• Percival Puggina
  • 08/01/2017
  • Compartilhe:

OS CABELOS DE SANSÃO

 

 Neste giro anual da catraca, acumulam-se reflexões e análises sobre o "preocupante avanço da direita", que estaria entre os fatos mais relevantes de 2016. O destaque e a surpresa são compreensíveis. Entendem esses peritos que, após décadas de publicidade e crescente hegemonia esquerdista, todos deveriam saber que a direita é insensível, brutamontes e malevolente, enquanto a esquerda é compassiva, cordial e generosa. Tá bom.

 O ano, então, foi marcado pelo impeachment de Dilma Rousseff e, no pleito de outubro, por impressionante perda de substância dos partidos à esquerda. Para quem supunha trilhar sem retorno o rumo da hegemonia, seguindo agenda científica, os tombos de 2016 reforçam a preocupação manifestada por Gilberto Carvalho durante a campanha eleitoral de 2014, quando reuniu no Palácio do Planalto um grupo de blogueiros e comunicadores ativistas. Ao lhes pedir redobrados esforços, o chefe de gabinete de Dilma Rousseff sublinhou tal necessidade diante do surgimento de uma direita militante - "coisa que nós não conhecíamos há uns anos atrás". Nos meses seguintes, durante as manifestações de rua, essa direita militante exibiria força e civilidade, provocando inevitável comparação com a conduta quase sempre agressiva e violenta das manifestações a que a cordial esquerda, como senhora dos pneus queimados e das invasões, habituara a sociedade.

O ministro expressou com correção o que observava. Falava de algo novo e que produziu, rapidamente, efeito importante no debate político e junto à opinião pública nacional. Mas se limitou à descrição. Haveria muito mais a dizer! A novidade era bem maior e sobre ela escrevo estas linhas. O fato descrito por Gilberto Carvalho tinha importância superior e suas consequências iriam além da eleição que ocorreria semanas depois. Aliás, sob o ponto de vista da grande política, que supera o horizonte dos fatos, o fenômeno sobre o qual o ministro silenciou excede a própria Operação Lava Jato e o impeachment de Dilma.

Desde meados do século passado, a esquerda brasileira se abastecia na Universidade para influenciar a cultura e a intelectualidade nacional e para manejar, em seu favor, os meios de comunicação e as igrejas. Mesmo a formação da massa de intelectuais orgânicos (para dizer como Gramsci) que iria agir nas bases só poderia acontecer, e acontecia, como consequência do produto disponibilizado pela cobertura do edifício do conhecimento. A Universidade, em especial a universidade pública - pública e notória nesse particular -, era o latifúndio do saber pouco produtivo, com título de propriedade passado em favor da esquerda e porteira fechada ao conhecimento divergente, não marxista.

No momento em que a internet se massificou e ocorreu a explosão das redes sociais (tão atacadas, nessas recentes críticas, como território "da direita"), democratizou-se o conhecimento e a Universidade perdeu sua função de grã-sacerdotisa do saber filosófico e da interpretação da história, onde só autores marxistas podiam ser citados sem sarcasmo. Era fácil, então, num vácuo de substantivos, atacar com adjetivos. Tudo que não fosse esquerda era neoliberal, conservador, reacionário e por aí afora.

Entrementes, de modo sutil, pelo viés oposto, acontecia uma revolução do saber. A internet e as redes sociais, Olavo de Carvalho e seus cursos, cortavam os cabelos de Sansão e faziam emergir um grande número de novos autores e formadores de opinião que encontraram os meios de chegar ao público, multiplicando nas redes o conhecimento produzido por gigantes do pensamento até então jogados às traças nos desvãos das bibliografias e bibliotecas acadêmicas. É bem complicado, num debate, superar Russell Kirk, William F. Buckley Jr., Theodore Dalrymple, Friedrich von Hayek, Ludwig Von Mises, Roger Scruton (...) A totalidade do artigo pode ser lido em zhora.co/percivalpuggina.

 


Brenda Fernandes Aprigliano -   15/01/2017 08:21:51

Caro professor Puggina, foi só falar sobre a óbvia manipulação do pensamento de esquerda nas Universidades e que tenta fazer o mesmo em todos os níveis da educação para começar a pipocar nos comentários a militância mortadela. A democracia da esquerda consiste na seguinte liberdade: " Ou você bate palmas para as mentiras que ela não cansa de repetir ou você será implacavelmente acusado de abusador dos pobres e oprimidos, fascista, reacionário, classe média burra e toda a palhaçada e chavões que eles aprendem na escolinha da hegemonia do poder da esquerda". Não dá para conversar com quem acha que tem o monopólio do bem e da razão! É dar murro em ponta de faca!

Marcello Sena -   12/01/2017 00:15:17

Este texto não fala sobre a direita. Trata do recrudescimento de ideias reacionárias que se amalgamaram na mente pueril das classes C e B e que sustentadas por dois pilares contraditórios: o de que é possível ficar rico, mas isso não acontecerá, e o de que a repressão coercitiva do Estado é a solução para o crime, a violência e a corrupção. O primeiro pilar não pode ser sustentado pela falácia economicista da escola austríaca. Emibora as ideias de Rothbard (que não foi citado pelo autor deste texto) sejam atraentes em se tratando de uma ética da liberdade e de Hayek defendendo uma ética de diálogo e cooperação, o fundamento do livre-mercado não pode se realizar na ausência do Estado e seus mecanismos de coerção. Não há riqueza sem exploração no capitalismo. Os próximos ricos são as gerações futuras das famílias que já são ricas. Uma vez que o Estado seja suprimido os operários tomarão as fábricas porque não tolerarão mais serem explorados. E se o Estado será suprimido, como o crime, a violência e a corrupção (privada) será combatida? Estes são os discursos das redes sociais que o autor erroneamente afirma ser de direita.

Jorge Olavo Hahn Castro -   11/01/2017 17:11:13

Sansao esquerda?Pela falsidade Dalila!

Genaro Faria -   11/01/2017 10:14:42

A esquerda é filha da mentira e da preguiça. Por isso vive de enganar e de parasitar quem trabalha e honra sua palavra. A mídia - que deixou de se chamar "imprensa" para se tornar o veículo (meio) de censura à crítica e de omissão dos fatos que desagradam aos governos - está arrancando os próprios cabelos ao perceber que perde a credibilidade das pessoas que nela confiavam de boa fé. E está deixando na orfandade política a esquerda que tão generosamente a financia.

Flor Duarte -   11/01/2017 00:46:23

Texto excelente. Durante anos estivemos trabalhando, cuidando de nossas famílias, ajudando quem precisava enquanto a esquerda fazia lavagem cerebral nos estudantes românticos. Agora precisamos reverter esta situação.

carlos froner athayde -   11/01/2017 00:38:30

A esquerda brasileira sempre lutou e luta pela inclusão social, dizer que a direita vai fazer o mesmo, quando ao contrário está excluindo direitos, é blasfemar! Chamar Marx de picareta é facismo e heresia! Os trabalhadores tem que se unir em sindicatos, mas dizem que não, mas e as empresas não se unem nas suas federações e nas grandes corporações??? TRABALHADOR UNIDO JAMAIS SERÁ VENCIDO!!!

Jocs Silva -   10/01/2017 18:09:45

Gostei, do que li. Parabens pelo texto, que li... Apreciaria ler todo o texto, porém rejeito, até em pensar, vincular-me a uma mídia governamental e esquerdista, como o jornal referido por V.Sa. Quando o texto completo for liberado na democrática internet, dar-lhe-ei meu parecer, agradecimnto e elogio, também completo, porque, acredito, continuarei o bem apreciando. Jocs Silva.

Marlise -   10/01/2017 15:49:57

Perfeito. Não aguento mais tantos Professores de esquerda acabando com nossos jovens.

Odilon Rocha -   10/01/2017 00:06:17

Caro Professor Texto perfeito. Pobre Sansão! Vai ver o corte foi tipo militar.

Jaime Miguel Cardoso -   09/01/2017 22:13:40

E o Gilberto Carvalho é a Dalila ?

André Clayton -   09/01/2017 19:35:22

O pior é que a Universidade brasileira, pública, bancada com os recursos de todos os brasileiros, continua sendo um nicho fechado de esquerdistas. Até quanto isso será tolerado? Sabe-se que há Departamentos onde nenhum projeto de mestrado ou doutorado é aceito se não partir de um notório esquerdista, ou bajulador típico da agenda gramsciana. Será que esse tipo de "cerceamento ideológico" nunca será objeto de uma CPI, uma investigação séria que verifique como esquerdistas aparelham instituições públicas e as privatizam a seus interesses partidários? E mais, a perseguição ideológica a professores liberais ou conservadores agora parece também manifestar-se na Educação de Base, nas escolas de tempo integral, e isso ainda será notícia.

Paulo Onofre -   09/01/2017 19:18:15

Prezado Sr.Puggina. " Cheveux longs, idées courtes". Bem apropriado para os supostos intelectuais que disseminam a doutrinação marxista, nas universidades, nas escolas e na imprensa.

Dalton Catunda Rocha -   09/01/2017 15:25:06

O núcleo da mensagem de Karl Marx não é o extermínio de milhões de pessoas, nem o restabelecimento da escravidão, nem o culto à personalidade de ditadores comunistas. Também é engano, se acreditar que o núcleo do marxismo seja, o controle do estado por marxistas; isto vem depois. O núcleo da mensagem de Karl Marx é, a estatização da economia. Eu devo dizer: “Dei-me um país que tenha monopólio estatal do petróleo e, eu lhe darei um país pobre. ” De nada adianta simplesmente se matar ou prender esquerdistas. É preciso mais do que isto, se eliminar o estatismo econômico, que é o âmago da mensagem do picareta Karl Marx. Para começo de conversa, é preciso se ver que o petróleo é dos árabes. E a Petrobrás é da CUT. É preciso se privatizar não só estatais corruptas, como terras. Só o MST, os índios e o governo tem mais de 60% do Brasil. Junte-se as áreas de preservação permanente das fazendas e quase 80% do Brasil é estatal. Mais de 90% do Brasil devia ser particular; como é na Holanda ou Inglaterra. Em resumo. Sem privatização, não há solução.

Gustavo Pereira dos Santos -   09/01/2017 13:53:59

Dr. Percival é o cabeleireiro gaúcho, dado que cortar a vasta cabeleira do SANSÃO não foi tarefa para apenas um conservador.

Andre -   09/01/2017 13:30:42

Bem isso! Parabéns pelo texto.