Percival Puggina
Leio que o clima esquentou na equipe do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em virtude da criação da fundação de direito público-privado que ganhou a marca IBGE+. Se a moda pega, logo teremos a Conab+, a Funai +, o DNIT+, a ANVISA+ etc.
Qual seria a surpresa, porém? Também o STF não teve turbinada sua atuação, transformando-se numa espécie de STF+?
A analogia em relação ao Supremo decorre de sua metamorfose quanto a meios e fins, levando-o ao ativismo judicial. A rápida escalada já valeu ao STF os títulos inéditos de “editor da nação” e de “poder moderador” da República, conferidos por um de seus ministros. O mesmo fenômeno foi festejado, por outro, como o “vertiginoso processo de ascensão institucional” que fez do STF “um poder político na vida brasileira”. De fato, também no poder há alturas que causam vertigem.
Em 2017, falando em seminário da Fundação Getúlio Vargas, o ministro Luiz Fux, que já foi juiz de carreira, rejeitou as afirmações sobre ocorrência de “ativismo judicial”, expressão que considerou “anômala”, pois o poder judiciário é “inerte”, só agindo “quando provocado”. Eu também sempre pensei que fosse assim.
No entanto, hoje, os ministros são participantes ativos do processo e das decisões políticas, inclusive nas discretas, mas descontraídas, reuniões domiciliares noturnas, em petit comité. Em autodefesa dizem agir pontualmente, para salvaguardar a democracia. As pesquisas de opinião revelam, porém, que na perspectiva da maior parte da sociedade, essa defesa da democracia fez o poder mudar de mãos. Ninguém tem dúvidas sobre quem manda (e não é mais o povo através de sua representação política). A velha noção de limites desbarrancou, levando freios e contrapesos, praxes e modos.
É inevitável que quem faça a análise dos pratos na balança dessa justiça/política se pergunte se é sensato e/ou se pertence à natureza do poder judiciário ter condutas que se identifiquem como estratégias políticas.
Não é porque uns não percebem e outros não se importam, que os fatos são irrelevantes e não têm efeitos vultosos. Se o legislativo é que se tornou inerte, se o executivo bate cabeça e o Supremo é quem manda, a liberdade e a democracia precisam também, para ontem, de uma Oposição+.
Se somos maioria na sociedade, somos minoria na representação política. Portanto, uma das tarefas mais urgentes de uma Oposição+ é fazer eleitores e políticos do centrão entenderem o quanto o governo Lula e a esquerda instalada no Planalto se tornaram tóxicos.
Percival Puggina (80) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.
Danubio Edon Franco - 27/01/2025 11:50:08
Caro Puggina, não será fácil arregimentar uma OPOSIÇÃO +, ainda que alguns parlamentares aí se incluam. Enquanto não perceberem que o destino do país está na mão deles, continuarão a fazerem os "negócios"das emendas. Enquanto não se convencerem de que a "Junta Governamental"(STF e Executivo) aos poucos vão se apoderando de todos os poderes mediante limitações das liberdades, não teremos essa OPOSIÇÃO +. O pior é que, quando tiverem essa percepção, será tarde. A prova disso é a presença do Presidente do STF em Davos. O que faz ele lá? Representa quem, o STF? Mas o que tem o STF com o que se lá discute? Perdoe minha insistência e volto a dizer o "golpe contra a democracia" foi dado agora e teve início quando da eleição de Bolsonaro, que os pegou de surpresa e sem tempo de reação. Na diplomação de Bolsonaro, veio a primeira manifestação de inconformidade com o gesto grosseiro da então Presidente do TSE, entregando-lhe um exemplar da Constituição Federal, a dizer respeite-a. Mas foram eles que não a respeitaram, impedindo que Bolsonaro, inclusive, fizesse as nomeações de diretores de departamentos federais de sua competência privativa. Apesar desse sentimento negativo, ainda tenho esperança de que há salvação.Regina Guimarães - 27/01/2025 10:44:42
Assisti a uma entrevista do presidente do Paraguai no Epoch Times. É constrangedor e muita humilhação encarar o abismo que há entre ele e o ocupante do poder no Brasil, isso sem falar de outras instituições. Vi em Santiago Peña postura, clareza de ideias e exposição dos preceitos básicos que o orientam para governar o seu país. O abismo em que nos encontramos só é possível existir com a coparticipação ou apatia do povo. Também somos responsáveis por ele. Será que nós, brasileiros, nos importamos realmente com o nosso país? Temos interesse em estudar nossa História, em valorizar o conhecimento mais do que o patrimônio material? Sei que há a desgraça do nosso sistema educacional, mas muitos, se quiserem, podem acessar a internet e aprender muito - e de graça. O povo e seus representantes, que se acomodam com a afronta e o aviltamento do seus valores como nação, vão ter que mudar sua mentalidade se quiserem que seu país sobreviva.IGNÁCIO MAHFUZ - 27/01/2025 09:11:50
Puggina, Caro Mestre Percival. SAÚDE E PAZ! Chê, tens absoluta razão: precisamos, sim de uma OPOSIÇÃO+! Sem esse "+", continuaremos sob o tacão da cleptonarcoditadura comandada pelo Gambá Gagá Luladrão e sua quadrilha. Como conseguiremos isso? Como ponto de partida, NÃO MAIS ELEGER VENAIS, CORRUPTOS E ACADELADOS! Simples assim. Ignácio J.A. Mahfuz, Engº Agrônomo CREA/RS 010715