• Percival Puggina
  • 02/06/2017
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POR QUE AS ESQUERDAS ODEIAM PRIVATIZAÇÕES?

 

 Encontrei, num blog, matéria contrária às privatizações ilustrada com cartaz onde se lê: ”Privatizem as vossas mães!”. Pretendo, aqui, explicar o que está implícito nessa frase.

 Parto de uma experiência local. Há vários anos, em caráter preventivo, a Assembleia gaúcha aprovou uma emenda à Constituição Estadual determinando que a venda de empresas estatais seja antecedida de aprovação em plebiscito realizado na forma da lei. Tal despropósito legislativo fornece boa régua para aferir o tamanho do amor que as esquerdas em geral e a esquerda gaúcha em particular dedicam ao Estado. É de comover corações empedernidos. Só muitas horas em divã, relato de sonhos eróticos e boas técnicas de regressão podem explicar razoavelmente esse fenômeno próprio da mente esquerdista.

 Caracterizá-lo exige abandonar a vida real e mergulhar numa relação filial, numa espécie de vida política intrauterina, no aconchego do líquido amniótico proporcionado pelo Estado e suas facilidades. É o que está implícito na frase referida no primeiro parágrafo deste artigo. Então, apontar malefícios do setor público para um esquerdista equivale a colocar a mãe no meio. É ofensa que não devem levar para casa. Com devoção filial exigem plebiscito para alienação de empresas que prestam maus serviços, tecnologicamente defasadas e de presença desnecessária ou, mesmo, perturbadora na vida da comunidade. Os mesmos objetos dessa devoção suscitam as piores animosidades em meio àqueles que vivem sob o sol e a chuva do mercado, como empreendedores, profissionais liberais e trabalhadores que optaram pelo setor privado.

 O governo gaúcho tentou aprovar uma proposta de emenda constitucional para revogar o tal plebiscito, mas abandonou a idéia por sentir que não obteria maioria parlamentar suficiente para sua aprovação. Vai buscar, então, o voto popular, tentando algo inédito: convencer a maioria da sociedade gaúcha de que privatizar pode ser uma conduta benéfica.

 A situação me faz lembrar o ambiente político do Rio Grande do Sul à época em que o governador Antônio Britto Filho privatizou a Companhia Riograndense de Telecomunicações e outras empresas estatais menores. Os porta-vozes da esquerda acorreram aos meios de comunicação em verdadeiro desespero, como se o lar materno estivesse sendo incendiado, destruído, trocado por bananas. “Estão vendendo tudo!”, exclamavam onde houvesse um microfone. E essa campanha ideológica difamatória do vocábulo “privatização” acabou com boas oportunidades de modernizar a infraestrutura e a gestão do Rio Grande do Sul. Era como se vender significasse empacotar um bem público existente e entregá-lo ao comprador para que este lhe desse um destino qualquer de sua conveniência. Ficando com o exemplo da estatal de telecomunicações: a velharia foi vendida, o patrimônio ampliado, os serviços melhorados e, de deficitários, se converteram em inesgotável fonte de recursos tributários para o Estado.

 Não se subestime, porém, a resistência que a proposta do governo gaúcho vai enfrentar. Afinal, para a esquerda, o Estado é, na sua estatura moral mais alta, uma devoção; na mais rasteira, um grande negócio.

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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 

 


Genaro Faria -   04/06/2017 18:08:53

Sobre a seção FIQUE SABENDO - OLAVO DE CARVALHO, UM FILÓSOFO À FRENTE DE SEU TEMPO, dói em mim saber que nosso povo está fadado a aprender a mastigar depois que já perdeu os dentes. Agora que o elefante na na sala de jantar já destruiu do lustre ao tapete, nossos especialistas (em palpite furado) convocados pela mídia para desinformar a população com ares de formadores de opinião sapientíssimos passarão a posar de mestres de obra pronta revelando à plebe ignara que aquele rabo, aquela tromba, aquelas orelhas e patas que eles souberam souberam tão bem identificar não eram senão partes de um todo que nós - não eles - esquecemos de juntar para formar o quebra-cabeça. Gênios!

Ismael de Oliveira Façanha -   04/06/2017 03:11:35

Considerando o LUCRO IMORAL, a esquerda prescreve a estatização da atividade econômica e a abolição da propriedade privada. Mas, uma nação, a sociedade, não é redutível a um MONASTÉRIO. Por outro lado, os partidos pobres precisam de estatais para empregar seus militantes e, também, haver o necessário para preencher o caixa dois. Tudo isso junto forma uma forte corrente a favor das ESTATIZAÇÕES; acredito que no PLEBISCITO, a maioria não iria aprovar as privatizações.

Odilon Rocha -   04/06/2017 01:08:07

Caro Professor Utilizando um termo bem apropriado para esquerdistas, ideologia de gênero, eles não largam nem a pau a tetas da Mãe-Estado. Talvez a 'técnica do joelhaço' do Analista de Bagé funcione para curar a esquerdopatia. Freud já era. E esquerdopata não gosta de conservador.

Jose Nei de Lima -   03/06/2017 23:24:43

Por que vão ter que trabalhar com mais vontade que bom, bela matéria meu amigo parabéns.

Dalton Caunda Rocha -   03/06/2017 20:44:35

O verdadeiro problema do Brasil, não era Dilma, como não era Lula, nem FHC, nem Collor, nem Sarney, nem Jango ou Jânio. O verdadeiro problema do Brasil é, o patrimonialismo. Enquanto tivermos mais de 120 empresas estatais, qualquer esperança nossa de um futuro melhor, será vã. O petróleo é dos árabes. E a Petrobrás é da CUT. Dei-me um país, que tenha monopólio estatal do petróleo e, eu lhe darei um país pobre e uma cleptocracia. Qual deveria ser o hino do PT? Aquela música que diz: “Onde está o dinheiro? O gato comeu, o gato comeu. E ninguém viu. O gato fugiu, o gato fugiu. O seu paradeiro está no estrangeiro.” Quem quiser, que veja a música completa neste site: https://www.youtube.com/watch?v=92rr8EcDc90

Joma Bastos -   03/06/2017 16:21:38

Há que trabalhar para que esta Nação tenha uma verdadeira e livre economia de mercado, sem intromissão e protecionismo estatal desnecessário à economia, pois isso só trará resultados socioeconômicos nefastos para o futuro deste país. Em uma economia de mercado o Estado deve cingir-se a salvaguardar a educação, a saúde, as estruturas logísticas, a defender a população, suas posses e propriedades contra o emprego da violência e da falcatrua. O Estado tem o dever de garantir o suave funcionamento da economia e não ter desnecessárias ingerências e intervenções estatais no desenvolvimento da mesma. Há que maximizar as liberdades econômicas individuais e coletivas, para que o empreendedorismo e o investimento empresarial tenham um papel muito proativo no desenvolvimento socioeconômico desta Nação. Há que lutar por um Brasil livre de corrupção, Liberalizado e Desenvolvido!

José Vicente Lessa -   03/06/2017 14:28:48

Os cães ladram furiosamente nos portões das casas enquanto passamos pela rua. Eles defendem a casa por puro instinto. Jamais saberão porque nem adianta perguntar-lhes.

Cláudio Maciel -   03/06/2017 10:48:21

A explicação mais perspicaz que já li sobre o Socialismo. Parabéns professor !

Cláudio Malgarin -   02/06/2017 22:51:09

Com a privatização acaba a chance de obter propina na contratação de serviços. Os acionistas não permitirão desvios com só da Petrobrás.

Genaro Faria -   02/06/2017 21:24:43

A canhota detesta o batente, sente alergia ao estudo e, se quiser contrariar um esquerdista, é só chamá-lo no canto e pedir para ele ser responsável e competitivo no que faz, sob pena de não obter êxito na vida. Ele quer é que o feijão já nasça cozido para ele ser servido sentado à cabeceira da mesa. Eu evito até ficar próximo de algum petista, com medo de que essa doença seja contagiosa.