• Percival Puggina
  • 27/01/2017
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PERDA DA NOÇÃO DE LIMITE

 

 Estou certo de que o leitor concordará com o enunciado: não é condição de “normalidade” de uma ação humana o fato de ela estar sendo praticada por muitos, pela maioria ou por todos. A normalidade de uma ação está condicionada à sua adequação a uma norma. Todos podem estar desrespeitando sinais de trânsito, mas isso não faz "normais" as infrações.“Comum” e “frequente” não são sinônimos de “normal”. Fazer cabeças não é normal.

 O fato de ser muito difícil aos jovens não reproduzirem o que o grupo em que estão inseridos faz (numa estranha conformidade rebelde ou numa rebeldia conformada), associado ao fato de muitos adultos reproduzirem as condutas dos jovens (numa ridícula cirurgia plástica do modo de agir), multiplicou, nas últimas décadas, os problemas de comportamento e suas conseqüências sociais. O já idoso “É proibido proibir!” se constitui, ainda, na expressão síntese de generalizada forma de conduta em que qualquer tentativa de estabelecer limites é vista como repressiva. Nada é abusivo exceto a tentativa de acabar com os abusos. Apenas as empresas e as instituições militares parecem restar como locais onde a autoridade ainda se permite estabelecer limites.

As conseqüências dessa gandaia podem ser contempladas no âmbito familiar, nas escolas e universidades, nos parlamentos, nas ruas e assim por diante. Exemplo do mês? Perdeu a noção de limites o professor paraninfo da turma de formandos da Famecos/PUCRS, quando, em seu discurso, passou a incorrer nos mesmos equívocos jornalísticos que condenou nas primeiras palavras que proferiu. Instalou-se em sua bolha ideológica e a ela referenciou a realidade política do país. Tratou de fazer cabeças entre as cabeças dos convidados cativos de suas poltronas. Não respeitando a pluralidade do auditório e dos formandos, o homenageado fez o que sequer as jovens oradoras da turma fizeram: deu-se o direito de descarregar sobre todos um discurso político a respeito dos fatos recentíssimos da história nacional. Afirmou, o professor paraninfo, que uma "presidenta eleita foi afastada por um golpe parlamentar, civil e infelizmente midiático"; disse haver "um político suspeito de corrupção, assumido a presidência do país". E por aí andou, silenciando sobre tudo que não lhe convinha, tomando lado, calçando chuteiras e dando bicos na bola dos fatos. Pais, parentes e amigos dos formandos receberam uma porção do que supostamente foi servido à turma, em doses diárias, nos vários anos do curso. Para não deixar dúvidas quanto a isso, falou, também, o diretor da faculdade, endossando, sem pestanejar, o discurso do paraninfo, cujas palavras disse representarem "o que certamente pensa o coletivo da Famecos".

Coletivo, sem motorista nem cobrador, costuma ser coisa complicada, controlada pela esquerda e concebida para ser inexpugnável.


* Vídeo com a íntegra da solenidade pode ser assistido aqui. Às 2h e 21 min. da gravação começam os referidos discursos.


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* Percival Puggina (72), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Leonardo Melanino -   29/01/2017 22:21:59

"LIMITE" literalmente significa "NORMALIDADE". Geograficamente, ele é uma divisória que separa uma cidade doutra. "DIVISA" é um nome duma divisória que separa um estado doutro e "FRONTEIRA", um duma que separa uma nação doutra. Piesicamente, a normalidade encontra-se entre 90/60 e 150/90 e, glicemicamente, ela encontra-se entre 60 e cento e cinquenta. Pieses altas são chamadas de "HIPERPIESES" e baixas são chamadas de "HIPOPIESES". Glicemias altas são chamadas de "HIPERGLICEMIAS" e baixas são chamadas de "HIPOGLICEMIAS". As extrapolações destes limites também são chamadas de "EXTREMOS". Exemplos deles: absolutismos/relativismos, anarquias/totalitarismos, feminismos/machismos, globalismos/ultranacionalismos, licenciosidades/puritanismos, sacrilégios/santimônias, ultraconservadorismos/ultraliberalismos e outros.

Jorge A. P. de Oliveira -   29/01/2017 07:23:36

A grande Porto Alegre está se transformando no último refúgio desses canalhas ideológicos, nunca vi no Brasil lugar para ter tanto esquerdista, tem que haver uma limpeza nessas universidades daí, que gente cara de pau e sem vergonha!

Brenda Fernandes Aprigliano -   29/01/2017 07:18:20

Escolha de paraninfo sempre foi um tanto representativo do perfil dos formandos, o que nos faz ficar bastante apreensivos sobre o futuro do País nas mãos do que tem sido gestado dentro das nossas Universidades. As PUCs tem sido, não raro, palco de manifestações de cunho fanático esquerdista totalmente incoerente com o que seria de se esperar de um ambiente cristão católico, e em geral com a conivéncia de seus diretores e reitores. Talvez já seja um reflexo do mesmo fenômeno que ocorre hoje no Vaticano que não professa mais a Doutrina Católica que está sendo substituída pela "Igreja de Francisco". Sinal dos tempos! Tempos de derrocada dos valores morais e éticos, insanidade e autoritarismo.

David Siqueira de Araújo Junior -   29/01/2017 02:12:21

Se o Estado resolvesse pagar a mensalidade de uma escola particular para os alunos que hoje ocupam a rede pública, ele economizaria "rios de dinheiro". O que justificaria então o Estado manter o atual modelo, haja vista que o ensino público é mais caro que o privado? Resposta: Controle ideológico! Caso resolvesse privatizar a educação, ele perderia o controle ideológico. Atualmente, professores são formados nas universidades públicas por doutrinadores marxistas e acabam perpetuando esse ensino nas salas de aulas aos seus alunos, alguns com pouca chance de defesa dessa nefasta ideologia esquerdista.

Claudio -   28/01/2017 20:19:33

Esquerdismo seria engraçado de não fosse trágico.Experimentemos contestar a candidatura do Lula por ser "suspeito"de corrupção e veremos a grande metamorfose do discurso.

Carlos -   28/01/2017 16:28:25

Nos dias de hoje, nem as empresas estão livres do politicamente correto e da patrulha esquerdista! Penso eu que somente no âmbito militar ainda existe algum respeito e disciplina.

claudio da silva araujo -   28/01/2017 15:07:53

parabens pelo blog e tambem pelos comentarios

Genaro Faria -   28/01/2017 14:26:55

Segundo aprendi ao tempo em que pais e mestres não erasm considerados opressores ou corruptores de seus alunos e filhos, intrinsecamente, a autoridade decorre, ao contrário do que supõem os revolucionários, não do poder da cátedra ou paterno, mas do saber. E o saber, muito mais do que ser administrado, deve ser extraído (educar = "ex ducere", conduzir para fora) do educando por meio do saber do educador. Além disse, pedagogo era o escravo que conduzia o aluno até a escola e depois o trazia de volta para casa. Hoje os educadores, perdão, "trabalhadores do ensino", são agentes que enfiam nos pobres alunos suas crenças, corrrompe-os com seus desvios morais e, assim, os preparam ser se tornarem escravos da autoridade exercida por tiranos homicidas.

Artus James Lampert Dressler -   28/01/2017 13:24:38

Prezado professor, eu vou mais além, só perde quem alguma vez teve. ELES NUNCA TIVERAM, até podiam fazer de conta para nos enganar pois estamos catalogados, por eles, como párias das suas nefastas intenções agora iniciado o desbarrancamento pela pororoca causada pela OPERAÇÃO LAVA JATO. Tudo começou no contexto familiar, na rebeldia dos filhos alimentada pelos pais e no escambau do SISTEMA DE ENSINO e da SOCIEDADE. ATÉ a reversão teremos uma grande "viagem; iniciará QUANDO OS CASAMENTOS NÃO SE DEREM MAIS ENTRE ADOLESCENTES (TODOS REVOLUCIONÁRIOS) E OS FILHOS VIEREM DE CASAIS que transmitirão outra IDEOLOGIA: a de que ninguém nasceu para ser igual ao outro ou ter os mesmos direitos, se não fizerem para tanto. MERITOCRACIA JÁ!!!

sanseverina -   28/01/2017 13:09:50

Esse tratamento do alunado como “boi marcado” que o Politicamente Correto sempre fez, faz (e fatura!), englobando as teses esquerdistas de todas as tonalidades, é uma doença social difícil de debelar que grassou, de forma mais contundente, nos últimos 50 anos (a década de 60 é marco mundial). Daí que hoje temos pessoas vivendo os seus 60/70 anos de idade completamente hebetadas, limitadas pelas “normas comportamentais e de pensamento” que lhes foram incutidas na infância e na adolescência. Poucos de nós escapamos. O pior é que a maioria silenciosa ou repetidora dos tais condicionamentos não se dá por achada, engole e digere programas das TVs, notícias dos jornais e revistas e mesmo posts de certos blogueiros sem mastigar, sem lhes perceber o sabor, as entrelinhas e, enfim, sem CRÍTICA ou CONTESTAÇÃO. Há um vídeo de 7,4’ bombando no YouTube em que um negro americano enorme, o Big Joe, discursa para uma manada de manifestantes anti-Trump em Los Angeles - onde todo mundo é “vanguarda de tudo”- apontando a própria cabeça e insistindo: pensem! BE SMART!!! Ele está certíssimo, a nossa sociedade está precisando URGENTE de choques profiláticos de realidade.

Jonny Hawke -   28/01/2017 10:54:14

Mestre Puggina, na faculdade sempre dizia que nós éramos jovens comandos por um grupo de velhos ideológicos! Fazemos faculdade para sermos empreendedores, para ter o conhecimento de melhor nossa vida e a dos outros, mas aqui no Brasil faz tempo que ela virou sinônimo de uma coisa só: concurso público!

Lucas Godoi -   28/01/2017 01:29:05

Belo texto professor, excelente e engraçado! A parte do golpe "infelizmente midiático" é fantástica, os fazedores de cabeça não esperavam essa traição.

Odilon Rocha -   28/01/2017 01:19:12

Eles, caro Professor, certamente esqueceram ou fingiram esquecer de um coletivo que tinha um motorista com habilitação até para mentir e roubar. Os cobradores eram muitos, e com que habilidade para gerir o troco! Perderam realmente a noção, porque vergonha nunca tiveram.