• Percival Puggina
  • 19/12/2021
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PREMIAR OS MAUS E PUNIR OS BONS?

 

Percival Puggina

 

          “Perdi a esperança. Não voto mais. A política brasileira nunca vai mudar porque as mudanças dependem de um Congresso e de um STF que não querem nem ouvir falar nas necessárias alterações. Tudo está sendo feito para favorecer as reeleições da atual representação parlamentar e manter o Supremo com a atual configuração e com a atual conduta”.

         As palavras que você acaba de ler me chegaram em mensagem de um leitor. Exceto por pequeno detalhe, são bem verdadeiras as alegações que faz, mas a decisão tomada a partir delas está errada. E a causa do erro, como em tantas situações, está no detalhe: a política brasileira, queira meu leitor ou não, vai mudar sim! Isso é inevitável porque a política não é estática. Ela muda. Em certas condições, muda para melhor; noutras muda para pior.

Se uma certeza eu tenho em relação a essa questão, que se faz oportuna e significativa, a poucas semanas de um pleito nacional, é esta: se os eleitores indignados com a política que temos não comparecerem às urnas porque estão amuados, desesperançados, obviamente a vantagem será dos piores candidatos, votados por maus eleitores que, sim, comparecerão às urnas. Haverá número ainda menor de bons políticos e número ainda maior de maus políticos. E isso significa mudança. Mudança para pior na representação parlamentar, na presidência e nos governos estaduais. Em síntese: um desastre, cujas consequências provavelmente se derramarão sobre uma geração inteira.

Por outro lado, a omissão, o voto nulo, ou em branco, é o ponto culminante de uma omissão anterior. Cidadãos conscientes deveriam ser ativos em todo o período anterior e posterior à eleição. Todos já deveriam saber como votaram deputados e senadores o veto do presidente da República ao Bolsa Reeleição, também conhecido como Fundão Eleitoral, no montante de R$ 5,7 bilhões (clique aqui, ou siga o link no final do artigo). Todo cidadão ativo deve escolher seus candidatos o mais cedo possível, ao longo dos próximos meses e trabalhar para elegê-los.

Ao longo do ano que se avizinha, ainda estaremos pagando a conta de dois males simultâneos: a pandemia e o “fique em casa, que a economia a gente vê depois”. Era tranquilo dizer, pegava bem exigir, parecia haver um elevado senso moral a orientar tais condutas. Como em quase tudo na vida em sociedade, porém, há o que se vê e o que não se vê. Ou só se vê depois. Vale o mesmo para essa versão do fique em casa aplicada ao exercício da cidadania, que começa bem antes do voto e não se esgota no voto.

* https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2021/12/17/lista-como-votaram-fundao-eleitoral-57-bilhoes-congresso-eleicoes-2022.htm

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

 


Olivia montezano da Silva costa -   26/12/2021 12:43:08

NO ANO DE 2022 VOU VOTAR EM BOLSONARO

CIRLEI ARAUJO COSTA -   23/12/2021 21:49:13

Acrescente outro mal ainda maior a tudo de ruim que nos ocorreu, ou seja, a teimosia governamental acerca de tudo que parece sensato e bom.

Pedro Fattori -   23/12/2021 11:06:35

Mas Sr. Puggina, quer dizer então que os países da Europa que fizeram e estão repetindo o "fique em casa", estão errados? Esses conceitos não da velha, mas da antiga e superada política é que atrasam as coisas... Lamento!

DYNA PERES -   21/12/2021 16:06:39

Sou eleitora desde que adquiri o direito de votar. Tenho 77 anos. Em 2018 fiz questão de exercer minha Cidadania , por estar fora de minha cidade fui num Cartório, recebi um documento e votei. SATISFAÇÃO DO DEVER CUMPRIDO. Em 2022 lá estarei novamente, se Deus quiser.

Luiz R. Vilela -   21/12/2021 08:46:21

Sou eleitor desde os 18 anos. Ando beirando os 70, já vi e participei de muitas eleições, como também participei de campanhas para a mudança total dos eleitos, que depois que assumiam, voltavam a fazer o que antigos faziam. Sempre foi decepcionante a nova "ordem" que surgia, sendo que a última, é justamente a onda Bolsonaro. O atual presidente chegou com o propósito de mudar tudo, mas não conseguiu mudar quase nada, ele é que teve que mudar, ou perdia o mandato. Político não cai do céu, saem todos do meio da população, então se a política não presta, o povo que a mantém é melhor? Na onda Bolsonaro, foram eleitos muitos que por si só, jamais chegariam onde chegaram, se aproveitaram da popularidade do candidato a presidente daquele momento, e também se elegeram. Ao assumir, logo passaram a negar o presidente, como na passagem bíblica que Pedro negaria a Jesus, antes que o galo cantasse. Agora chegou o momento da verdade, terão que mostrar força eleitoral, depois de terem ficado contra o presidente, não mais poderão carregar a bandeira das mudanças, pois as jogaram fora logo após a eleição. Bolsonaro tinha tudo para mudar o pais, não o deixaram, agora já sabemos que mesmo que se reeleja, não poderá fazer mudanças estruturais profundas porque se os que estão se reelegeram, fica como esta. Se não forem esses, serão aqueles que já passaram e foram mandados embora, que voltarão com sua práticas nocivas e viciadas, e ai já sabemos como ficará. Acho que nosso futuro não é nada promissor.

Carlos Dytz -   21/12/2021 08:32:44

Não podemos esmorecer nesta luta contínua contra está ideologia comunista nefasta . A isenção e omissão dos eleitores levará certamente ao retorno da esquerda . Vide o ocorrido recentemente no Chile com a enorme abstenção e a consequentemente ascenção da extrema esquerda. O maior IDH da América latina estará submetido a grave ataque a exemplo da Argentina. A ruína se aproxima.

Paulo Antônio Tïetê da Silva -   20/12/2021 18:44:50

As vitórias nunca são de quem foge das suas responsabilidades e lutas. Mesmo com risto de perder uma batalha, temos que continuar lutando esta guerra. Como consta em uma medalha de ouro do meu bisavô, "LIBERDADE NÃO SE IMPLORA DE JOELHOS, MAS CONQUISTA-SE DE ESPADA EM PUNHO". E na letra de uma música gaúcha: "Não podemos se entregar pros home, de jeito nehum..."

Francisco Muller -   20/12/2021 12:04:53

Já votei em gente que me decepcionou, como também em quem fez bom uso do meu crédito. Vamos novamente ir depurando, eleição após eleição, o melhor para o nosso país. Sempre acredito que amanhã será melhor que hoje, então não devemos nos calar e nem ficar em cima do muro.

José Rui Sandim Benites -   20/12/2021 09:43:22

É verdade, não podemos atirar a toalha, professor Puggina. Não perde a luta quem peleia. A situação que vivemos na política, na grande midia, nao é facil. Uma inversão de valores. Mas o mundo vive em conflitos. E temos que estar inserido no contexto. E o nosso voto, por pequeno que pareça, um grão de areia numa praia deserta. Mas fará a diferença., para buscar uma sociedade mais justa e igual. E este o objetivo. E acreditamos que a humanidade caminha nesta direção. Porque acreditamos em um Deus bom e que dá o fardo que podemos carregar. Podemos imaginar este mundo, sem os conflitos? Os bons e os malfeitores, sempre existiram. Pelo menos, neste Mundo.

José Paulo Moletta -   20/12/2021 03:31:44

O Sen pelo RS que concorre a reeleição, em quem votei, não repetirei meu voto, no Dep Fedeal em quem votei na última eleição, não repetirei meu voto, mas votarei.

Sergio Martins -   19/12/2021 22:04:43

Assino embaixo, detesto esse isentismo arrogante!

AMARO MATEUS FILHO -   19/12/2021 19:41:12

Percival, sempre preciso e cirúrgico em suas análises e comentários, nós conservadores temos a chance de ouro para perpetuar de vez a direita no poder em 2022 avante nosso querido Brasil.

Carlos Alberto Pinto Silva -   19/12/2021 16:56:19

A grave crise política e moral que sangra o país reclama uma atitude mais forte e presente da sociedade: “RELEVÂNCIA POLÍTICA”. O momento exige que todos sejam “RELEVANTES”: isto é, ser capaz de criar, comunicar e difundir ideias e valores. Valores são vínculos que despertam nas pessoas um senso de orgulho de ser brasileiro, de pertencer a um grupo, de ter uma família, de filosofia de vida, de padrão de caminhos a seguir.

DALMA SZALONTAY -   19/12/2021 14:13:31

Deploro, sempre deplorei, o indiferentismo, o desânimo, a "desilusão" preguiçosas e choramingas. Não estou feliz com os rumos da política, não estou feliz com a economia, não estou feliz com a inflação crescente. E por não estar feliz, vou entregar meu maior tesouro cívico, o meu voto, para qualquer vagabundo fazer dele o que quiser? Não, obrigada, vou pegar toda a minha infelicidade, meu descontentamento, minha revolta e vou votar. Vou mudar o mundo. Vou mudar o país, vou mudar TUDO o que eu puder mudar. COM O MEU VOTO. Pronto, falei.