• Décio Antônio Damin
  • 17/08/2012
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POR QUE FALTAM LEITOS?

POR QUE FALTAM LEITOS? Décio Antônio Damin Entre os sonhos que acalentamos é prioridade tornar o atendimento a saúde acessível a todos. È uma utopia se não mudarmos o enfoque. O constituinte o tornou uma obrigação do estado, materializando-o na Constituição Federal. Isto é fonte de ufania e de frustração. Os anos se passam e o cumprimento deste direito está cada vez mais distante. O SUS, teoricamente perfeito, claudica. Não consegue se financiar porque os custos crescentes da saúde, com métodos e medicamentos caros, o tornam um verdadeiro ?saco sem fundo?. Não há recursos suficientes para cobrir o ?state of art? da medicina. O hospital que atender 60% de pacientes do SUS será considerado filantrópico e isentado de impostos. É o reconhecimento tácito da falência do sistema que não se sustenta. Se o atendimento da saúde é um dever do estado, deve ser por ele custeado com preços que permitam aos hospitais se manter saudáveis, podendo ser ampliados. Ocorre o contrário com muitos fechando as portas com dívidas impagáveis. As emergências lotam e a tendência é piorar. Culpa-se como responsável o fechamento de hospitais que, com a diminuição de leitos, cria gargalos nas emergências que passam a atender e ?internar? em cadeiras e macas. Como se manterão abertos hospitais que dão prejuízos que os levam à falência? Para que haja solução é preciso que a medicina seja considerada como uma atividade normal em suas relações funcionais e comerciais e ?que os preços pagos sejam de tal monta a permitir o lucro?. Assim haverá interesse em investir em hospitais. Este é o caminho, numa sociedade capitalista. Temos que acabar com a hipocrisia de achar medicina é sacerdócio e que ?lucro nesta atividade é pecado!? Como poderiam se manter? O estado não deve ?subsidiar?, deve pagar o justo! É inaceitável taxar de odioso o lucro na medicina. Tais afirmações é que estão levando ao caos! O estado não é bonzinho ao pagar o atendimento médico, previsto na Constituição, é sua obrigação, sem subterfúgios de qualquer espécie, mas deve fazê-lo adequada e prontamente. Nem os planos de saúde particulares conseguem internar com presteza os seus usuários! Num hospital como o Moinhos de Vento, uma paciente de 86 anos com fratura de colo de fêmur espera em uma maca no corredor por horas a fio até que, alertada, se disponha a pagar pela ?suíte presidencial? embora tenha plano de saúde e cobertura integral, por absoluta falta de leitos normais!! A culpa não é do hospital, é do sistema de saúde do país! (*) Médico