• Percival Puggina
  • 31/10/2018
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SECTARISMO E INTOLERÂNCIA NA UNIVERSIDADE PÚBLICA

 

Qual é o problema de vocês? Quem lhes disse que a nação está interessada em custear uma universidade para ser transformada em feudo esquerdista, de onde a divergência é expulsa a gritos e atos de selvageria intolerante? De onde lhes vem essa pretensa superioridade moral quando os frutos mais amargos da história são colhidos nas suas bibliografias? Querem uma universidade para a esquerda, criem uma. Querem duas, criem duas, criem três, criem quantas quiserem. Mas não usurpem o que pertence a todos! A universidade tem autonomia para que o pluralismo seja possível; não para que seja impedido!

Desculpem-me os demais leitores, mas eu precisava mandar a mensagem acima às universidades públicas. Há muitos anos, notadamente na área de Humanas, elas foram tomadas de assalto pelo pensamento esquerdista. Tornaram-se, no Brasil, versão acabada do que Antonio Gramsci denominava “intelectuais coletivos” – grandes centros de formação e difusão do pensamento do partido.

É patrimônio nacional, custeado pela sociedade, escandalosamente usado para serviço político e ideológico tão explícito quanto desonesto, onde se ocultam autores liberais e conservadores, relegados ao mais empoeirado ostracismo.

Os males se consolidam ao longo dos anos porque protegidos com o inexpugnável escudo da autonomia universitária. Toda divergência é castigada sob o manto sagrado dessa autonomia! Ela é invocada para encobrir abusos e para que, atrás de seus muros, a verdade seja torturada. Dirão que a verdade merece porque ela mesma é coisa de fascista, que a história dos crimes praticados em nome das ideias que defendem também é fascista, que o combate à corrupção é fascista, que o enfrentamento à criminalidade é fascista, que os ideais de liberdade econômica e empreendedorismo são fascistas. Só a esquerda não é fascista, nesse vocabulário bronco de militante chapado.

A água do batismo da universidade é a cristalina abertura ao universo do conhecimento. Nobilíssimo atributo! Ela tem autonomia para que isso seja possível. Não para que seja impedido!

Vê-la convertida em mera caixa de ressonância desses chavões vulgares que a esquerda produz e embala não os faz sofrer? Não os sensibiliza pensar em tudo que ela deixa de promover enquanto mentes jovens vão sendo zelosamente calafetadas e lacradas, inibidas de buscar a verdade? Dezenas de campi universitários, nos estertores da campanha de Fernando Haddad, dito o Poste, registraram consequências disso.

No sprint final da disputa pelo voto, de modo simultâneo e coordenado, universidades públicas de nove estados sediaram agitados eventos “antifascistas”, artimanha com que, combatendo Bolsonaro, ajudavam Haddad. Os juízes entenderam os atos pelo que de fato eram: propaganda eleitoral em órgãos públicos. E trataram de sustá-los, mas a ministra Cármen Lúcia determinou a suspensão das medidas.

Disse ela: que as ações dos TREs e da Polícia Federal "impediam a manifestação livre de ideias e divulgação do pensamento nos ambientes universitários”. Foi secundada por Dias Toffoli, presidente do STF, para quem o Supremo "sempre defendeu a autonomia e a independência das universidades brasileiras, bem como o livre exercício do pensar, da expressão e da manifestação pacífica".

Na última quarta-feira o STF, por unanimidade, manteve a decisão da ministra Cármen Lúcia, relatora do caso ao plenário. Assim, as palavras são usadas para consagrar como nobre o uso vicioso do espaço universitário e dar por são, legítimo e plural, o que é rasgadamente enfermo, ilegítimo e sectário. Pelas mãos do STF, converte-se o ambiente acadêmico em casamata portadora de uma dignidade negada pela prática. Quem duvida, assista aqui cenas dessa “plural liberdade de manifestação e expressão”. São sempre os mesmos, contra os mesmos, fazendo o mesmo, em toda parte.

Será que os ministros do STF, vendo estas cenas tão comuns, dirão que elas correspondem a um bem merecedor das palavras que lhe dedicam?

 

* Percival Puggina (73), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 

 


Paulo César Soares Buschinelli -   05/11/2018 20:48:14

As Universidades Públicas devem dar retorno para a coletividade, como exemplos deveria haver bolsa de estudos somente ao melhor aluno, este aluno trabalharia para o serviço público para pagamento do benefício recebido. Também tendo didática seria convidado a fazer parte do quadro de professores, teríamos a seleção natural dos melhores. Os outros alunos pagariam a bolsa dada pelo governo pelo valor de mercado da melhor escola. Opcional. Tambem seria o pagamento em serviço caso não tivesse condições de pagar as mensalidades, em qualquer graduação, desde a inútil sociologia, antropologia, ciências sociais, arquitetura, teatro, cinema, pois estes teriam à obrigação de trabalhar fora da política e junto aos necessitados.. Todos os que fossem trabalhar fora da área de estudo cursado devolveriam o valor emprestado com juros corrente de mercado, pois oneraram o sistema escolar educacional e tiraram o direito de outros estudarem e exercerem a profissão. Posso citar exemplo o palhaço Arrelia formado na Faculdsde de Direito usp, outro exemplo seria o Ator Paulo Autran também estudante de Direito e outros tantos casos em Engenharia na Politécnica da usp formados e trabalhando para o sistema financeiro. Curso Superior todos com bolsa paga pelo Governo e restituído ao Governo, seria obrigatório produção social em qualquer seguimento conforme metas da nação, como foi planejada as universidades e desviadas da sua finalidade social, caso a universidade não se sustentem falta qualificação na gestão, e falta metas planejadas!! Está na hora de resultados e retorno ao Brasil.

Marcelo panarotto -   04/11/2018 15:52:56

O marketing gramcista prima na sociedade esquerdista inversão de valores, implementação ideológica através de formadores de opinião,ataque a ética moral e religiosa enfim..o fundamentalismo rotulado de democracia

Carlos Edison Domingues -   01/11/2018 17:41:45

PUGGINA ! Já manifestei, em outra oportunidade, o respeito que mantive, ao longo de 40 anos em sala de aula, pela liberdade de pensamento e respeito aos alunos. Faço política desde 1956; dentro de partido político e nos comícios. A atividade político-partidária em sala de aula prejudicará a mocidade, pressionada por professores, vezes muitas, fanatizados e vingativos. Carlos Edison Domingues

Donizetti -   01/11/2018 15:05:47

Nada que um belo e rechonchudo cassetete no lombo não resolva.

João Carlos Saraiva Pinheiro -   01/11/2018 13:54:47

Excelente texto, um triste retrato bem acabado das universidades brasileiras, onde qualquer pensamento na direção de Edmund Burke , por exemplo, não passa na qualificação.

Antonio Tunai -   01/11/2018 01:35:09

Certas universidades tornaram-se manicômios. Loucos, zumbis, desmiolados sectaristas. Julgando-se intelectuais, são os que em tom ensandecido gritam chamando de golpe a justa prisão do demiurgo Rato Velho Lula da Silva. Essa fábrica de loucos precisa ser desativada, e por que não dizer exorcizada?

Douglas Machado Ramos -   31/10/2018 17:33:59

Ótimo artigo! Vem de encontro ao que se descreve no livro do Flávio Gordon "A Corrupção da Inteligência". Fiz engenharia na UnB e naquela época (anos 1996-2001) a universidade já era toda pichada, mas havia uma certa organização, limpeza e condições sanitárias mínimas. O ambiente, pelo menos nas engenharias, era tranquilo. Hoje é um caos. A universidade toda é um lixão.

Dalton Catunda Rocha. -   31/10/2018 16:47:16

“Qual o produto dessa fraude custeada pelos impostos que pagamos como contribuintes à rede pública ou como pais à rede privada de ensino? Se você pensa que seja preparar jovens para realizarem suas potencialidades e sua dignidade, cuidando bem de si mesmos e de suas famílias, numa integração produtiva e competente na vida social, enganou-se. Ou melhor, foi enganado. O objetivo é formar indivíduos com repulsa ao “sistema”, a toda autoridade (inclusive à da própria família) e às “instituições opressoras impostas pelo maldito mercado”. Se possível, recrutar e formar transgressores mediante anos de tolerância e irresponsabilidade legalmente protegida, prontos para fazer revolução com muita pedrada e nenhuma ternura. Se tudo der certo, o tipo se completa com um boné virado para trás, um baseado na mochila e uma camiseta do Che. A pergunta é: quem quer alguém assim na sua empresa ou local de trabalho? Em poucos meses, essa vítima de seus maus professores, pedagogos e autoridades educacionais terá feito a experiência prática do que lhe foi enfiado na cabeça. Ele estará convencido de que “o sistema” o rejeita de um modo que não aconteceria numa sociedade igualitária, socialista, onde todos, sem distinção de mérito ou talento, sentados no colo do Estado, fazem quase nada e ganham a mesma miséria.” > http://www.puggina.org/artigo/puggina/a-miseria-da-educacao-e-a-educacao-da-miseria/3249

RENILSON TAVARES DE ANDRADE -   31/10/2018 15:53:48

Ótimo...realmente é isto que vivenciamos. Ninguém.merece está imoralidade.