• Percival Puggina
  • 15/09/2018
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SOB OS ÓCULOS DA PERVERSÃO

 

 Sessenta e três mil homicídios – números de guerra civil – são praticados por ano em nosso país. Em igual período, quase seiscentos mil veículos e 1,5 milhão de celulares são roubados ou furtados. Mais de 50 mil estupros notificados. São números impressionantes, assustadores, e justificam a sensação de insegurança e de desproteção em que vivemos.

 Enquanto isso, muitos afirmam, sem pestanejar, que no Brasil se prende excessivamente. Gostariam que houvesse mais bandidos nas ruas! O PCC e o CV concordam. O primeiro, aliás, nesta semana, “desencarcerou” vinte e tantos do presídio de Piraquara... Obedecendo a essa linha negligente de raciocínio, as franquias do semiaberto, da prisão domiciliar e da descartável tornozeleira são concedidas com liberalidade a criminosos que delas se valem como previsível meio de fuga. Em outras palavras, a justiça, a lei e a sociedade perdem quase todas para crime.

Espantoso? Pois tão espantoso quanto isso é ver e ouvir, cotidianamente, formadores de opinião tratar como “partidários da violência” os que, nesse cenário, se opõem ao desarmamento. Estão preocupadíssimos com assegurar a incolumidade dos bandidos e com garantir a bovina passividade das vítimas. Não contentes com a deturpação dos fatos, os protetores de criminosos ainda se dão ao desplante de equivaler o desejo de autodefesa a um suposto anseio por “resolver disputas à bala”, como se estivéssemos tratando de desavenças pessoais e não de cautela para sobrevivência das vítimas.

Pronto! Na falta de juízo, de neurônios, ou na ótica perversa desses palpiteiros, o direito natural à autodefesa e o dever moral de proteger a própria família são apontados como deformações de conduta, sujeitas a juízos éticos que raramente incidem sobre quem comete os crimes e gera a insegurança social. Até os traficantes contam com a silenciosa tolerância da mídia desajuizada.

Por outro lado, ninguém ignora os efeitos desastrosos da erotização precoce da infância, da contínua influência de programas impróprios, da pornografia, da ideologia de gênero e do assédio de desqualificada educação sexual proporcionada em alguns educandários. As crianças brasileiras estão expostas a toda sorte de aberrações, nas ruas, nas escolas e nos meios de comunicação. No entanto, a mídia militante joga sobre quem clama por reação da sociedade e interferência dos poderes públicos para coibir abusos, a acusação de “fanatismo religioso” e “moralismo”!

Fica difícil a vida neste país quando tantos se empenham em transformar virtude em vício e vice-versa.



* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o Totalitarismo; Cuba, a Tragédia da Utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil, integrante do grupo Pensar+.

 


JORGE BENGOCHEA -   16/09/2018 15:02:34

A PERMISSIVIDADE QUE PERVERTE A ORDEM, A JUSTIÇA E OS DIREITOS DO CIDADÃO DE BEM E DA POPULAÇÃO ENCARCERADA PELO CRIME. A quem interessa manter a bandidagem dominando presídios, infiltrados nas comunidades e em liberdade nas ruas para roubar, assaltar, cumprir ordens emanadas dos chefes presos, matar inocentes e executar inimigos, endividados pelas drogas e agentes da lei e da ordem? A quem interessa manter livres e infiltrados nos poderes os corruptos que assaltam o país e tiram direitos do povo? O certo é que isto não interessa ao povo, à sociedade organizada, aos poderes, às instituições democráticas e nem ás vítimas de crime e seus familiares.

Fernando A. O. Prieto -   15/09/2018 23:17:11

A mídia brasileira (e também, com algumas exceções, a internacional) tem muita "consideração" e "pena" com bandidos, encontrando "causas" de sua atitude no governo, na família, na escola, enfim, em todo lugar. Mesmo que esses fatores possam influir, jamais desculpariam totalmente as graves faltas... Onde fica o livre-arbítrio, que todo ser humano (excetuando-se, naturalmente, os deficientes mentais de certos tipos) tem? E a "guerra civil" que vivemos? A pena de morte, aplicada sem julgamento, já existe entre nós e atinge muitas vezes pessoas inocentes... Enquanto isso, o pessoal dos ditos "direitos humanos". aparentemente, acha certas vidas (como a de Mariele Franco) mais importantes que as dos policiais mortos (pelo menos, nunca se manifestam por eles). Hipócritas! "Ai dos que chamam ai Bem, Mal, e ao Mal, Bem, que dizem que o Luz é Treva, e a Treva, Luz,..."

Eduardo -   15/09/2018 13:51:13

Prezado professor e mestre, Excepcional texto/crônica. É a realidade e a verdade em nosso País, nos dias atuais. E o pior é Por favor, parece-me que o segundo e o terceiro parágrafos estão semelhantes. Se necessária a correção, espero ter colaborado; se proposital, desculpe-me a minha falha percepção literária. Estou sempre aprendendo. Agradeço o trabalho que nos dedica com tais percepções expressas em seus textos.