• Percival Puggina
  • 04/04/2016
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PALÁCIO DO PLANALTO, PUXADINHO DO PT

 

No dia 31 de março, convocado pela presidente, um grupo de supostos defensores da democracia e da legalidade se reuniu no Palácio do Planalto. O motivo do evento (um dos tantos em que Dilma e Lula têm aparecido para um público subalterno, escolhido a dedo) era assinar atos de regularização de terras para reforma agrária e comunidades quilombolas. Na prática, comício político em favor da presidente e exaltado chamamento à violência e à luta contra o “golpe”.

 O assunto foi fartamente noticiado. A sede da chefia de Estado e governo brasileiros prestou-se para discursos e condutas indignas (assista aqui a fala do representante da Contag). Nesse pronunciamento, como mote para convocar ações violentas, atentatórias à ordem pública, surge o clichê “bancada da bala”. No idioma esquerdista, “bancada da bala” designa um grupo de parlamentares formado por adversários do desarmamento e ruralistas. Eles gostariam que fosse respeitada a decisão tomada pelo povo brasileiro no referendo de 2005. Naquele significativo momento cívico, dois terços da população rejeitaram a proibição, mas o petismo inconformado, ao regulamentar administrativamente a matéria, sepultou a decisão nacional. Quem não sabe perder é o pessoal de estrela no peito.
 Evidencia-se, também nisso, uma das muitas diferenças fundamentais entre os verdadeiramente democratas e os militantes petistas. A dita “bancada da bala”, presumivelmente violenta a partir do rótulo, respeita até a desrespeitosa regulamentação determinada pelo governo, que transforma a posse legal de armas numa gincana de dificuldades e custos. Paradoxalmente, a verdadeira bancada da bala ocupava assentos no evento palaciano! Ali estavam os protetores de bandidos como parceiros da luta de classe. Ali rugiam os verdadeiramente violentos, chamando à luta. Um protesto inadequado diante da moradia de certo ministro do STF, virou mote para os companheiros responderem com anúncio de invasão do parlamento, ataques à “bancada da bala” e assaltos a propriedades rurais. Ali sentavam, também, os defensores dos direitos dos criminosos, dos traficantes, donos de arsenais muito mais efetivos e ativos que os da lei e da ordem. Ali estava um governo que não combate o tráfico e mantém relações cordialíssimas com as FARC narcoterroristas. Ali, também, os que permitiram que a bala, hoje, corra solta em tiroteios no meio urbano.

 A esquerda militante a serviço da causa serve-se de clichês como quem come amendoim. Vai um atrás do outro. E a mídia amiga é inesgotável no fornecimento para que, por repetição, o clichê se converta em reflexo da realidade. Vai-se, num pulo, da expressão ao fato.

Não surpreende que o Palácio do Planalto esteja convertido em puxadinho do PT. Quem comparece a seus eventos, quem os organiza, quem os mobiliza e quem os dirige não tem a menor noção sobre limites da ação política. A presidente desrespeita cotidianamente a dignidade de seu cargo! Não é por outro motivo que o país chegou à atual situação e que uma organização criminosa (Orcrim) se instalou no coração do poder. Agora, a Orcrim anuncia que vai à luta para não sair. Ao cidadão de bem não é tolerado, sequer, indignar-se com tudo isso. Se expressar sua revolta, lhe jogam por cima os clichês do ódio e da intolerância. Não foi à toa que publiquei um livro cujo título é “A tomada do Brasil (pelos maus brasileiros)”.


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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Aparecida -   06/04/2016 14:52:26

Se, durante aquela incitação ao crime, Dilma tivesse levantado e dito:- Pare! Não é assim que ganharemos!- teria um pouquinho de meu respeito. Teria conseguido conquistar uma chama, ainda que pequena, de empatia. Mas não. Não demonstrou o mínimo de dignidade para uma chefe de estado, (com minúscula mesmo). Demonstrou sim, que continua sendo a guerrilheira, a terrorista, capaz de pegar em armas para manter a sua ideologia (ou os seus privilégios). Dilma não tem condições de governar.

Genaro Faria -   05/04/2016 18:36:26

Agitadores dos aparelhos MST, CUT e outros arriaram as bandeiras dos estados enfileiradas na entrada do Congresso Nacional, rasgaram-nas, e em seguida hastearam as bandeiras de seus movimentos nos mastros. É uma afronta inaceitável e um crime punível com rigor. Mas é, principalmente, um ato simbólico que desmoraliza a república sob as barbas de sua mais importante instituição - o Legislativo. E a mais emblemática da democracia - a Casa do Povo. E o que aconteceu? Nada. Ou tudo que querem os baderneiros, os vândalos e os jagunços a soldo do dinheiro público para implantar no país um regime ditatorial nos moldes de Cuba.

Gustavo Pereira dos Santos -   05/04/2016 06:57:58

Gostei da OCRIM, mais uma sigla para a tragédia nacional. Acho que vai vazar líquido vermelho de alguns brasileiros se o impeachment não vingar. Pior de tudo é que também vazará com o impedimento.

Genaro Faria -   04/04/2016 18:28:19

Caríssimo Puggina, horas antes de participar do célebre ato público na praça da Central do Brasil e defronte o Ministério da Guerra - por isso chamado de "comício das lavadeiras", tanques de um lado e trouxas do outro - Jango assinou dois decretos, um deles prevendo a desapropriação de terras às margens de rodovias, ferrovias e barragens, para efeito de reforça agrária. Evidentemente, aquele era uma demostração de que o presidente estava isolado no labirinto das esquerdas e com elas resolvera governar o Brasil. O que seria possível na hipótese de que desse um golpe de estado. Essencialmente, este é o momento que estamos vivendo. Eu venho insistindo que o mantra do golpe que a esquerda está repetindo à exaustão significa que esta é a sua intenção. Que depois ela justificaria como um contragolpe. Assim como foi inviável para Jango governar o país contra a maioria do parlamento, também Dilma não poderia governar com 1/3 dos deputados que votarem, eventualmente, contra o impeachment. Votar no impeachment é votar na democracia.