Percival Puggina
Você já ouviu Bolsonaro ou Lula sendo tratados, na mídia ou seja por quem for, como “pré-candidatos” à presidência da República? Nessas reuniões e jantares a R$ 20 mil por pacote de cadeira, garfo, faca e vinho da casa, os convidados só põem a mão no bolso porque sabem que Lula é candidato. Ou alguém acredita que os abnegados e altruístas banqueiros da Av. Faria Lima iriam almoçar com uma pessoa como Lula se ele não fosse candidato sem pré nem pós?
Ora bolas! No entanto, pela lei, pela regra do jogo, todos são igualmente pré, só que uns – no velho padrão nacional – são mais do que outros. A cada pleito, uma multidão de Davis enfrentam os Golias com mandato. Nenhum destes últimos, governador, senador, deputado federal ou estadual é “pré-candidato”. Todos são, naturalmente, candidatíssimos à reeleição em outubro vindouro desde que foram vitoriosos em 2018. Terminou uma campanha, começaram a outra.
Há quase quatro anos trabalham com esse objetivo. Há quase quatro anos, como as noivas prudentes do Evangelho, mantêm acesas suas lamparinas, abastecem-nas com o óleo das emendas parlamentares e com o cotidiano trabalho dos assessores que pastoreiam suas bases eleitorais. Bota campanha aí!
Neste pleito, são a privilegiada minoria. Não lhes recuso o direito à reeleição, nem coloco todos no mesmo saco. Há gente muito boa (e pouca) nos parlamentos e há neles gente nada boa (e muita). Trato, apenas, do desequilíbrio de forças, da assimetria inibidora da renovação que muito apreciaria e que percebo ser expectativa nacional.
Em tese, claro, ninguém é candidato antes do ato da corte eleitoral que o registre nessa condição. Vem daí o “pré”, que vale para uns e não vale para outros, como se sabe, exceto em relação a certos atos típicos de campanha. Contudo, enquanto a dos titulares dura quase quatro anos, a dos aspirantes só começa, mesmo, no dia 16 de agosto. Convenhamos!
Os mateus legisladores cuidam primeiro dos seus.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Luiz R. Vilela - 08/07/2022 15:49:45
Pois é, né? O agora demissionário primeiro ministro inglês, o Mister Boris Johnson, ao comunicar sua saída do governo, o fez aludindo estar deixando o melhor emprego do mundo. Talvez ele tenha dito isso, por não conhecer os cargos eletivos e políticos de outras partes do mundo, principalmente de um pais chamado Brasil. Dizem, os que já passaram pelo senado da república do Brasil, que o local é para seus frequentadores eleitos, a sucursal do paraíso, ou seja, o jardim do Eden. As coisas devem ser tão boas, que a cada eleição é um engalfinhamento total dos candidatos. Desde de que o sujeito já tenha ocupado uma cadeira de vereador em alguma câmara municipal, nunca mais larga a política, que dizem ser como cachaça, viciante. Alguns até já começam por cima, como lula e Dilma, desde que tenham devotos fervorosos. A política, que deveria ser uma atividade eminentemente amadora, se profissionalizou, e com profissionais altamente especializados, que invariavelmente quando chegam ao fim da carreira, estão riquíssimos. O problema no Brasil, é que quem entra na política, tem que deixar a vergonha em casa, se levar junto, será um fracasso retumbante. Fica-se admirado é com a cara deslavada da maioria dos políticos que até encenam atos teatrais em frente dos eleitores, mas depois de eleitos, mostram a verdadeira face. Napoleão Bonaparte, fugiu da ilha de Elba, e retomou o poder na França. Aqui tem um que não fugiu, soltaram, mas que também num gesto napoleônico, deseja retomar o poder. E o povo, o que será que dirá? Que Deus nos ajude.