Percival Puggina
Passa longe da realidade, sem sequer tangenciá-la, a afirmação de que Bolsonaro causou ou agravou a divisão política do país. O atual presidente é resposta às insanidades e estragos causados pela esquerda no período em que, hegemônica, enxertou antagonismos, rupturas e violência na sociedade brasileira.
Os 24 anos em que vigeu o falso antagonismo entre o PSDB e o PT foram de dormência e completo abandono do campo político pela direita, capturada na armadilha retórica de duas esquerdas que disputavam o poder entre si.
A hecatombe do petismo favoreceu o despertar das consciências. Princípios e valores comuns à ampla maioria da sociedade estavam sendo submetidos a uma erosão sistemática. Contribuíam para isso todos os setores de influência cultural. Viu-se com clareza, então, a necessidade de uma restauração que era e persiste muito simples em seus fundamentos. Quanto aos fins: liberdade, ordem, progresso, segurança, justiça e paz social. Quanto aos princípios: dignidade humana, soberania popular, democracia, amor à pátria, liberdade econômica, pluralismo, direito de defesa, direito à vida, direito à propriedade, valorização da instituição familiar e sua proteção.
Desnecessário dizer quão distantes disso fomos sendo conduzidos, a contragosto, durante tantos anos!
O atual presidente emergiu dessa voragem cultural e política. Contra tudo que era considerado politicamente relevante, sem partido, sem dinheiro, sem tempo de TV, saiu do baixo clero da Câmara dos Deputados para vencer o pleito de 2018. Mas isso não aconteceu de uma hora para outra. Começou anos antes, quando viu o que ninguém mais viu e agarrou a oportunidade com uma tenacidade que ninguém mais teve. Que bem lembro, foram de três a quatro anos de trabalho, abrindo espaço e reunindo apoio nas redes sociais, para transformar em votos algo que estava na intuição ou na percepção de tantos.
A vitória sobre forças tão poderosas causou iras cósmicas. Para impedi-lo de governar, desabaram sobre ele todas as perversões de nosso absurdo sistema de governo. Foi e continua sendo boicotado. Seus próprios limites, testados. Não lhe faltou facada real. Não lhe faltaram punhaladas virtuais. Seus defeitos ganharam visibilidade. E também suas virtudes. A história é longa, mas é recente e conhecida.
Estamos a apenas 12 meses da data limite para que os partidos escolham seus candidatos. Logo após, começa a propaganda eleitoral. E vejo pessoas falando em “terceira via” para a eleição presidencial! Estimadíssimos leitores! De que ventre nasceria esse fenômeno politico-eleitoral, nos nove meses de gestação que faltam para a filiação de futuros candidatos? Querem um prodígio saído das fraldas, mas pronto e acabado, capaz de atrair 60 milhões de votos?
Esse seria um bom caminho para devolver o país à tragédia representada pelo conhecido arco de alianças que se congregará em torno de Lula. Examine um a um os grupos que querem e agem para a volta de Lula ao poder. Até hoje não ouvi de deles qualquer referência a uma terceira via. Essa ideia sonâmbula, estapafúrdia, só tira votos do lado direito e não mexe no estoque da esquerda.
Por fim, como pensar em terceira via quando, sem partidos, sem bancadas, sem organização municipal, sequer esboçamos uma segunda via em nosso país? Quanta falta de realismo!
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Carlos Edison Fernandes Domingues - 17/07/2021 12:16:24
PUGGINA " " arco de alianças" no qual alimentei esperança foi estruturado por Geraldo Alkmin; deu no que deu 1 "Terceira via" é brasa assoprada pela esquerda e alimentada pelos ilusionistas do centro. Os que acreditamos na liberdade de pensamento, na estrutura da família e no fortalecimento do Brasil para enfrentar o comunismo internacional já temos o MESSIAS para a Presidência da República. Carlos Edison DominguesLuiz R. Vilela - 16/07/2021 08:21:37
O Bolsonaro, desde que venceu as eleições, atraiu a ira da esquerda e simpatizantes. Passou a ser chamado de protótipo de ditador, nazista, fascista, golpista e por ai afora. Até hoje não conseguiu governar, tudo que faz é contestado pela oposição que recorre ao STF, que tem sua composição quase toda nomeada por governos anteriores. Agora mesmo, a tal oposição anda "urubuzando" a saúde do presidente, não faltando quem deseje que ele "passe dessa para a melhor". Cobram dele respeito e obediência a democracia, sendo que até agora, nunca se arredou um milímetro dela. Porém a incoerência é a marca registrada dessa gente. O lula anda a elogiar e defender a ditadura cubana, sem que haja qualquer contestação, nem sequer foi chamado por Alexandre Moraes, para depor no inquérito contra atos anti democráticos. O lula pode, como o papa, é detentor da infalibilidade, pelo menos para o petismo. A imprensa brasileira, anda num frenesi doentio pelo impedimento do Bolsonaro, que acredito que se não acontecer, muitos "medalhões" da mídia, não sobreviverão. Se reeleito for, ai sim, mata do coração o resto da torcida contra. Bolsonaro já se parece um "Brancaleone", que comandando uma "incrível armada", vai vencendo os oponentes pelo cansaço. Se ele não morrer, mata a oposição e a mídia, apaixonadas pelo lula.José Rui Sandim Benites - 15/07/2021 15:08:43
Sempre lúcida as palavras do professor Puggina. Mas início o meu texto pelo estudo da matemática. Muitos docentes não querem que os alunos decorem a tabuada. Quando nos outros com mais de 60 anos ou menos, sempre estudamos a matemática decorando a tabuada. Mas porque início com a matemática, haja vista, que o congresso está votando a lei orçamentária. Aumento de 2 bilhões para 5,8 bilhões para o fundo eleitoral. Aumento para 17 bilhoes para emenda parlamentares. Muito acima dos orçamento da infraestrutura e demais orçamentos do governo. Nao tem fundamento. Um trilhão e seiscentos bilhões para pagar juros dos empréstimos dos governos anteriores. E muitos políticos não querem ter teto de gastos. Não há fundamento. E estas são as prioridade do dinheiro para políticos. Ou deve ter prioridade na educação, saúde, segurança, infraestrutura. Não, não pode a população conhecer matemática, não pode conhecer o orçamento. Quando se tem uma luz no fundo do túnel. Os gastadores do dinheiro público, tendo como cúmplices a grande mídia querem derrubar. E eleger um "lider" ignorante, pródigo, narcisista, que não conhece o vernáculo pátrio e cuja faculdade que possui e o da intriga. Posso entender que encanta quem não tem estudo. Mas não entendo os que tem estudo e trabalhe possa se encantar com a serpente.José Citolin - 15/07/2021 11:31:40
Sua análise como sempre lúcida e muito pertinente. Parabéns pelo belo texto.Ezidro - 15/07/2021 11:05:28
Certeiro