• Reinaldo Azevedo - do blog do autor
  • 05/01/2009
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SIM OU NÏ EXIST?CIA DE ISRAEL?

O Hamas rompeu a tr?a com Israel — a rigor, nunca integralmente respeitada —, e aqueles que ora clamam pelo fim da rea? da v?ma — e a v?ma ?srael — fizeram um sil?io literalmente mortal. Hip?tas, censuram agora o que consideram a rea? desproporcional dos israelenses, mas n?apontam nenhuma sa? que n?seja o conformismo da v?ma. ?desnecess?o indagar como reagiria a Fran? por exemplo, se seu territ? fosse alvo de centenas de foguetes. ?desnecess?o indagar como responderia o pr?o Brasil. O Apedeuta e seus escudeiros no Itamaraty — que vive o ponto extremo da delinq?ia pol?ca sob o comando de Celso Amorim e Samuel Pinheiro Guimar? — aceitam, de bom grado, que Evo Morales nos tungue a Petrobras, mas creio que defenderiam uma resposta militar se o Brasil passasse a ser alvo di?o de inimigos. H?ias, Lula afirmou que o Brasil precisa ser uma pot?ia militar se quiser ser respeitado no mundo. Confesso que, dada a moral ora vigente no Planalto e na diplomacia nativa, prefiro que o pa?tenha, no m?mo, aqueles fogos Caramuru, os ?os que, no nosso caso, n?podem dar xabu... Lula merece, no m?mo, ter um roj?ou aqueles f?ros coloridos de S?Jo?para brincar. ?dever de todo governo defender o seu territ? e a sua gente. Mas, curiosamente (ou nem tanto), pretende-se cassar de Israel o direito ?ea?. Por qu?O que grita na censura aos israelenses ? voz tenebrosa de um sil?io: essa gente ?ontra a exist?ia do estado de Israel e acredita que s? obteria a paz no Oriente M?o com a sua extin?. Mas falta a essa canalha coragem para dizer claramente o que pretende. Nesse estrito sentido, um expoente do fascismo isl?co como Mahamoud Ahmadinejad, presidente do Ir??ais honesto do que boa parte dos hip?tas europeus ou brasileiros. Ele n?esconde o que pretende. Ali? o Hamas tamb?n? o fim da Israel ? segundo item do seu programa, sem o qual o grupo terrorista julga n?cumprir adequadamente o primeiro: a defesa do que entende por f?sl?ca. Ser?ue exagero? Que outra considera? estaria na origem da suposi? de que um pa?deve se quedar inerme diante de uma chuva de foguetes em seu territ?? N? Reinaldo, o que se censura ? exagero, a rea? desproporcional. Tratarei desse argumento, essencialmente mentiroso e de ocasi? em outro post. Neste artigo, penso quest?mais profundas, que est?na raiz do ? a Israel. Como se considera que aquele estado ?ssencialmente ileg?mo, cobra-se dele, ent? uma toler?ia especial. Ali? exigem-se dos judeus duas rea?s particulares, de que estariam dispensados outros povos. Como os hip?tas do sil?io consideram que a cria? de Israel foi uma viol?ia, cobram que esse estado viva a pedir desculpas por existir e jamais reaja. Seria uma esp?e de suic?o. Israel faria por conta pr?a o que v?as na?s isl?cas — em grupo, em par ou isoladamente — tentaram sem sucesso em 1956, em 1967 e em 1973: eliminar o pa?do mapa. D?a consci?ia e no orgulho dos inimigos do pa?a constata? de que ele adquiriu o direito de existir na lei e na marra, na diplomacia e no campo de batalha. A segunda rea? particular guarda rela? com o nazismo. Porque os judeus conheceram o horror, estariam moralmente proibidos de se comportar como senhores: teriam de ser eternamente v?mas. Ao povo judeu seria facultado despertar ? ou piedade, mas jamais temor. Franceses, alem?, espanh? chineses, japoneses e at?rasileiros cometeram ou cometem suas injusti? e viol?ias — e todos esses povos souberam ou sabem ser impressionantemente cru? em determinadas ocasi?e circunst?ias. Mas os judeus?! Eles n?!! Esperam-se passividade e mansid?pouco importa se s?tomados como usurpadores ou v?mas. A anti-semitismo ainda pulsa, eis a verdade insofism?l. Tudo seria mais f?l se as posi?s fossem aclaradas. Acatar ou n?a legitimidade do estado de Israel ajudaria muitas na?s e muitas correntes pol?co-ideol?as a se posicionar e a se pronunciar com clareza: Sim, admito a exist?ia de Israel e penso que aquele estado, quando atacado, tem o direito de se defender. ?o que pensa este escriba. Ou: N? Fez-se uma grande bobagem em 1948, e os valentes do Hamas formam, na verdade, uma frente de resist?ia ao invasor; assim, quando eles explodem uma pizzaria ou um ?us escolar ou quando jogam foguetes, est?apenas defendendo um direito. Mas os hip?tas n?seriam o que s?se n?cobrissem o v?o com o manto da virtude. Como n?conseguem imaginar uma solu? para alguns milh?de israelenses que n?o mar — e, desta feita, sem Mois?para abri-lo —, ent?disfar? o ? a Israel com um conjunto pastoso de ret?as vagabundas: pacifismo, antimilitarismo, rea? proporcional, direito ?esist?ia etc. Na imprensa brasileira, um jornalista como Janio de Freitas chegou a chamar o ataque a?o a Gaza de genoc?o, dando alguma altitude te?a ?ilit?ia pol?ca anti-Israel — embora o pr?o Hamas admita que a maioria das v?mas seja mesmo composta de militantes do grupo. Trata-se, claro, de uma provoca?: sempre que Israel ?cusado de genocida, pretende-se evocar a mem? do Holocausto. Em uma ?a linha, sustenta-se, ent? uma farsa gigantesca: a) maximiza-se a trag?a presente dos palestinos; b) minimiza-se a trag?a passada dos judeus: c) apaga-se da hist? o fato de que o Hamas ? for?agressora, e Israel, o pa?agredido; d) equiparam-se os judeus aos nazistas que tentaram extermin?os, o que, por raz?que dispensam a exposi?, diminui a culpa dos algozes; e) cria-se uma equival?ia que aponta para uma indaga? monstruosa: n?seria o povo v?ma do Holocausto um tanto merecedor daquele destino j?ue incapaz de aprender com a hist?? E pouco importa se os que falam em genoc?o t?ou n?consci?ia dessas implica?s: o mal que sai da boca dos c?cos n?vira virtude porque na boca dos tolos. Em junho de 2007, esse mesmo Hamas foi ?uerra contra o Fatah na Faixa de Gaza. E venceu. O grupo preferiu n?fazer prisioneiros. Os que eram rendidos ou se rendiam eram executados com tiros na cabe?— muitas vezes, as mulheres e filhos das v?mas eram chamados para presenciar a cena. O que ocorreu no centro de seguran?[as execu?s] foi a segunda libera? da Faixa de Gaza; a primeira delas foi a retirada das tropas e dos colonos de Israel da regi? em setembro de 2005, disse ent?Sami Abu Zuhri, um membro do Hamas. Estamos dizendo ao nosso povo que a era do passado acabou e n?ir?olta. A era da Justi?e da lei isl?ca chegou, afirmou Islam Shahawan, porta-voz do grupo. Nezar Rayyan, tamb?falando em nome dos terroristas, n?teve d?a: N?haver?i?go com o Fatah, apenas a espada e as armas. Desde 2006, quase 700 palestinos foram assassinados por rivais... palestinos. ?io a Israel O ? a Israel espalhado em v?as correntes de opini?no Ocidente ?audat?o da chamada luta contra o Imp?o. O apoio ao pa?nunca foi t?modesto — em muitos casos, envergonhado. N??oincid?ia que assim seja no exato momento em que se vislumbra o que se convencionou chamar de decl?o americano. Israel ?isto como uma esp?e de enclave dos EUA no Oriente M?o. As esquerdas do mundo ca?m de amores pelos v?os sectarismos isl?cos, tomados como for? antiimperialistas, de resist?ia. Eu era ainda um quase adolescente (18 anos)— e de esquerda! — quando se deu a revolu? no Ir?em 1979, e me perguntava por que os meus supostos parceiros de ideologia se encantavam tanto com o tal aiatol?homeini, que me parecia, e era, a nega?, vejam s?de alguns dos pressupostos que deveriam nos orientar — e o estado laico era um deles. Mas qu?. A luta antiimperialista justificava tudo. O que era ruim para os EUA s?deria ser bom para o mundo e para as esquerdas. No poder, a primeira medida de Khomeini foi fuzilar os esquerdistas que haviam ajudado a fazer a revolu?... ?ainda o ? ao Imp?o que leva os ditos progressistas do mundo a recorrer ?igarice intelectual a mais escancarada para censurar Israel e se alinhar com as v?mas palestinas. Abaixo, aponto alguns dos pilares da estupidez. Mas o que ?errorismo? Pergunte a qualquer progressista da imprensa ou de seu c?ulo de amizades se ele considera o Hamas um grupo terrorista. A resposta do meliante moral vir?a forma de uma outra indaga?: Mas o que ?errorismo? A luta antiimperialista torna esses humanistas uns relativistas. Eles dir?que a defini? do que ?u n?terrorismo decorre de uma vis?ideol?a, ditada por Washington, pela Otan, pelo Ocidente, pelo capitalismo, sei l?u... Esses canalhas s?capazes de defender o direito que os ditadores isl?cos t?de definir os seus homens viciosos e virtuosos — democracia n?se imp?gritam —, mas, por qualquer raz?que n?saberiam explicar, acreditam, ent? que Washington, a Otan, o Ocidente e o capitalismo n?podem fazer as suas escolhas. E essas escolhas, vejam que coisa!, costumam ser justamente aquelas que garantem as liberdades democr?cas. Se voc?isser que explodir bombas num ?us escolar ou num supermercado, por exemplo, ?errorismo, logo responder?que isso n??iferente da a? de Israel na Faixa de Gaza, confundido a guerra declarada (e reativa!!!) com a a? insidiosa contra civis. Para esses humanistas, a a? contra Dresden certamente igualou os Aliados aos nazistas... Falei em nazistas? Ah, sim: os antiisraelenses gostam de comparar as a?s do Hamas, do Hezbollah ou das Farc aos atos her?s dos que lutaram contra o nazismo. Ao faz?o, n?s?ualam, ent? os v?os terrorismos como tamb?os v?as estados da ordem. No caso, o nazismo n?se distinguiria dos governo de Israel, da Col?a ou de qualquer outro estado que sofra com a a? terrorista. S?erem a paz Aqui e ali, leio textos indignados em nome da paz. E penso que o pacifismo pode ser uma coisa muito perigosa. Chamberlain e Daladier, que assinaram com Hitler o Acordo de Munique, que o digam. Como observou Churchill, entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra e tiveram a guerra. Argumentos que remetem ao nazismo, sei disto, costumam desmoralizar um tanto o debate porque apelam sempre a uma situa? extrema, que se considera ?a, irreproduz?l. A quest? ent? ?omo Israel pode fazer a paz com quem escolheu o caminho da guerra e s?eita a linguagem das armas e da morte. O Hamas ? inimigo que mora ao lado — e, com freq?ia, dentro de Israel. Mas h?s que est?um pouco mais distantes, como o Ir?or exemplo. O que voc?acham que acontecer?uando (e se) os aiatol?estiverem prestes a ter uma bomba nuclear? Em nome da paz, senhores pacifistas, espero que Israel escolha a guerra. E ele escolher?fiquem certos, concordem os EUA ou n? A a? de Israel s?rtalece o Hamas Israel deixou o Sul do L?no, e o L?no foi entregue — sejamos claros — aos xiitas do Hezbollah. Israel deixou a Faixa de Gaza, e o Hamas expulsou de l?s corruptos moderados da Fatah, n?sem antes fuzilar todos os que foram feitos prisioneiros na guerra civil palestina. Isso indica um padr? pouco importa a vertente religiosa dos sect?os. A guerra desastrada contra a fac? xiita no L?no, muito mais poderosa do que o inimigo de agora, significou, de fato, uma li? amarga aos israelenses: se a a? militar n?cumpre o prop?o a que se destina, ela, com efeito, s?rtalece o inimigo. Na pr?ca, ? que pedem os que clamam pela suspens?dos ataques ?aixa de Gaza: querem que Israel dispare contra a sua pr?a seguran? O argumento de que os ataques s?rtalecem o Hamas porque fazem do grupo her?de uma luta de resist?ia saem, n?por acaso, da boca de intelectuais palestinos ou de esquerda. Cumpre perguntar se, no status anterior, havia algum sinal de que os palestinos de Gaza estavam descontentes com os terroristas que os governam. Mais uma vez, est?e diante de uma leitura curiosa: a ?a maneiras de Israel n?fortalecer o Hamas seria suportar os foguetes disparados pelo... Hamas! Como se v?os argumentos passam pelos mais estranhos caminhos e todos eles cobram que os israelenses se conformem com os ataques. A volta a 1948 Aqui e ali, leio que o estado de Israel s?defens?l se devolvido ?emarca? definida pela ONU em 1948. Digamos, s?ra raciocinar, que se possa anular a hist? da regi?dos ?mos 60 anos... Os inimigos do pa?considerariam essa condi? suficiente para admitir a exist?ia do estado judeu? A resposta, mesmo diante de uma hip?e improv?l, ?Ï. Mesmo as fac?s ditas moderadas reivindicam a volta do que chamam os refugiados, que teriam sido expulsos de suas terras — terras que, na maioria das vezes, foram compradas, ?om que se lembre. Tal reivindica? ??a maneira obl?a de se defender que Israel deixe de ser um estado judeu — e, pois, que deixe de ser Israel. E isso nos devolve ao come?deste texto. Aceita-se ou n?a exist?ia de um estado judeu? Israel est?uito longe, no curt?imo prazo, dos perigos que, com efeito, viveu em 1967 e em 1973. N?obstante, sustento que nunca correu tanto risco como agora. Desde a sua cria?, jamais se viu tamanha conspira? de fatores que concorrem contra a sua exist?ia: — a chamada causa palestina foi adotada pela imprensa ocidental — mesmo a americana, tradicionalmente pr?rael, mostra-se um tanto t?da; — o antiamericanismo, exacerbado pela rea? contra a guerra no Iraque, conseguiu transformar o terrorismo em a? de resist?ia; — os desastres da era Bush transferem para os aliados dos EUA, como Israel, parte da rea? negativa ao governo americano; — os palestinos dominam todo o ciclo do marketing da morte e se tornaram os exclu?s de estima? do pensamento politicamente correto: o que s?300 mil mortos no Sud?e 3 milh?de refugiados perto de 500 mortos na Faixa da Gaza, a maioria deles terroristas do Hamas? A morte de qualquer homem nos diminui, claro, claro, mas a de alguns homens excita mais a f? justiceira: a dos sudaneses n?excita ningu?..; — um estado delinq?e, como ? Ir? que tem em sua pauta a destrui? de Israel —, busca romper o isolamento internacional aliando-se a inimigos estrat?cos dos EUA; — a Europa ensaia dividir a cena da hegemonia ocidental com os EUA sem ter a mesma clareza sobre o que ? o que n??ceit?l no que concerne ?eguran?de Israel; — atribui-se ao pr?o estado de Israel o fortalecimento dos seus inimigos, num paradoxo curioso: considera-se que o combate a seus agressores s? fortalece, ignorando-se o motivo por que, afinal, ele decidiu combat?os... Sim ou n??xist?ia de Israel? Sem essa primeira resposta, n?se pode come? um di?go. Ou romper de vez o di?go. Sem essa resposta, o resto ?onversa mole.