PATRULHA E MISTIFICA?O NO IPEA, AGORA SUBORDINADO SEALOPRA
Tenho criticado aqui a doutrina? esquerdopata nas escolas p?cas e privadas, como sabem. Mais do que isso: seja no terreno da ideologia propriamente, seja no dos valores e costumes, tenho apontado o que classifico de “intoler?ia dos tolerantes” — vale dizer: um grupo se declara monopolista do bem e da diversidade e passa a policiar aqueles que discordam de suas an?ses, promovendo patrulha e persegui? pol?ca em nome do combate ?. patrulha e ?ersegui? pol?ca!!! As coisas est?assumindo propor?s alarmantes.
O que segue ? relato de uma economista que participou de um concurso no Ipea (Instituto de Pesquisa Econ?a Aplicada). N?divulgo seu nome. Se ela concordar, eu o farei. O Ipea, voc?sabem, era subordinado ao Minist?o do Planejamento. Agora, est?ob o comando de Mangabeira Unger, o titular da antiga Secretaria de Assuntos de Longo Prazo, a SEALOPRA, conforme foi batizada aqui. O nome mudou, mas n?o ju?. O presidente do Ipea ?arcos Pochmann, aquele rapaz que gosta de se apresentar com golas chinesas — e, quem sabe?, id?s idem (menos no que respeita ?des?ao mercado, claro...). O ?o, como voc?sabem, j?romoveu o expurgo de “neoliberais”... Em nome da diversidade, ?bvio!!!
O que voc?ler?? relato de como a prova de um concurso pode se transformar numa peneira ideol?a. E, pior do que isso, a idiotia enverga as vestes de fina teoria. Acompanhem o relato. Volto depois:
Quem vem acompanhando os acontecimentos recentes do IPEA, iniciados desde que a nova diretoria assumiu, poderia esperar que o maior concurso da hist? da institui? tivesse algum vi?ideol?o e teria algumas excentricidades. Entretanto, o que se viu no concurso realizado no dia 13/12/2008 supera de longe a expectativa mais pessimista. N?quero aqui julgar o vi?ideol?o da prova e sim a capacidade de selecionar pesquisadores de qualidade.
O que deveria ser exigido na sele? de um bom pesquisador aplicado em economia (para fazer jus ao nome da institui?)? Na minha opini? conhecimentos sobre diversas linhas de pensamento, o instrumental b?co de micro e macroeconomia e econometria. O edital da prova, entretanto, j?diantava alguns problemas. A palavra “econometria” n?era nem citada, e as vagas foram dividas em ?as de especializa?, de conte?limitado, o que beneficia concurseiros em detrimento de economistas de forma? ampla. Escolhi, por elimina?, a ?a Estruturas Produtivas, Tecnol?a e Industrial, que continha microeconomia e outros t?os sobre a estrutura produtiva brasileira, e fui surpreendida com uma prova que nem condizente com o conte?anunciado era.
A prova ?m festival de afirma?s cheias de ju? de valor e de linguagem inintelig?l (...). O que dizer sobre a frase: A especula? financeira vislumbra como luz no fim do t? o brilho do tesouro nacional? Ou Sem a convers?dos fundos p?cos em pressuposto geral do capital, a economia produtiva capitalista ?nsustent?l? (...). Como se n?existissem in?as teorias de economistas consagrados, fez-se refer?ia ?eoria de padr?de acumula? e oligop?s do soci?o Francisco de Oliveira (que correspondeu a quase 10% da prova) e do conceito de “burocracia” do fil?o franc?Claude Lefort. Para ser justa, n?posso ignorar que fizeram perguntas sobre as teorias de Schumpeter, Malthus e Adam Smith, mas ser?ue mais nada foi pensado em economia que mere?men? na prova?
Outra excentricidade foi o grande n?o de perguntas sobre artigos de leis e instru?s normativas sobre parcelamento do solo, IPTU, Estatuto das Cidades, posse de terras e acesso ?erra, que nem citados no programa estavam. Algu?deve estar se perguntando sobre o conte?de microeconomia, que correspondia a um ter?da prova segundo o edital. Estes exigiam o conhecimento passado no primeiro dia do curso de microeconomia: O custo total m?o da produ? ? soma, para cada n?l de produ? dos custos fixos e vari?is, ou A teoria da firma se desdobra em Teorias da Produ?, dos Custos e dos rendimentos e alicerceia a an?se da oferta. Ou ainda: Como as quantidades procuradas (QP) n?dependem diretamente do n?l de pre? (P), ?orreto afirmar que n?h?ma rela? funcional de depend?ia entre as vari?is QP e P.
A prova foi fechada com chave de ouro com a parte discursiva, onde as duas ?as quest?eram sobre a teoria neo-shumpeteriana. Esses s?os horrores da prova de microeconomia. N?faltam exemplos nas outras ?as. N?sei se fico mais deprimida como economista, por pensar no futuro do IPEA e no que o governo considera que ?m conte?razo?l para um profissional da minha ?a, ou como cidad?que pagar?mpostos para custear os cerca de 60 profissionais que ser?contratados com base nesses crit?os para ganhar quase R$ 11 mil por m?
Voltei
Como se v?o esquerdismo boc?apenas um dos males do exame. Outro ? estupidez. Ocorre que o segundo tem o primeiro como seu parceiro mais freq?e. Francisco de Oliveira e Claude Lefort numa prova para selecionar economistas que v?lidar com as quest?de longo prazo do desenvolvimento do Brasil? S?piadas grotescas. Oliveira tenta, como vou dizer?, dinamizar a nossa economia sendo um dos mestres do PSOL... Lefort n?sabe a diferen?entre um croissant e um gr?co sobre produtividade... E, como fica claro no desabafo da economista, a essa mistifica? pegajosa juntam-se a velha incompet?ia e o primitivismo intelectual. V?e que o exame pretende menos selecionar economistas competentes e com boa forma? t?ica do que, como ?esmo?, “cidad? engajados em busca de um outro mundo poss?l”.
Lula pode chegar a 150% de popularidade (seria uma popularidade j?omprometendo gera?s futuras...), e isso n?impede — ao contr?o, at?juda — que, em mais duas ou tr?gera?s, estejamos encarando de frente os nossos ancestrais. ? os darwinistas s?o estavam preparados para isto: a involu?. Se voc?repararem bem, a coluna de boa parte dos nossos universit?os j?ome? a vergar um tantinho. Mais uns tr?governos petistas, estaremos sendo esnobados pelos chimpanz? V?gozar da gente (como esp?e): al?de nos faltar o mindinho, tamb?teremos perdido o polegar opositor.
Por Reinaldo Azevedo