• Percival Puggina
  • 18/01/2022
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PODER E AUTORIDADE, SEGUNDO JESUS CRISTO

 

Percival Puggina

 

         Quem for eleito presidente da República indicará em 2023 dois novos ministros ao STF em substituição a Ricardo Lewandowski e a Rosa Weber. Não quero nem pensar no que faria Lula se a caneta das indicações lhe retornasse às mãos. O Supremo que emergiu da década petista é esse de que padecemos. Em 2018, o candidato da maioria de seus membros perdeu as eleições. Inconformado, tornou-se, o STF, um dos muitos centros de poder nacional cujos membros combatem ferozmente os objetos de seus próprios preconceitos e malquerenças.

Podemos divergir sobre o quanto isso afetou a vida institucional do país. Mas é inegável que o Supremo atraiu muito desagrado ao destruir a Lava Jato e, com ela, as esperanças de um Brasil passado a limpo. A contribuição do STF ao combate à criminalidade e à impunidade corresponde a algum algarismo bem menor do que zero, no que empata com o Congresso Nacional.

Parece oportuníssimo reproduzir aqui palavras de Jesus Cristo em Mateus 20:25-28. Não o faço por ser católico, mas por quanto há de sabedoria nestas poucas e raras palavras de Jesus objetivamente “políticas”.

"Sabeis que os chefes das nações as governam como seus senhores e que os grandes exercem sobre elas o seu poder. Não seja assim entre vós. Pelo contrário, quem entre vós quiser fazer-se grande seja o vosso servo; e quem no meio de vós quiser ser o primeiro seja vosso servo. Também o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir."

O princípio aqui enunciado proporciona a quem esteja investido de poder muito daquilo que os romanos chamavam “Auctoritas” e descrevia aquela ascendência inerente a certos indivíduos como efeito natural do bom exemplo, da sabedoria, da experiência e das virtudes.

De nada vale os senhores ministros reclamarem para si, em decorrência do poder a eles atribuído, o reconhecimento e a consideração que, na vida real, advêm da Auctoritas. Esta, por muitas razões, é mercadoria em falta, um passo fora dos salões onde, por dever de ofício, entram os rapapés e as cortesanias de praxe. Quanto tais louvações realmente valem daquilo que pesam nas falas à Corte?

Em excelente artigo de 2010, o padre e mestre português Dr. Anselmo Borges inflama-se ao referir aqueles que, no exercício de seu poder institucional, não cuidam de preservar a auctoritas. Fala sobre os maus pais e pergunta: o que acontece quando lhes faltam as condições morais necessárias para exercer e fazer crescer a dignidade dos filhos? Fala sobre os maus professores, observando que “quando os estudantes descobrem que um professor é incompetente, é melhor pôr-se a salvo”. Por fim, menciona aquelas personagens do mundo político a quem, por falta de qualificação intelectual, técnica ou moral, “à função de deputados ou ministros só resta o nome”.

A perda de referências dá causa a um desastre social no Brasil. Só não vê quem disso se beneficia.

  1. https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/anselmo-borges/potestas-e-auctoritas--1476678.html

 


Luiz R. Vilela -   19/01/2022 10:47:43

Quando um sujeito é reconhecidamente um corrupto, que só age ao arrepio da lei, mesmo assim consegue ludibriar grande parte da população e se elege a cargo público, quando tem o poder de nomear alguém que um dia poderá julga-lo, fará de maneira isenta, nomeando uma pessoa de conduta ilibada, ou investirá de autoridade de um cargo público, alguém a sua imagem e semelhança? Pelos julgamentos que temos visto nos últimos tempos aqui no nosso pais, nota-se claramente que julgadores e julgados, estão no mesmo nível, se merecem. E o povo, como é que entra e como é que fica nesta história? Infelizmente já se sabe que as questões morais e éticas, ou mesmo a própria vergonha, estão em desuso no nosso pais, ser probo e honesto esta "démodé", e parece que isto não é coisa recente, pois a mais de cem anos, Rui Barbosa, também reclamava dos "costumes" de sua época, através da sua "Oração aos Moços". Sergio Porto o Stanislaw Ponte Preta, já "requeria" que se reimplantasse a moralidade, ou então nos locupletaremos todos. Nunca aconteceu e nem vai acontecer uma coisa ou outra, a imoralidade e a desigualdade, são coisas tão nossas como são as jabuticabas. Estamos condenados.

Décio Antônio Damin -   18/01/2022 20:35:13

Para mim este foi um dos seus mais belos e realistas textos...! Parabéns ao inspirado e erudito escritor!!

Manoel Etelvino de Medeiros -   18/01/2022 12:28:23

Parabéns Mestre, Persival Puggina esse texto vem a calhar, espero que essa caneta não cai nas mãos do Lula, será a última pá de cal para o Brasil. Att Manoel Medeiros