• Percival Puggina
  • 22/08/2019
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POR QUE VOU À RUA NO DIA 25 DE AGOSTO

 

 “Será que adianta?”, perguntam-me muitos leitores. É o que adianta. Durante décadas, as manifestações de rua no Brasil careceram de legitimidade, eram manipuladas a “um sanduba e dez real”, e não mereciam ser tomadas em conta. Mais do que cidadãos querendo expressar-se, envolviam pneu queimado, piquete de grevistas e “miguelitos” para impedir a circulação. Visavam, no velho perfil totalitário, impor à nação inteira as pautas corporativas e eleitorais da vez.

As atuais mobilizações envolvem grandes temas, focam legítimos e consistentes anseios de parcela expressiva da opinião pública: combate à corrupção e à impunidade, segurança pública, redução do tamanho e peso do Estado. Houvesse sintonia entre a nação e suas instituições, seriam desnecessárias. Mas o fato é que, como de hábito, a opinião pública vai para um lado e elas para o outro. Alias, entre os fatos altamente positivos destes últimos anos sublinho a crescente consciência de que temos instituições e de que há, nelas, gravíssimos problemas.

Até recentemente, não chegava a dois dígitos em todo o país, ou seja, contavam-se nos dedos do Lula, os colunistas que, como eu, identificavam e abordavam tais questões. Hoje, esse número aumentou. Infelizmente, porém, aumentou incluindo os do contra. Chutando o balde da Razão, eles cobram reverência popular às instituições nacionais, cuja existência e conexões acabam de descobrir, afirmando que elas “estão cumprindo seu papel” e que o povo deve aceitar com submissão a regra que o exclui, permanecendo em casa, assistindo-os dizer isso na TV.

Não! As instituições não são confiáveis! Já o revelaram com excesso de evidências. Protegem-se reciprocamente num círculo de ferro. Estão em flagrante dissintonia com a sociedade. Nos longos anos de desatenção nacional, à sombra do desinteresse geral, desenvolveram o talento de entortar boas ideias, contornar o bem, tangenciar a verdade para, depois, enterrá-la viva, em posição vertical, sob toneladas de falácias. Exercem, na plenitude, o silencioso poder dos arquivos! A quem julgam enganar quando dizem aprovar uma lei contra o abuso de autoridade para proteger o “cidadão comum”?

As redes sociais e o povo na rua me enganam menos, me respeitam mais e – creiam! – me representam melhor.

Enfim, para ser bem entendido: os bons congressistas (e eu conheço muitos que correspondem a esse conceito) precisam dos cidadãos para constituírem maioria e cumprirem o que a história está a lhes exigir. E o STF precisa saber de nossa total inconformidade com um colegiado onde não há sequer um conservador, onde não há um único liberal, e que eles, os onze, são sequelas de uma grave doença que acometeu o país. Só em países totalitários vamos encontrar supremas cortes tão rompidas com a nação a que deveriam servir.

 

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* Percival Puggina (74), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
 


Armando Micelli -   26/08/2019 09:53:26

Bom dia. 25 de agosto de 2019 foi um grande dia. As redes sociais e o povo na rua me enganam menos, me respeitam mais e – creiam! – me representam melhor. Que bela e verdadeira frase. Parabéns Puggina.

Elias Costa -   24/08/2019 21:22:48

Onde será a concentração para o início da manifestação do dia 25 no DF? Qual o horário do início da manifestação? Desde já, agradeço.

Luiz R. Vilela -   22/08/2019 19:50:18

O ESTADO POLITICAMENTE ORGANIZADO, como nos ensinavam nas antigas aulas de OSPB, nos tempos da dita cuja, é na verdade um ENTE sem dono, e passa a usufruir das sua riquezas, quem chegar primeiro, assim pensam alguns. No Brasil o governo central, tem sido objeto de muita disputa e sempre tomado por fraudes eleitorais, revoluções, golpes de estado, e até eleições tidas como limpas, mas que os vencedores se mostraram depois muito sujos. O povo é constantemente "enrolado" por grupos políticos organizados e representantes de classes sociais, quase sempre da elite, mas que nos últimos tempos, cedeu espaço aos ditos "proletários", que por não saber o que fazer, fizeram tudo errado. O PT no governo, foi de muita utilidade, para que se desse conta, da confusão que se faz nas classes mais pobres, entre o público e o privado, e quem é despossuído, acha que esta isento de respeitar as posses alheias. Quanto ao bem público, isto ficou escancarado no governo petista, o quanto acham que ao assumir o poder, passam a ser donos de tudo o que é de todos, e o perdão das dívidas de países africanos, feito pelo lula, é a demonstração mais cabal desta confusão. A esquerda conseguiu 4 eleições, sempre com o discurso da moralidade pública, da honestidade e outros temas bastante sensível ao eleitor, também com a movimentação dos manifestantes a soldo, os famosos mortadelas, e principalmente com o patrocínio das centrais sindicais, até então entidades privadas que podiam gastar a seu bel prazer, o dinheiro do famigerado IMPOSTO SINDICAL, que no governo lula, foram inclusive dispensadas de prestar contas ao TCU, ficando a dever satisfações apenas aos "conselhos fiscais das próprias entidades. Um acinte a qualquer inteligência. Acabou o dinheiro, acabou a mortadela, agora se valem dos "sonhadores de sempre", os estudantes universitários, que na fase estudantil, morrem uns pelos outros, mas depois de formados, esquecem rapidinho a solidariedade dos tempos escolares e passam a viver a realidade concorrida do mercado de trabalho, e dai não mais participam de "passeatas". Alias, este também é um tema para uma indagação, porque só fazem manifestações durante os dias úteis da semana, com a dispensa do comparecimento as aulas? Não poderiam faze-las espontaneamente aos domingos? Deve haver um motivo que justifique isto. Agora os do outro lado também passaram a fazer suas manifestações, neste caso sempre aos domingos, como é aconselhável, e que tem rendido algum resultado, até porque político tem olho grande e vê tudo o que lhe interessa nestas demonstrações, e ficar de bem com a opinião pública, é uma necessidade. A verdade é que a democracia se alimenta justamente da participação popular, deve-se ir manifestar a nossa opinião, sempre respeitando o contraditório, mas fazendo valer o que se pensa, e principalmente participando por convicção, sem pão com mortadela e tubaína, e muito menos a soldo. Que as ruas ganhem um colorido especial do verde e amarelo e que o povo através das mensagens explícitas, passe a dirigir os políticos e seus nomeados, deixando claro que primeiro estão os interesse da nação como um todo, sem a luta de classes que tentaram criar no pais.