e o respeito à autoridade e à hierarquia? Não há dinheiro para pagar professores com dignidade e estimular outras qualidades que se exigem da carreira. Não há dinheiro para construir presídios... Todos reclamam e pedem melhorias! Todos sabem o que fazer, mas não fazem. Devemos invocar o "alguém' e o "ninguém" para uma conversa muito séria e colocar as coisa no devido lugar ! "Alguém" tem que fazer alguma coisa mas "ninguém" não faz nada! Nem vou falar de roubalheira, corrupção e etc. causa e consequência do patamar rasteiro em que chafurdamos...

Marcelo M Boek -   13/05/2018 02:01:01

Absolutamente preciso, e mais uma vez brilhante!! Ainda há alguém lúcido no Brasil. Parabéns!!

Áureo Ramos de Souza -   13/05/2018 00:54:10

Essa me faz lembrar quando certa feita a professora Violeta pediu-me para eu responder sobre países e capitais, me dei mal não sabia de nada, era muito namorador. Estava fazendo admissão ao ginásio. D. Violeta colocu a mão na lingua e disse amanhã quero tosdas capitais na ponta lingua e fiquei no quadro negro de braças abertos até o término da aula. No outro dia fui sensacional e resto deves imaginar. Minha irmã que mandava em mim e me batia me escreveu no Colígio Joaquim Nabuco passei em 18º lugar, terminei o ginásio e o ciêntifico em 1964. Hoje me orgulho de ter apanhado de m~inha mãe, de Neta minha irmã e meu irmão sargento do exercito. Hoje sou casado tenho duas filhas um este ano se forma em Direito, a outra é formada Técnica de Informática e um filho Técnico em contabilidade. TUDO ISSO PORQUE APANHEI PARA SER GENTE e as escolas eram de primeira qualidade. Encerrando Comecei no Grupo Escolar Vidal de Negreiros.

Ronald Albanez -   12/05/2018 23:05:25

Sigo, na integra, a opinião do Sr. Fernando A.O. Prieto. A baderna começa em casa, apoiada por leis absurdas, salvo as exceções, claro!

CLAUDIO SILVA RUFINO -   12/05/2018 20:06:34

O governo de Brizola, tendo como Secretário de Educação o advogado Justino Quintana, traçou uma política de escolas profissionalizantes também, além das célebres escolas de madeira, conhecidas por Brizoletas, para abrigar alunos do então curso primário. O Estado foi dividido em zonas estratégicas, e se iniciou a implantação de escolas comerciais, industriais e agrícolas. Ijui tinha curso de contabilidade particular mantido pelo empreendedor Prof. Guilherme Clemente Koehler, tendo meu pai, Francisco Brazil Câmara Rufino como aluno da primeira turma. Tinha no município uma Escola Agrícola, atual IMEAB, Instituto Municipal Assis Brasil, na época Escola Municipal Rural Assis Brasil. Foi implantada a Escola Industrial 25 de Julho, para formar mão de obra em nível de segundo grau. Raras foram as escolas industriais implantadas. Ijui completou a sua tendo recebido professores paulistas especializados. Tinha Ijui os tres tipos de escola para formar mão de obra em nível de segundo grau. A reforma na educação implantada pelos governos militares mudaram o enfoque, esvaziando as escolas com formação em nível de segundo grau. Mas, as de Ijui continuaram, resultando uma plêiade de jovens com formação técnica pré-universitária. Ocorreu aí a diferença de Ijui com as demais cidades regionais. Nos anos 70 do século passado, em Ijui o futuro era atual. A renda per capita igualava-se a Bélgica e outros paises europeus emergentes. No entanto, o êxodo rural trouxe contingentes populacionais vindos de municípios menores, empobrecendo a população pois não tinham formação profissional ao enfrentamento dos novos tempos. A pretensão de Darcy Ribeiro no sentido de educar a juventude aconteceu em Ijui por algum tempo. Atualmente a UNIJUI contitui representação do esforço e uma Faculdade de Medicina está prestes a ser implantada. As escolas fechadas como afirmado no artigo constitui sinal de uma nova idéia de educação, novas formas de abordagem por nossos jovens nesta época de informação e formação virtual. O ensino como até agora ministrado deixou de acompanhar a evolução. Surgirão novas formas.

Afonso Pires Faria -   12/05/2018 17:13:27

Podem inundar o RS de escolas e de universidade, se for para educar aos moldes do nosso patrono, a coisa só regredirá. Afonso Pires Faria

Fernando A.O. Prieto -   11/05/2018 22:19:29

Em minha opinião, esta degradação do comportamento no ambiente escolar é causada, em grande parte, pela deterioração do ambiente doméstico: a criança , mimada e tendo todos seus caprichos atendidos, ou, no outro extremo oposto, ignorada por pais que não lhe dão atenção, não respeita pai e mãe certamente não respeitará professores e , futuramente, policiais e outras autoridades... Terá de ser controlada por MEDO , e não por convicção. Em grandes populações,isto, se deixado totalmente livre, causará, a longo prazo, anarquia, cujo fim é sempre a tirania. Os pais e mães devem ter em mente que não se pode deixar a criança estudar e fazer apenas aquilo que quer, e gosta ( e quem, nesta tenra idade, já tem gosto clara e definitivamente formado?). Há coisas que o filho ou filha tem de ser obrigado, se isto for necessário, a fazer (por exemplo, estudar a própria língua, fazer cálculos simples da vida cotidiana, aprender a tratar os outros com respeito, falar sem gritar, terminar o que começa...) É o primeiro passo para a auto-disciplina, essencial para a vida em liberdade.