• Percival Puggina
  • 28/06/2017
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OUTUBRO DE 2018, A LAVA JATO ELEITORAL

 

 Há mais de meio século estudo e acompanho a política brasileira. Vivi, inclusive, períodos de participação ativa no final do século passado. Confesso que nunca observei algo que guarde analogia com o que estamos presenciando nestes desregrados anos. Tensões, conflitos, antagonismos são disponibilizados a quem participa da política com a mesma assiduidade com que o pão comparece à mesa do café da manhã. Esse serviço diário é proporcionado pela disputa do poder e encontra sua síntese nos alinhamentos de governo e oposição. Em países que se dizem democráticos, sem a hipocrisia dos hierarcas cubanos e venezuelanos, sempre há um governo e sempre há uma oposição livre. Os cidadãos, naquilo que lhes corresponde, reconhecem essa polarização identificando-se com algum dos lados.

O Brasil destes inusitados dias é curiosa exceção. Há governo, há oposição, mas ampla maioria da sociedade, se pudesse, botava os dois blocos no olho da rua. A polarização se tornou jogo meramente institucional, em cujos desdobramentos, inclusive, são rotineiros os momentos de convergência e recíproca proteção sempre que interesses escusos estão sob ameaça. Nestes casos, as ideologias são mandadas às favas e se estabelece, sólida, a sociedade dos celerados. A nação - militantes à parte porque formam uma categoria social distinta - percebe os fatos e se distancia dos polos políticos. É baile de cobra onde não se entra sem perneira. A rede com que se captura a confiança dos eleitores tem rombos pelos quais até baleias transitam.

Inusitado, também, o desalento nacional perante as estruturas do poder político. Insistentemente tenho escrito sobre a irracionalidade do nosso modelo institucional, sua fertilidade em gerar crises e incompetência para resolvê-las sem gravíssimas sequelas. Em linguagem farmacológica, nossos remédios institucionais são estranhos placebos, com paraefeitos que se agravam quando as sessões dos tribunais superiores são submetidas ao crivo da opinião pública. Definitivamente, eles não se ajudam quando metem os pés políticos pelas mãos jurídicas.

Além da tela do computador com o qual escrevo, além da touch screen do telefone celular, há um mundo nada virtual, bem real, clamando por ordem, justiça e atenção às suas necessidades básicas; há todo um setor produtivo carecendo de estabilidade, credibilidade e capacidade de investimento. Nosso país é um gigante geográfico e populacional onde solavancos políticos afetam a vida de milhões de pessoas. E nós estamos enfrentando terremotos. É desde essa perspectiva, tomado por desalento em relação às urgências nacionais, como as reformas ora em debate e as político-institucionais, que desejo registrar três convicções.

Primeira: não é tudo a mesma coisa. Ainda que a desonra venha a atingir equitativamente os blocos de governo e oposição, em quase tudo mais que importa há, entre eles, desigualdades muito relevantes sobre temas fundamentais. Refiro-me, por exemplo, a papéis do Estado, privatizações, corporativismos, equilíbrio fiscal, economia de mercado, direito de propriedade e violações a esse direito; educação, família, aborto e políticas de gênero; segurança pública, conflitos sociais e drogas. E por aí vai, que a lista é longa.

Segunda: a justiça tardará a chegar. A morosidade do sistema, que muitos de nossos ministros dos tribunais superiores consideram necessária à boa administração da justiça, não permitirá que esse poder de Estado, antes das próximas eleições, remova da cena política as organizações criminosas que envergonham a nação.

Terceira: a principal fase da operação Lava Jato será tarefa nossa. Ela ocorrerá em outubro do ano que vem, quando, num flash bissexto, o poder transitará pelas mãos do povo... (A íntegra do texto pode ser lida aqui)

 

 


José P.Maciel -   03/07/2017 16:07:44

Quem,neste país,desde cedo,se interessou pela política,mesmo como observador,e aprendeu a inclusive admirar homens públicos,que sempre se destacaram pelo culto à honra ,grandes oradores e fortes personalidades,jamais imaginou a falta de vergonha ,a canalhice que parece ter tomado conta dos homens públicos,a avidez pelo dinheiro,enfim a situação notória em que vivemos em nosso desafortunado país.Ficamos confusos e abismados,pensamos,pensamos e não decidimos.É verdade que o fenômeno não é sòmente local,mas nada semelhante aparece como no Brasil.Podemos apontar causas múltiplas,mas não é de esquecer,como já frisou várias vezes o filósofp ilustre Olavo de Carvalho,nos últimos 100 anos a humanidade perdeu o senso da transcendência, vive numa só dimensão,permanece vítima da malfadada falta de moralidade em geral,da soltura dos costumes e da tecnologia mal dirigida ,utilisada inclusive para a destruição.

Antonio Augusto d´Avila -   02/07/2017 20:15:43

Infelizmente, o nosso absurdo sistema eleitoral permite que um político com seu curralzinho eleitoral se eleja com apenas 2% dos votos (ou até menos). Maluf é um exemplo histórico, há muito tempo tem mais de 90% da rejeição dos eleitores paulistas e sempre foi um campeão de votos. O deputado gaúcho Sérgio Moraes disse uma das maiores verdades sobre o nosso sistema: estou me lixando para a opinião pública.

Isac -   01/07/2017 09:45:25

"BOM QUE OS ELEITORES SAIBAM QUE HOUVE ELEIÇÕES. OS ELEITORES DE NADA VALEM, MAS OS QUE CONTAM OS VOTOS DECIDEM TUDO" - Stálin. As próximas eleições SEM urnas eletrônicas ou com elas COM RECIBO IMPRESSO, caso contrario, um outro comunista poderia ser eleito, não o Mula. Da vez passada, o que teria eleito a cubana e inimiga do povo brasileiro Dilmatrevida seria a SMARTMATIC! Sabemos que os comunistas são especialistas em fraudes e são inescrupulosos ao extremo e, para vencerem, todos os meios ilícitos justificam os fins! BOM QUE OS ELEITORES SAIBAM QUE HOUVE ELEIÇÕES. OS ELEITORES DE NADA VALEM, MAS OS QUE CONTAM OS VOTOS DECIDEM TUDO - Stálin.

Genaro Faria -   28/06/2017 20:51:45

Meu querido mestre, desde que a esquerda ascendeu ao poder montada no ginete do Plano Real do governo Itamar Franco, em disputa com o pangaré da extrema esquerda montado por um candidato inimigo da estabilidade econômica, da responsabilidade fiscal e de tudo que não tivesse uma estrela vermelha na testa e a foice e martelo no coração, a democracia brasileira tornou-se essa inusitada e curiosa exceção da qual você fala. No governo estava um partido que não se defendia de nada e, na oposição, um partido que era contra tudo. Uma democracia assimétrica a talho e deleite da guerra cultural proposta proposta pelo movimento comunista que trocou as trincheiras da artificiosa luta de classes pela infiltração nas instituições do mundo ocidental, para esvaziá-las dos princípios filosóficos e até da religiosidade. O que estamos colhendo hoje é uma democracia formal na qual a nação não está representada e o estado é um esqueleto fraturado e sem articulação com os problemas, gravíssimos, para os quais não encontra nenhuma solução.

sanseverina - off topic? -   28/06/2017 18:50:28

Talvez a explicação para a onda de negatividade fantasiada de “revolução cultural” que a sociedade mundial vive há algum tempo, só possa ser explicada pela lente de algum místico que inclua nesse fenômeno os castigos, o carma por que todos temos que passar, inclusive a vanguarda do movimento, cooptada pelo mal. É incrível como a grande massa humana perdeu o discernimento e a crítica, deixando-se levar pelos arautos que habitam todos os meios de comunicação e que tangem o corpo social como gado para o curral e, depois, para o abatedouro. Tomando exemplos domésticos: como pode Lula, indiciado e processado por corrupção astronômica, uma figura física e psicologicamente abjeta, alcançar o 1º lugar numa próxima disputa para a Presidência, e seguido de Marina da Selva? Que dizer da insistência marqueteira sobre a ”moderna” biologia e a multiplicidade sexual tratadas como um salto de qualidade? Grande parte da população não tem raciocínio nem brio ou perdeu o rumo? Como pode haver um carnaval gay que reúne na metrópole paulista mais de dois milhões de militantes da decadência moral e assistentes parvos nocivamente mesmerizados? É gay ou quer ser, seja, mas não imponha a sua opção aos demais! Neste aspecto, o caos do nosso tempo parece uma trama da Natureza liderada pela tal “revolução”, que é também política, cujo objetivo é obliterar as escolhas individuais e impedir o crescimento da população sob a plataforma política de um projeto ideológico que, parece, acabará levando a Humanidade ao Apocalipse ou para o Armagedon final. E será que os sujeitos da destruição escaparão da fúria que desencadearam?

Rossini -   28/06/2017 16:59:43

"É baile de cobra onde não se entra sem perneira. A rede com que se captura a confiança dos eleitores tem rombos pelos quais até baleias transitam." Muito bom! E pensar que isso sequer é caricatura dos acontecimentos, que, por si só, são caricaturais. Tragicômico.

Leonardo Melanino -   28/06/2017 15:47:17

Dois/dous mil e dezoito/dezouto será mais um ano eleitoral. Seu primeiro turno será em seu 7 de oitubro/outubro e seu segundo em seu vinte e oito/outo. O Povo Brasileiro jamais deve votar em gentalhas que tentam suas reeleições, exordialmente as envolvidas em corrupções ou noutros crimes. Ele também deve analisar minuciosamente as propostas dos candidatos e seus pretéritos políticos. Nós esperamos que o povo não reeleja nenhuma corja nem a eleja em sua primeira vez e renove totalmente os Legislativos e os Executivos federal e estaduais.