• Percival Puggina
  • 18/08/2017
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POLITICAMENTE CORRETO E SERVIDÃO MENTAL

 


 Lembro-me da primeira vez em que fui advertido de estar sendo politicamente incorreto. "Isso significa que não posso usar a palavra promiscuidade?", perguntei receoso. "Claro que não pode!", foi a resposta que ouvi. Desde então, ser contra essa arenga virou preceito para mim. Tornou-se evidente, ali, que o controle do vocabulário é sutil forma de dominação cultural e política. Impõe servidão mental.

O politicamente correto declara encerrados certos debates e dá por consensuais, por irrecorríveis, conceitos boa parte das vezes insustentáveis numa interlocução esclarecida e bem intencionada. Estamos vendo isso acontecer todos os dias e o fato que trago à reflexão dos leitores dá testemunho.  Encontrei-o por acaso, na internet.

Em maio passado, um delegado de polícia, que é também jornalista, comentou em grupo do whatsapp um estupro de menor (menina de 11 anos que vivia com a mãe). Referindo-se ao caso, observou que "crianças estão pagando muito caro por esse rodízio de padrastos em casa”. O delegado ocupava função de direção na área de comunicação social de sua instituição. A frase foi qualificada como machista e ele, de imediato, exonerado. Fora, politicamente incorreto! Constatara uma obviedade: as sucessivas trocas de parceiros por parte de mulheres independentes expunha as crianças a contatos de risco.

Indagado pelo Jornal Metrópole sobre se estava arrependido o delegado respondeu que não.

“Precisamos discutir responsabilidades e freios morais. As crianças não podem pagar pelas atitudes desmedidas dos adultos, sejam eles homens ou mulheres. Quem leva uma prostituta para casa está arriscando a segurança de seus filhos. Da mesma forma como alguém que levar um psicopata, um ladrão, um homicida para dentro de casa estará colocando a vida dos filhos em risco”. E mais adiante: "Precisamos ter responsabilidade para enfrentar esse tema".

Criado o monstro é preciso alimentá-lo. E ele é nutrido por casos como esse em que o referido delegado ousou expor ideias que não devem ser expressas. Uma coisa é a dignidade da pessoa humana e o respeito a ela devido. Outra é assumir que, em vista dessa dignidade, resultem abolidos os valores que lhe são inerentes. Ou que esses valores sequer possam ser explicitados em público. E ai de quem faça alguma afirmação na qual se possa intuir fundamento religioso ou da moral correspondente! 

A afirmação do policial foi irretocável, mas envolvia uma advertência sobre o exercício irresponsável dos direitos sexuais. E há, sim, uma correspondência entre direitos e deveres que, na situação genérica descrita, são os da mãe, do pai, ou do cuidador responsável por menores no âmbito do lar. Ora bolas!


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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Rodrigo -   28/08/2017 05:33:17

O politicamente correto já é uma ditadura estabelecida. Precisamos lutar contra ela. Não apenas com argumentos, mas com atitudes. Temos que denunciar isso onde estivermos, desmascarando mesmo. E o principal lugar onde esse absurdo ocorre é no ambiente escolar, da pré escola até a universidade. Por essas e outras, a necessidade de aprovação do projeto Escola sem Partido é urgente.

André Ambrosio Abramczuk -   27/08/2017 14:14:51

- O Sr. nasceu onde? --- No Cairo! -O Sr. então é africano! -Isso mesmo! Pelo menos o Sr. sabe que o Cairo fica na África! - E seus filhos, nasceram onde? - Dois no Rio de Janeiro, um em Porto Alegre! - Qual a nacionalidade deles? - Eles são brasileiros, mas eu os instruí para dizer que são afrodescendentes! - Por quê? - Porque eu acho besteira que afrodescendente deva ser termo de uso exclusivo de quem tem negros africanos entre seus antepassados!

LUIZ FERNANDO MORAN FILHO -   23/08/2017 13:02:58

O artigo está excelente, mas não podemos esquecer que os pais politicos de Lula foram Geisel e Golbery, e que, foi o PSDB no período FHC que azeitou essa máquina cultural progressista, que promoveu a divisão da sociedade e a imposição do politicamente correto, para que o PT pudesse colocá-la a plenos motores. Somente uma grande ruptura da sociedade rejeitando e não reconhecendo a autoridade desses governantes é que nos dará alguma chance.

Regina Marins -   21/08/2017 19:38:15

Como é prazeiroso e edificante,quando entro em um blog e vejo opiniões, que, não são levadas pela moda do momento ou a tal excrecência do, politicamente correto. É maravilhoso ver luz no fundo do túnel, através de pessoas com idoneidade moral que mantêm pensamentos e atitudes de qualidades corretas. E consideram importantes atributos como honra, seriedade , respeitabilidade, bons costumes,dignidade que mostram se o individuo é merecedor de respeito na sociedade. Estamos vivendo uma fase, caótica e triste, no Brasil, onde grupos de pessoas com uma ideologia fanática ultrapassada tentam destroçar a Democracia e o cidadão, desmontando a educação moral, ética e religiosa da Nação.

Genaro Faria -   21/08/2017 14:29:27

FIQUE SABENDO - Quando nos deparamos com um Carlos Drummond de Andrade ("Escritor não é só ver de um jeito diferente/ É só ver de um jeito diferente"), um Manuel Bandeira ("Estrela da manhã/ Estrela da vida inteira/ Da vida que poderia/ ter sido e não foi/ Poesia/ Minha vida verdadeira"), ou ainda, um Fernando Pessoa ("O poeta é um fingidor/Finge tão completamente/ Que finge sentir que é dor/ A dor que deveras sente"), não há como não sentir que estamos diante de um verdadeiro literato, um artista da palavra, capaz de extrair de um verso um sentimento límpido e sublime que nos eleva a um nível superior da consciência. Atores são mais conhecidos do público - e mais amados - que os autores. Mas são estes que atravessam gerações com sua arte. Aqueles são mais efêmeros e irrelevantes quanto mais se engajam na política e na propaganda das ideologias que abraçam. É muito triste ver ídolos de minha juventude descerem do palco para se tornar palhaços das perdidas ilusões.

Brenda Fernandes Aprigliano -   20/08/2017 12:00:00

Para desmontar o "politicamente correto" é preciso ter coragem e sair da zona de conforto. Sair da adolescência insegura que quando quer estar bem com os coleguinhas aceita praticar algum ato ilícito. O politicamente correto não foi criado por pessoas inteligentes, mas sim por covardes, perversos e por ideologias genocidas, com o intuito e a determinação de corromper o meio social.

Carlos fastruck -   20/08/2017 08:11:56

Este "politicamente incorreto" é também uma forma de "novilíngua de Orwell" pois se excluindo certas palavras e se criando outras, se muda o pensamento das pessoas e se consegue impor uma ideologia de esquerda, que é o verdadeiro interesse por detrás disto.

Claudio -   20/08/2017 00:48:58

Há de chegar o dia em que se sentir necessidade soltarei flatos em público por identidade de anus,urinárei em público por identidade de uretras,tirarei secreções nasais em público por identidade de nasais é assim segue a humanidade....gente nojenta....não me condenem pois é "apenas identidade de nojos"....

Luiz Felipe Gomes -   20/08/2017 00:19:40

Excelente, como sempre, meu caro Puggina. É preciso combater a censura do politicamente correto. Luiz Felipe.

Genaro Faria -   19/08/2017 22:13:22

Eu nunca deixei de usar a expressão comunista para me referir a um comunista. Nunca me senti intimidado ou simplesmente constrangido por essa vigarice chamada "politicamente correto". Em resumo, essa malandragem consiste em sancionar qualquer aberração que os comunistas imputem a seus adversários, ao passo que estes ficam impedidos de os chamar daquilo que eles são de fato. Um jornalista politicamente correto não é o que finge ser: um profissional neutro que procura transmitir os fatos sem nenhuma distorção. Ao contrário, ele é "um agente da transformação social" que faz da notícia uma propaganda enganosa a favor de sua ideologia e contrária aos que só consegue tomar por desafetos.

Susana -   19/08/2017 21:17:23

Em breve sofreremos linchamento público se manifestarmos idéias que se contraponham ao que os ditadores do politicamente correto aprovam.

André Ambrosio Abramczuk -   19/08/2017 20:32:37

Concordo com a ideia de que é necessário que as mulheres responsáveis pela família não façam rodízio de padrastos dentro da própria casa. Eu vi algo do gênero acontecer aqui na minha vizinhança. A mãe de quatro filhos trocava de parceiro como o vento troca de direção. Belo dia um desses parceiros estuprou a filha dela de 11 anos e desapareceu no mundo, pois sabia o que lhe aconteceria se caísse nas mãos dos homens que frequentavam o mesmo boteco que ele. Para conhecimento da humanidade, eu nunca soube o nome dele, apenas o apelido: Zebu.

juscelino -   19/08/2017 17:50:15

isso é fato , mas isso só se impôs pela covardia e leniência das pessoas que deixaram os impositores vigaristas intelectuais dessa coisa implantar sem obstáculo nenhum... e o negócio ja ficou tão arraigado que pra extirpar precisara de machados bem afiados....

Jose Nei de Lima -   19/08/2017 15:47:52

Hoje está em moda o ditado popular politicamente correto em qualquer momento situação que haja uma divergência em ser contra um assunto sobre política, um grande abraço amigo que Deus vos abençoe e ilumine amém.

Dalton C. Rocha -   19/08/2017 15:41:32

Em resumo: Luta de classes morta; luta de sexos posta...

Carlos Edison Fernandes Domingues -   19/08/2017 15:17:55

PUGGINA. Sou "machista" na minha responsabilidade, como marido há 53 anos e como pai há 48 anos. Alimentamos um lar, cujo o exemplo se procura transmitir para os netos. Assim doutrinou Rui Barbosa " Multiplicai a família e tereis a Pátria" Carlos Edison Domingues

carlos alberto wagner -   19/08/2017 14:22:28

Enquanto houver, gente, pessoas, em partidos politicos como psol, pc do b, pt, etc. e as pessoas de bem não se rebelarem contra essa escória, que ainda por cima mandaram no pais por 14 anos, infelizmente não haverá solução. Essa gente tem que ser extirpada sociedade civil, esses partidos politicos de gente vagabunda e sem vergonha, tipo lula, josé dirceu, mária do rosário, tarso genro, ( aliás que agora, para não cair no esquecimento), esta usando um termo bonitinho"temos que REFUNDAR O Pt", esse vagabundo tinha que estar é preso, por aquilo que ele fez ai no RS,e não se mudar para Rio, e continuar fazendo politicagem rasteira de gente sem caráter.

Ivo Wenclaski -   19/08/2017 14:18:29

Coitado do Bolsonaro, é constante vítima dos patrulheiros do "politicamente correto", quem sabe se ele vencer dá um jeito nesta sutil forma de dominação cultural e política.

Odilon Rocha -   18/08/2017 22:55:47

Prezado Professor Se não totalmente no sentido bélico, infelizmente conseguiram nos desarmar mentalmente. Eu mesmo já fui alvo de olhares reprovadores quando socialmente, conversando com pessoas nitidamente sem discernimento, faço colocações fora do eixo 'obediente'.

maria de lourdes -   18/08/2017 22:31:35

Estamos cansados deste politicamente corretos. Vemos em programa de entretimento, apresentadores concordando com tudo, e todos formando um coro. Parece que se define algo e todos tem que concordar. É insuportável ver isso e sentir que muitos concordam só para serem bem aceitos, pois caso discordem, lá vem pedrada. Cansativo tudo isso...

Jorge Antonio Pinheiro de Oliveira -   18/08/2017 20:58:23

A CALHORDICE DESSA GENTE NÃO TEM LIMITES, PARA MANTER SUA AGENDA IDEOLÓGICA SÃO CAPAZES DE TUDO, ATÉ MATAR, É O MESMO IDEAL COMUNISTA, PASSAR POR CIMA DE TUDO PARA ATINGIR SEU OBJETIVO FINAL QUE É O PODER, UM ÓTIMO TEXTO.