• Percival Puggina
  • 29/02/2016
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SHORTINHOS, FEMINISMO E MACHISMO

 

 Fui e continuo sendo fã de Millôr Fernandes, que abria suas festejadas páginas afirmando - "Livre pensar é só pensar". Por vezes, essa frase me vem à mente clamando por um adicional: "Mas quem não for capaz disso, não me faça perder tempo".

Foi o que senti ao saber da polêmica sobre o supostamente inalienável direito humano ao uso dos shortinhos pelas alunas do Colégio Anchieta. Analistas de reconhecido pêlo ideológico alinharam-se com as jovens e não duvido de que, em breve, o STF esteja decidindo sobre o direito que as pessoas têm de se vestir como bem entenderem. No ato de protesto, as alunas portavam cartazes e, num deles, se lia: "O machismo não decide a minha roupa".

Não conheço macho da espécie que se sinta aborrecido ou ultrajado diante de uma jovem de shortinho. Bem ao contrário. Portanto, essas alunas estão deliciosamente a serviço do machismo! Será necessário desenhar? E estão se prestando, também, ingenuamente, a uma causa que menospreza a liberdade individual. A linha política e ideológica que veio em socorro dos shortinhos é a mesma que, alguns metros adiante, estará tachando de burguesas tais modinhas e grifes. A pauta supostamente feminista em que estão envolvidas é uma pauta internacional, de natureza política, velha há mais de meio século. Tem por método dissociar a liberdade dos devidos parâmetros de responsabilidade e autoridade. E tem por finalidade, destruir a autoridade e a responsabilidade. Não, não é para assegurar a liberdade que o faz, mas para combater a civilização que produz esses shortinhos pelos quais as referidas alunas inflamadamente lutam.

Nos Estados Unidos, há bom tempo, jovens da mesma idade portavam cartazes dizendo: "I dress up for myself!. Seria mesmo? Será mesmo? Duvido. É muito improvável que alguém se vista apenas para si. Vivemos em sociedade, como seres individuais e sociais. Estamos, fisicamente, em sociedade, com os outros. A menos que seja um ambiente deserto, sempre haverá outras pessoas onde estivermos. O que denominamos de nossa imagem é algo que transmitimos aos demais. É por isso que as diferentes instituições estabelecem normas sobre vestuário e insubordinar-se ante elas não é um serviço a coisa alguma. Aliás, quase podemos dizer que nossa imagem não é nossa, tão relacionada é com o modo como somos vistos. É por esse fato singelo da vida que existem roupas adequadas a cada situação de convívio social.

Penso estar tratando de algo que nosso país exibe e grita ao mais desatento observador. O Brasil vale por um workshop sobre como a liberdade sem limites acaba com a liberdade de todos. Ademais, convenhamos: com o país do jeito que está, despender energia e mobilização protestando por shortinhos é o cúmulo da alienação!

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Fabio Reis -   05/03/2016 12:46:08

esse movimento só é para doutrinar essas marionetes do PSOL. Essas meninas devem ser expulsas da Escola , se nao enquadrarem-se nas normas da mesma. Isso sao regras e regras sao para serem seguidas. Ademais , ninguem as obriga a estudar no Colegio Anchieta. Procurem outro Colegio , se o mesmo nao adotar o shortinho como uniforme. Bando de Alienadas.

Carlos Edison Domingues -   01/03/2016 02:09:17

PUGGINA Congratulo-me com o teu artigo.Lamento a falta de autoridade e seriedade , especialmente, na maneira de vestir das filhas, por parte de pai e mãe que justificam este comportamento Em um colégio , não é o fato de ser paga a mensalidade, que permitirá quaisquer tipo de vestimenta. Esta formação de família poderá ter um custo elevado mais adiante. Carlos Edison Domingues

Odilon Rocha -   01/03/2016 01:47:26

Caro Professor Bem ao sabor do "grandiloquente manifesto" impetrado pelas alunas, temo que 'short', palavra de origem inglesa que significa, entre outros significados, curto, limitado, deficiente, vulgar (igual ao português), são suas mentes. Sem exclusão dos pais. Esses são ' shortest'. Quando a gente pensa que a coisa vai, ...fica só pensando. Pelo menos, isso!

Ismael de Oliveira Façanha -   01/03/2016 01:40:38

Le Brésil n'est pas un pays serieux” – “O Brasil não é um país sério” teria dito, segundo a lenda, o general Charles De Gaulle. Mas convenhamos, estando o Rio Grande do jeito que está, falido, e as patricinhas da "elite branca anchietana", metidas a PSOL, se ocupando e se preocupando, com moda de verão!

Gustavo Pereira dos Santos -   01/03/2016 01:03:45

Saleiros, shortinhos e muito besteirol servem para desviar o foco do caos nacional. Dr. Percival, seu último parágrafo disse tudo. Abraços fraternos.

Jose Antonio -   29/02/2016 23:04:55

Ismael faltou que dizer elas não são alunas são clientes e como tal devem ser tratadas. Outro detalhe muitos pais não enxergam que suas filhas cresceram, mas compara-las a bebês é insano. Qual o mendo que você vive Ismael? Até nos conventos sabe-se que não é mais assim.

Jorge Santos -   29/02/2016 22:26:02

Pela lógica do sr. Ismael Oliveira, se elas quiserem ir de lingerie ou fio dental, não tem problema. Afinal, é a vontade delas. E, ainda, se as médicas do Rio de Janeiro, que é muito mais quente do que POA, quiserem ir de minissaia ou shortinho para os hospitais, esses não podem impedi-las. Indo pouco mais além, se um rapaz que inicia o serviço militar se recusar a raspar o cabelo, mantendo-o nos ombros e nos olhos, não tem problema. A Instituição que se vire pois o mimado tem "vontade própria". Ora, faça-me o favor!

Isaque Samuel -   29/02/2016 20:18:38

Esse Ismael de Oliveira só pode tá brincando.

maria-maria -   29/02/2016 15:45:21

Retrato sem retoques de um grupo social alienado, mal educado, avesso aos costumes que embasam uma sociedade minimamente civilizada. Se a escola, pelas normas disciplinares, que segue, não convém às emancipadas jovens, que procurem outra mais "liberal". Afinal, as jovens pertencem a uma casta que se pode dar o luxo de pagar escolas caras. As desocupadas querem igualdade sexual? Então vistam bermudões abaixo do joelho como fazem os rapazes. É assustador que isso que aí está seja o modelito acabado da geração que, logo adiante, estará em posição de mando; com essa ideologização esquerdopata, as aguerridas figuras poderão optar - por que não ? - pela rasteira politiquice desta republiqueta rumo à barbárie. Shortinho? ! Shortinhozinho.

Paulo Copetti -   29/02/2016 14:05:22

Caiu de vez o shortinho! Quer dizer, a máscara do PSOL, Juntos (braço estudantil, a UJS do PSOL) e etc... Olhem esse vídeo do "Juntas" (obviamente o link na página do FB remete para a página do "Juntos". https://www.facebook.com/juntascoletivo/videos/527149607410253/?hc_location=ufi Já tem até uma guria (Vanessa) do Juntos de São Paulo !!! Me diz se isso não tira toda e qualquer legitimidade e principalmente, qualquer espontaniedade do movimento, que fica parecendo uma coisa orquestrada. E olha o FB da Fernanda Melchiona vereadora do PSOL): https://www.facebook.com/fernandapsol/?fref=nf "Incrivelmente as meninas ainda tem que se mobilizar pelo direito a usar as roupas que quiserem, incluindo shorts. Vários relatos de estudantes retiradas de sala de aula por conta da sua vestimenta fizeram parte das denúncias das meninas. “Esse assunto surgiu há muito tempo e todo ano eu sempre questiono essas normas do vestuário. Eles [diretores do colégio] estão com uma ideia um pouco errada do movimento. Eles acham que a gente quer usar só porque os meninos podem usar. Mas não é isso simplesmente. A gente quer se inserir na sala de aula esse tipo de discussão. Sobre feminismo, sobre questões de gênero”, afirma ela, que também é aluna do 2º ano do Ensino Médio." Questões de gênero ? Mas a "Ideologia de Gênero foi rejeitada nos currículos escolares, nos planos Nacional, Estadual e Municipal !!" Querem debater o quê ? E a nossa querida Luciana "MacBook Pro" Genro ? Ou Luciana "Saúde Bradesco Empresarial" Genro...Não perdeu a oportunidade de capitalizar (sim ela é candidata a Prefeitura) votos na juventude iludida: https://www.facebook.com/LucianaGenroPSOL/photos/a.141045489273694.22032.124632230915020/1104126392965594/?type=3&theater

Percival Puggina -   29/02/2016 11:14:51

Prezado Ismael, peço vênia para discordar de tua discordância. Deverias ler o manifesto das alunas para ver o quanto o assunto está ideologizado. Aqui vai apenas um trecho, tipo meia palavra bastante ao bom entendedor que és: "O Colégio Anchieta diz ser um colégio que ensina a pensar e fazer o futuro, mas nós não vemos nada de futuro em suas aulas e suas políticas. Não discutimos temas atuais, fenômenos sociais; não aprendemos política; nunca ouvimos falar de feminismo, machismo, sexismo, racismo e xenofobia em sala de aula; não aprendemos sobre opressão de classe, gênero e raça; não nos falaram sobre o desastre da Vale/Samarco nem sobre as operações anticorrupção acontecendo no Brasil; não nos explicam sobre cotas para universidade; não nos ensinam a diferença entre opinião e discurso de ódio; não nos ensinam o mínimo para compreender e para viver em sociedade. A prioridade é ensinar para o ENEM e vestibulares, entendemos. Mas a educação social e política não pode ser deixada de lado. É por meio dela que construiremos uma geração melhor que a anterior; é por meio dela que criaremos um mundo onde mulheres não serão julgadas e humilhadas pelas roupas que escolhem vestir, pela forma que tem ou por quantas pessoas já transaram; é por meio dela que acabaremos com a realidade de que, a cada 2 minutos, 5 mulheres são espancadas no Brasil e, a cada 11 minutos, 1 é estuprada; é por meio dela que criaremos um mundo onde cotistas não precisarão ouvir que “roubaram a vaga” de alguém que estudou a vida inteira em colégio particular; um mundo onde mães de crianças negras tenham certeza de que, no fim do dia, seus filhos voltarão pra casa; um mundo onde não perderemos mais vidas para a Guerra Às Drogas; onde mulheres não morrerão em clínicas clandestinas de aborto; onde a religião e a política não se misturarão; onde o capital não será mais importante do que a vida; onde os problemas de hoje serão solucionados." Se quiseres a dose inteira, ela está aqui: http://www.sul21.com.br/jornal/alunas-do-anchieta-protestam-pelo-direito-ao-short-o-machismo-nao-decide-a-minha-roupa/

Ismael de Oliveira Façanha -   29/02/2016 01:42:29

Discordo, e não se deve ideologizar questões de mero costume. Repito, data maxima venia: Ora, as meninas foram ao Anchieta em shorts com permissão dos pais, que sustentam a escola, juntamente com o governo federal, que a subsidia; é tudo uma questão de moda; elas não têm a mente maldosa dos que as censuram, são bebês. Anátema aos corações apodrecidos que lhes pespegam intenções eróticas. "Honi soit qui mal y pense": Envergonhe-se quem nisto vê malícia...

Susana -   29/02/2016 01:33:51

Para completar a imagem do inferno, nada melhor do que um desfile de shortinhos e mini-shortinhos ( existe sim, só não sei se é com hífen), com uma música sertanojo intercalada com um funk bem ultrajante, em alto e bom som, em nossas ruas e invadindo nossas casas.

Douglas de Albuquerque -   29/02/2016 01:18:16

Texto que reflete a alma e deserto da cultura do vazio no atual País em que vivemos.