• Percival Puggina
  • 31/01/2015
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PAC 1, PAC 2, PAC 3

No dia 28 de janeiro de 2007, ainda no primeiro mês de seu segundo mandato, Lula lançou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A cerimônia, com as presenças do mundo político, empresarial e sindical, teve pompa e circunstância, com direito a discurso lido e, por isso, sem as fanfarronadas habituais de Sua Excelência. O programa, que no seguir da história produziu dois rebentos - o PAC 2 e o PAC 3 - falava de:
• obras de infra-estrutura,
• medidas de estímulo ao crédito e ao financiamento,
• medidas de desenvolvimento institucional,
• medidas de desoneração e administração tributária, e
• medidas fiscais de longo prazo.

No quadriênio anterior, ou seja, no primeiro mandato de Lula, o crescimento anual médio do PIB fora de apenas 2,3% e o PAC vinha para remover freios e gargalos que travavam nossa Economia. O segundo mandato de Lula, que se iniciava naquele verão de 2007, viria a ser o período de maior crescimento do nosso Produto Interno Bruto desde 1987. Seria o Brasil o gigante que despertava, ou, quem sabe, o tigre latino-americano? Surpresa! Aquele período só não foi mais desastroso do que o de Dilma. Começou ali, com Lula, a ruptura com os fundamentos do Plano Real e a ampliação da irresponsabilidade fiscal, o uso demagógico dos recursos públicos e os corruptos e corruptores passaram a ser aclamados como "guerreiros, heróis do povo brasileiro". Em certo momento, ainda em 2007, durante alguma reunião macabra, surgiu o nome de Dilma. Por fim, estabeleceu-se que, para eleger a proclamada mãe do PAC, nenhum excesso seria excessivo. E o diabo começou a ser feito.

Na ponta da fila para entrar no inferno, a Economia. Durante quatro anos de gestão sob comando da mãe do PAC, a Economia saiu do carretel e formou um emaranhado de fios sem ponta. O Brasil cresceu raquíticos 6,2% em todo o primeiro mandato de Dilma. São números que nos colocam bem abaixo da média mundial e de todos os nossos vizinhos, exceto a falida Venezuela.

Nos bastidores dos anúncios dos PACs urdiam-se escabrosas e sigilosas manobras para assaltar os recursos financeiros nacionais. Manobras que só chegariam ao conhecimento público mediante investigações da mídia e delações premiadas. Não há exagero em afirmar que os PACs só conseguiram acelerar a corrupção. De fato, se observarmos as medidas relacionadas no primeiro parágrafo deste texto, veremos que algumas não aconteceram, outras foram inócuas e outras definitivamente maléficas, como as que pretenderam estimular o desenvolvimento pela via do consumo e do crédito. Nunca houve tanto crédito e tanto financiamento com juros privilegiados. E há muito o Brasil não crescia tão pouco.

No primeiro escândalo do governo Lula, um funcionário da EBCT foi filmado recebendo uma propina de R$ 3 mil. O deputado João Paulo Cunha, pouco depois, recebeu um "toco" de R$ 50 mil. Durante o julgamento do Mensalão, viu-se que os montantes já eram contabilizados em milhões de reais. Agora, com o Petrolão, saltamos para a casa dos bilhões. Isso sim é crescimento. E ninguém ousa apostar contra a existência de assaltos semelhantes em outros setores abrangidos pelos PAC nos quais atuavam os mesmos agentes e os mesmos interessados. Quem disse que nosso governo não está progredindo?

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* Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
 


Odilon Rocha -   03/02/2015 16:52:21

Professor O petrolão sequer foi destrinchado. Ao menos, assim se supõe nem se sabe onde vai parar. O BNDES é outro antro de atrocidades econômicas. Fora o que não se sabe porque 'bondades' foram concedidas e acordadas secretamente. Só se saberá no dia de São Nunca. Com certeza outros setores estão bem acima. Sim, bem acima do que se imagina de uma roubalheira arquitetada. As obras de infrestrutura das Olimpíadas já estão além do previsto por culpa dos tais aditivos. Sempre o planejamento subdimensionado. Incrível! Dizem as 'más línguas' - sempre elas! - que já estamos adentrando a casa do trilhão. Daqui a pouco vai ter país endividado pedindo empréstimo para o PT. Claro que está progredindo! Está virando quase um ente financeiro internacional de fomento. O BID que se cuide! Abraço

Gustavo Pereira dos Santos -   02/02/2015 20:51:07

Dr. Percival, PAC está démodé, a corja petista ressuscitou o APAGÃO. A esquerda é cheia de poesia, não sabe governar, mas é imbatível em siglas, slogans e roubalheira. Um abraço, Gustavo.

Sérgio Alcântara, Canguçu RS -   02/02/2015 17:02:08

Desde o seu lançamento, sempre vi nesse tal PAC aí, mais uma das tantas artificialidades do conteúdo programático petista-marxista, para dar ao grande público aquela indispensável sensação de empenho governamental com o crescimento econômico e o desenvolvimento social do país. Resta saber, qual o artifício a ser apresentado desta vez, para que o povo continue acreditando no compromisso do PT com o "progresso" e a "democracia" e que os problemas detectados atualmente não passam de inevitáveis consequências do "capitalismo nefasto" e de especulação da mídia e da oposição "golpistas"...

paulo de carvalho filho -   01/02/2015 23:58:25

PAC = Plano de Aceleração da Corrupção ou, Plano de Aceleração do Comunismo! Tomara que com a eleição do Eduardo Cunha como presidente da Câmara novos ventos soprem por lá e que a corrupção comece a ser investigada e punida com CPIs sérias, e o avanço do comunismo bolivariano seja, no mínimo, freado!

Susana H Machado -   01/02/2015 16:27:06

Sinceramente, Sr. Puggina, dos discursos dos políticos estamos "até aqui". A próxima notícia que quero ler é sobre as punições, e que sejam SEVERAS, PROPORCIONAIS AOS DELITOS PRATICADOS E QUE NÃO HAJA ACEITAÇÃO POR PARTE DO JUDICIÁRIO DE MANOBRAS DOS ADVOGADOS DE DEFESA, NEM REVISÃO DE PENA. No mais, abraços.

Zaqueu -   01/02/2015 12:47:56

Os R$ 3 mil recebidos por funcionário da EBCT foi e os R$ 50 mil do deputado João Paulo Cunha são dinheiro de pinga. Hoje vemos cifras inimagináceis para nós, pobres mortais. Aconteceu que os PACs empacaram e o desvio do cinheiro público viajou à velocidade da luz. Acredito que ninguém ousa apostar em caso semelhante no mundo. A não ser que especialistas vasculhem a história e provem o contrário. Segundo o Ministro Gilmar Mendes, o Mensalão tornou-se delito de pequenas causas. O caso da Elba, Collor e PC Farias, fichinha, assalto com arma de brinquedo . Talvez nem o Watergate de Nixon tenha atingido proporções tão vultosas.