Percival Puggina
Depois de três anos atrapalhando e prejudicando deliberadamente o país agora são candidatos para “salvá-lo”? À miudeza se responde com grandeza!
Em artigo anterior, publicado na semana passada, afirmei que a vitória de Bolsonaro disse ao mundo que, aqui no Brasil, haveria resistência à hegemonia esquerdista, autorrotulada “progressista”. No entanto, poderosas máquinas de guerra não são enfrentadas sem determinar reações. Elas foram interna e externamente implacáveis e causaram dificuldades ao país.
Não creio, porém, que esse contexto tenha levado qualquer fração do eleitorado vitorioso naquelas urnas a gostar do que antes não gostava, a aprovar o que antes condenava, nem a inverter seus princípios e seus valores. As coisas não acontecem assim. A estratégia oposicionista, que se faz supor exitosa, consiste em fazer crer que o presidente cria os próprios embaraços (eventualmente, isso acontece em qualquer governo, mas não é a regra, nem a causa).
Portanto, tudo se passa na mídia de massa como se o presidente da República conseguisse transformar um perfumado e plácido mar de rosas em turbulenta cachoeira de desastres. Quem lê editoriais colhe a impressão de que os próprios veículos, o Congresso Nacional, o STF, fazem o possível para tudo andar bem, mas o governo não deixa! Essa é a mensagem que tentam fazer chegar ao eleitor enquanto procuram intimidar os conservadores nos restritos espaços das redes sociais.
A despeito da cotidiana corrida de obstáculos, o governo poderia operar com maior desembaraço não fosse a impossibilidade de compor maioria parlamentar. Estou bem atento às manifestações dos presidenciáveis. Lidam com o futuro como se as dificuldades institucionais do país se resolvessem com suas vitórias pessoais nas urnas de outubro. É como se dissessem: “Votem em mim. A governabilidade a gente vê depois”... Tá bom!
Bolsonaro tentou contornar essa montanhosa e espinhosa barreira indicando previamente, para a maior parte de seu ministério, técnicos de fora do circuito político-eleitoral. Qual o resultado? O mercado de votos parlamentares se sublevou! As cotações dispararam. O pregão teve que ser fechado. Rodrigo Maia era o senhor do sim e do não e só liberava o que não tinha importância. De responsável pela pauta, tornou-se senhor das decisões e já posava com ares de Primeiro Ministro. Lembram?
Ao mesmo tempo, em meio ao deliberado tumulto das relações institucionais, o STF dava carteiraço operando como dono da democracia e “poder moderador” da República... Logo aquele estranho colegiado onde tão frequentemente falta moderação!
A questão, portanto persiste. E persiste num escandaloso silêncio das instituições! O que têm a dizer os candidatos a presidente que vêm ao eleitor pedir voto depois de haverem, mediante sucessivas ações e omissões, procurado impedir o programa vitorioso nas urnas de 2018? O que tem a dizer sobre o que se recusaram a votar? Pergunto: como esperam obter maioria num parlamento onde haverá mais de duas dezenas de minorias no outro lado do balcão dos negócios que hoje frequentam? Como pretendem votos depois de agirem como agiram?
Este não pode ser um não assunto na campanha eleitoral que já começou! À miudeza se responde com grandeza!
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
PERCIVAL PUGGINA - 18/01/2022 12:36:03
José Lessa, para ter comentários publicados aqui, é preciso enviá-los usando o formulário em que este seu comentário foi enviado. Comentários feitos nas redes sociais não são transcritos para cá.Alcemar de Godoi - 17/01/2022 20:07:56
Parabéns pela abordagem político-economico. Uma pena que muitos não interpretam esse excelente comentário. Cada dia admiro mais tuas colocaçõesJose Lessa - 17/01/2022 10:34:47
Nunca vi um comentário meu publicado neste site.Marinalva Medeiros - 14/01/2022 19:50:47
Bem assim, mas estou atenta, sempre leio tudo, precisamos continuar lutando, derrotar essa corja é o nosso objetivo.Lori Weiss - 12/01/2022 17:46:02
Parabéns Puggina, adoro seus artigos!Demétrius - 12/01/2022 13:37:44
Como sempre um texto brilhante, coeso e racional, conseguiu nestas linhas expressar de forma clara a realidade neste momento político do país.André Moretto - 12/01/2022 11:07:16
Mestre Puggina, obrigado pelo seu exemplo de perseverança.Luiz R. Vilela - 12/01/2022 08:32:08
Aquela máxima bíblica do "diga-me com que andas, que te direi quem és", a qui no Brasil soa invertido. Por cá, é na base do diga-me com quem não andas, que te direi quem és. Se não andas de braços dado com a elite política encastelada nos poderes e partidos, és um nada, se não deres o que tens nas mãos, ficarás sem receber os apoios tão necessários para fazer uma boa governança. Se os bons propósitos de um governante não se fizer acompanhar de benesses para os que deveriam primar pelo zelo da coisa pública, o povo fica desassistido, porque o jogo é bruto e os desejos pessoais, são prioritários. Nunca havíamos visto tal situação como a que vive o Bolsonaro, porque, os presidentes anteriores eram do meio e conheciam seus "pares" da política, e quando assumiam, já estava o governo loteado, apenas os radicalmente contrário, ficavam de fora. O atual presidente quis inovar e fugiu do padrão, parece até que semeou vento e colheu tempestade. Foi emparedado de forma jamais vista em qualquer tempo, cassaram-lhe o mandato em pleno exercício, só não perdeu a condição de "inquilino do Planalto Alvorada", porque jogou a toalha, não teve força para resistir, até seus próprios apoiadores de primeira hora, os deixaram na mão. Agora olhando para o Bolsonaro e seu governo, imagina-se o tamanho dos interesses que estão por trás da política, onde tudo gira em torno de dinheiro, e quem não pagar, não recebe apoio. Assim esta a política no Brasil.José Rui Sandim Benites - 12/01/2022 07:31:57
O texto acima, bem articulado, como sempre pelo professor Puggina. Não basta vencer as eleições para chefe do poder executivo. Tem que ter alianças no congresso Nacional para poder exercer a governabilidade. Mas passando de mala para saco. Assisti a entrevista do historiador britânico Niall Fergusson na TV Cultura. E, foi um desastre para os entrevistadores militantes. Queriam a cabeça do presidente da República. E se deram mal. Haja vista, que o historiador disse para quem quisesse ouvir. O presidente não tem culpa nenhuma das mortes do Covid 19. E argumentou como aconteceram as mortes do Covid 19 no mundo. Os entrevistadores militantes ficaram com a vista de paisagem.sergio - 11/01/2022 21:58:46
todos candidatos com exceção do bolsonaro. até agora não se apresentaram. falam o àquilo que o marqueteiro da vez fala. o Lula que nunca teve vergonha na cara já falou vai derrubar todos os avanços do período bolsonaro. e agora temos vídeo de um bando de vigaristas que ficaram milionários defendendo canalhas e corruptos. esse grupo de advogados tem um nome. esqueci agora. mas só figurões. o sergio moro. meu Deus. jogou no lixo sua brilhante luta contra a quadrilha petistas e seus aliados. nenhum comentário duro contra o supremo. calou. é um peixe fora do aquário não tem eleitor. tem alguns admiradores do juiz. doria o calça não tem apoio no seu próprio estado. vai barganhar com alguém. o coronel dé Sobral é um.morto vivo. estamos entre dois candidatos. sendo que um nem o chefe da galeria teria coragem de solta lo . mas o supremo é um ninho de sabujos. uma chusma de picaretas de toga. assim toca a banda. e estamos mais que alerta aos seus comentários. um fraterno abraçoDiva Castoldi - 11/01/2022 18:11:29
Parabéns pelo texto! Admiro muito o seu trabalho, muito obrigada pelos esclarecimentos.CARLOS BONASSER - 11/01/2022 16:12:02
MAIS UM ESPETACULAR TEXTO...MARAVILHA SENHOR PUGGINA...