Se formos estudar sobre conservadorismo folhando os mais brilhantes autores europeus, vamos morrer de inveja. Eles têm o que conservar ainda que o façam, como nós, sob intenso ataque. Têm tradição e a respeitam. Vivem em um continente onde existe visão de história e, principalmente, instituições estáveis e funcionais. Nós estamos apenas começando a nos conhecer. Ganhamos a eleição com uma visão bastante clara do que não queríamos. Convergiremos no que queremos?
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Engels, em união de almas ignoradas e desmazeladas com Marx, atribuiu à instituição familiar os males do mundo e abriu mais uma porta ao sinuoso e misterioso raciocínio do filosófo de Tréveris. Verdadeira multidão de pensadores bebeu água na fonte marxista. Alinharam-se com o desconstrucionismo próprio dos movimentos revolucionários. Converteram suas jovens vítimas em bonequinhos da reengenharia social. Dedicaram as últimas décadas a desacreditar, tumultuar e sabotar a instituição familiar. Fazem-no com palavras e obras. No serviço de sua causa política.
O séquito dos adoradores de Marx desconsidera seus erros. No entanto, ele deve ter sua validade medida e bom modo de fazê-lo é se deixar conduzir pelo cordão de seus prognósticos. Sua bola de cristal nunca funcionou direito e suas previsões para o futuro da humanidade seriam mais acertadas se vasculhadas esotericamente na borra de uma xícara de café.
Não é para desfazer de Marx que estou escrevendo isso, mas para que, passados 137 anos de sua morte tenhamos um juízo adequado do valor, aos pósteros, de sua produção intelectual. Nada diferente do que a história nos reserva quando vamos examinar textos de outros pensadores que se arriscaram a vislumbrar além do horizonte. Não podem ser comprados pelo preço da etiqueta.
O fato é que se há um território disputado na guerra cultural, fria e civil, é o território da família. Na perspectiva conservadora, essa é uma luta de vida ou morte porque, sem família perdem-se as crianças, vai-se a fé, e cessa a transmissão dos valores. Eis por que, mundo afora, tantos professores de modo velado ou explícito, jogam os filhos contra os pais, mormente se a clientela for de famílias daquela classe que a socióloga do PT, Marilena Chauí diz odiar.
Pense nas correntes políticas e ideológicas que agem contra a família, contra a infância, a favor da sexualização precoce ao mesmo tempo em que “problematizam” a sexualidade infantil com a ideia fixa da ideologia de gênero, impingida com inesgotável persistência. Observe que esses mesmos grupos políticos e partidários defendem a liberalização das drogas, referem-se à maconha como equivalente psicotrópico da independência e da liberdade. Usam a imagem da folha do vegetal como bandeira... “Abre as folhas sobre nós!”. Não sei qual será sua conclusão, mas para mim esses grupos estão tão preocupados com a infância quanto o Zucherberg com a chuva ácida na Polônia. Estão simplesmente fazendo sua parte na guerra cultural.
Agora, faça mais. Lembre-se do que aconteceu quando lançada a campanha de prevenção da gravidez precoce. Como reagiu a imprensa militante, quase sem exceção? Qual a atitude dos partidos revolucionários? As meninas eram apresentadas como Rapunzel presa na torre da bruxa Damares Alves, obrigadas a lançar as tranças para a escalada de seus príncipes... Metamorfosearam a campanha, para combatê-la, tanto quanto nossos congressistas metamorfosearam o pacote anticrime quando enviado ao Legislativo.
A proteção da instituição familiar deve ser, portanto, um dos principais pontos para agregação dos conservadores brasileiros.
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* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.
FERNANDO A O PRIETO - 21/10/2020 08:18:47
Muito bom, como de costume! Chega de louvar essas mentes vazias, que só sabem repetir "slogans". Necessitamos de alguém que construa, tendo como base VALORES, e não teorias já mostradas como erradas e/ou inaplicáveis (marxismo, por exemplo). Felizes os que têm uma FAMÍLIA estruturada em bases sólidas; os que não têm, procurem construí-la. A partir da idéia, podemos tentar ampliá-la e incluir os amigos, e até a Humanidade inteira, mas, sem a concepção dela, falta-nos tudo.Angelino Neto - 20/10/2020 20:54:45
Um ótimo texto como sempre, parabéns!Erton RobertovFreitag - 20/10/2020 14:37:06
Familia éa base de tudo. Não pidemos cair nessa asneira que tudo é perfeitamente correto. A grande midia brasileira propagada os maus exemplos.PAULO CEZAR ALVES MONTEIRO - 20/10/2020 13:00:50
Muito bom, como sempre, caro Percival. Veja se gosta deste artigo: ACORDEM ALICES (CRÔNICA DE PAULO MONTEIRO) cultseraridades.com.br/?p=9073Alceu - 20/10/2020 12:12:36
A família será sempre o último obstáculo, para que essa teoria falida de Max, seja implantada. Uma família forte teremos uma nação forte.Adão Silva Oliveira - 20/10/2020 11:58:58
Na mosca. Concordo em gênero, número e grau. Lamento apenas a peste de ser humano que somos. Somos capazes de idealizar o certo (o errado também está aí o Marxismo para dizer isso). No entanto, na hora de materializar aquilo que idealizamos a coisa muda completamente de figura. Basta conhecer um pouco destes religiosos que andam por aí, em especial os neopentecostais. Pregam uma coisa e fazem outra bem diferente. O que tem de pastor lá pela terceira ou quarta família, sem sequer pagar pensão para as proles anteriores!!! Esta família - coitada cantada em prosa e verso - serve de biombo para outros propósitos nem tão nobres assim. Como me dizia meu filhinho quando criança - há mais ou menos quarenta anos - "falar é fácil, pai", quando eu tinha que dar uma bronca nele. Tudo isso, para resumir: Nós, seres humanos, não PRESTAMOS!!!!