• Percival Puggina
  • 19/03/2020
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OPOSIÇÃO MIDIÁTICA SUPERA A PETISTA

(Em 19/03/2020)

 Durante os anos 90, quase acabou dicionarizada a palavra “cartilhista”, muito em voga para designar certa forma de comunicação política utilizada pelo partido que hegemonizava a esquerda no Brasil. Era admirável! Seus representantes e militantes evidenciavam dispor de afirmações e respostas prévias para tudo. A unidade do discurso, a coincidência dos vocábulos e sua incansável repetição como que saíam de uma cartilha distribuída conforme a necessidade.

Assim como o castilhismo (palavra que refere o período de domínio de Júlio de Castilhos na política sul-rio-grandense), o cartilhismo foi muito bem sucedido como estratégia de comunicação do Partido dos Trabalhadores. Do cartilhismo não era exigida senão uma tênue verossimilhança, pois seus objetivos eram alcançados pela repetição. Nunca imaginei, porém, que veria a mesma estratégia ser usada em poderosos órgãos de imprensa do país, cujos noticiários parecem saídos de uma só cartilha.

           Há muitos meses, a oposição midiática é muito mais operosa do que a oposição petista.

Foi assim que, para tomar exemplos atuais, o presidente “participou” dos atos “contra o Congresso e o STF”. No entanto, todos viram as cenas dessa “participação” e sabem que os atos não foram contra os poderes de Estado, mas contra membros desses poderes. Separado dos manifestantes por duas grades de proteção, defronte ao Planalto, o presidente posou para selfies e apertou mãos. 

As manifestações começaram a ser convocadas após a fala do general Heleno identificando as chantagens em curso. Seu objetivo era, inequivocamente, expressar apoio ao presidente. E muitas foram às ruas mesmo depois de desestimuladas por Bolsonaro.

Alexandre Garcia, uma referência do jornalismo nacional, no artigo “A urna e a rua”, escreveu:

O presidente pediu para repensar; governadores proibiram; a mídia ameaçou com contágio. Mas nem o presidente, os governadores e o coronavírus impediram que multidões ganhassem as ruas do 15 de março - de carro, moto ou a pé. O que levou tanta gente a esse desafio, essa rebeldia? Antes de xingar de irresponsáveis os que deixaram suas casas no domingo, seria bom pensar sobre os motivos que levaram milhões a correr riscos de saúde, a se insurgir contra ordens de governos e de supostos condutores de opinião.

O hábito de jogar na lixeira, sem exame prévio, flagrantes e importantes relações de causa efeito só aprofunda o desprestígio de partidos e lideranças políticas. E, mais ainda, derruba a credibilidade dos meios de comunicação que se assumem como ativíssimos protagonistas da cena política. Posto que tudo se resume em atacar o presidente, qualquer coisa serve, até mesmo alguns cartazes, pedindo intervenção, presentes nas manifestações. E mesmo estes deveriam ser objeto de análise séria, para entender o que leva cidadãos a perderem a esperança na democracia. O que fazer para recuperá-la? Que parcela de responsabilidade por essa perda cabe àqueles que denunciam seus sinais? 

Milhões de brasileiros entraram em seus canais para assistir uma coletiva do presidente e seus ministros envolvidos na luta contra o coronavírus. Que tipo de pergunta lhe faz a elite das redações, credenciada junto ao Planalto? Perguntas previamente escritas, tratando de ridicularias, de máscaras e dos eventos de domingo.

Acima da gravidade do momento está a guerra ao presidente encetada pela quase totalidade de colunistas e comentaristas dos grandes veículos. Ainda não analisaram nem digeriram a reviravolta da cena política nacional em outubro de 2018. Parecem não ver o ambiente chantagista estabelecido por uma evidente maioria dentro da Câmara dos Deputados. Não lhes suscitam curiosidade os interesses em torno dos quais se congregam os 300 votos que o deputado Arthur Lira diz comandar!

Dane-se a nação. O importante é desestabilizar o presidente para entregar sua cabeça aos “virtuosos estadistas” do centrão e da oposição, não por acaso a base dos governos Lula e Dilma.
 

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* Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 


Carlos Edison Fernandes Domingues -   20/03/2020 18:52:42

PUGGINA ! Estamos ombro a ombro nesta caminhada. Carlos Edison Domingues

Menelau Santos -   19/03/2020 23:32:31

Odilon, a do vírus chinês foi muito boa!

Luiz R. Vilela -   19/03/2020 19:42:29

Pois é, dizem que quando o pau é demais, até mudo fala. Quando a penúria bate as portas de certa gente, logo começam a gritar. Acompanho o noticiário e já consegui identificar os que estão a favor do governo e os que estão contra. A turma do contra, é aquela de sempre, acostumada a mamar nas tetas da viúva, e como agora o leitinho secou, desandaram a falar mal do governo. A água já começou a bater no queixo, e como nunca aprenderam a nadar, só tem duas opções, ser socorridos, ou morrer afogados. A imprensa brasileira, desde de os tempos do império, se julga tutora dos governos, sempre tiveram no Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Petrobras, Eletrobras e outras "Brás", como anunciantes e fonte de renda. Agora a coisa mudou, mas mesmo assim, não é só a secura de recurso dos governos que causam os transtornos, também tem o fator de "evolução" no setor, com a internete vindo com força total para mandar ao museu a estrutura atual da mídia. Não estão conseguindo se reestruturar, passaram muitos anos só mamando, sem se preocupar com o futuro, acharam que tudo seria igual como sempre foi. Erraram, apareceu por ai um "lunático" que mudou tudo, ficaram sem a escada, estão pendurados no pincel. Quando se ouve ou se lê os destemperos que lançam sobre o Bolsonaro, tem-se a certeza da correção de suas atitudes, até porque o atual presidente, não tinha sua vida muito divulgada, mas as televisões, rádios e principalmente os "velhos jornalões", são velhos conhecidos do povão, se achavam verdadeiros "cartórios", mas agora descobriram que não são. Tinha a curiosidade de ver se Brizola fosse vivo, o que ele pensaria da situação atual, afinal esta briga de governo e imprensa, já tinha no velho caudilho, um combatente apaixonado. Muitos ainda lembram das escaramuças do ex governador com o antigo todo poderoso Roberto Marinho. Acho que Brizola apoiaria o Bolsonaro. Uma outra coisa que nunca consegui entender, é porque governo precisa fazer propaganda, afinal não é empresa comercial e também não tem concorrência, quando quer dinheiro, tem sempre o inesgotável bolso do contribuint para suprir suas necessidades. Então porque se propagandear?

Menelau Santos -   19/03/2020 18:14:10

Realmente Professor, perfeito! Os maus políticos tentam dificultar o trabalho do governo e não exercer uma crítica responsável. Motivo: manter ou conseguir privilégios pessoais em detrimento da necessidade do que é melhor para nós, os eleitores. E essa mídia podre age pelo mesmo motivo. Tentam destruir Bolsonaro para manter, igualmente, privilégios.

Odilon Rocha -   19/03/2020 17:48:55

Caro Professor O país que tem a mais alta Corte, Congresso e Mídia que tem, o vírus chinês perde feio na concorrência.

Dalton Catunda Rocha -   19/03/2020 17:02:19

Por favor. Sou e sempre fui, direitista assumido. Sou um “coxinha” pleno. Nunca votei em Lula, Dilma, nem em ninguém do PT, PC do B e PSOL. Na eleição de 2018, eu votei em Bolsonaro. E fiz isto, nos dois turnos. Não obstante, eu tenho de dizer, que o sistema político do Brasil, inclusive a Constituição de 1988, limitam demais aquilo, que um presidente do Brasil pode fazer de bom. Sim, eu acho que Bolsonaro não usará do poder, para o enriquecimento pessoal. Isto serve, como bom item de biografia mas, num país onde tem mais de 100 mil políticos e mais de 90% deles rouba, isto é mais detalhe, que qualquer outra coisa. Um outro exemplo. Acabou o envio de recursos a Cuba. Muito bem, mas incluindo a grana para os médicos cubanos, menos de 0,1% do gasto público do Brasil, nos anos de 2017 e 2018 foi de fato, enviada para Cuba. Mais uma vez, isto é mais um detalhe, que qualquer outra coisa. Na história da humanidade, o país que saiu de país pobre a país rico mais rápido, em todos os tempos, foi a Coreia do Sul, tendo tal país levado mais de trinta anos, neste caminho. Além de ter só um mandato de quatro anos, Bolsonaro ainda por cima não tem nem remotamente, as condições externas e menos ainda, condições políticas internas, que a Coreia do Sul teve de 1960 a 1990. Este é ou deveria ser, o objetivo maior de Bolsonaro: Fazer o Brasil ter um razoável sistema educacional. Sem isto, a crise econômica, que já durou quatro décadas seguirá pelo governo dele, abrindo o caminho para o PT voltar ao poder, no Brasil. Na melhor das hipóteses, o pouco que se sabe de Bolsonaro, o mostra mais como um Pinochet, que uma outra coisa. Ser tal e qual Pinochet na economia é o limite do melhor, que um realista como eu, realmente espera de Bolsonaro. Pinochet fez coisas certas, na economia chilena, concentradas em seus últimos anos de governo. O sistema educacional do Brasil é um lixo. Tornar tal sistema educacional, em alguma coisa, ao menos regular é ou deveria ser, o mais importante objetivo de Bolsonaro. Mantido o sistema educacional do Brasil, mais ou menos do mesmo jeito, que aí está, manterá o Brasil na crise econômica, que o assola há quatro décadas consecutivas. Nesta situação, com a educação no Brasil, basicamente do mesmo jeito, o retorno do PT ao poder, se tornará inevitável, em apenas quatro anos. A esquerda toda sabe disto. É esta, a real fonte de ódio por Bolsonaro e seu projeto educacional. Que Bolsonaro use cada dia de seu governo, na limpeza do lixo marxista, que há décadas, tomou conta de todo o sistema educacional brasileiro. Trocar inúmeros livros didáticos será, um bom começo. Basta de décadas de livros marxistas sendo impostos, em todos os colégios, às nossas crianças e aos nossos jovens. Eu nasci em 1970 e, sou engenheiro agrônomo desempregado. Neste tempo todo, eu vi caírem de podres, vários regimes ou esquemas de poder. Regime Militar, Sarney, Collor, FHC e PT. Todos caíram basicamente, pelos mesmos motivos: 1- Colocaram os juros e o desemprego lá em cima. Ao mesmo tempo, colocaram o crescimento e o desenvolvimento lá embaixo. 2- Colocaram os interesses da especulação e da corrupção, acima dos interesses do povo brasileiro. Tanto faz, a fachada. Tanto faz se sob o general-presidente Figueiredo ou da ex-terrorista marxista Dilma. Estas duas pessoas, fizeram uma crise econômica e os interesses da especulação e da corrupção. Isto foi uma regra seguida por todos os governos de 1980 até hoje, 2019. Tanto o Regime Militar, como Collor, como o PT, apenas cavaram suas próprias sepulturas políticas, fazendo estas coisas. Dilma, FHCannabis, Figueiredo, etc. tinham fachadas diferentes, mas fizeram a mesma crise econômica, ao povo brasileiro. Quem acabou com Regime Militar foi, o general Figueiredo. E quem tirou o PT do poder foi a Dilma. Aí está, mais um governante, para o Brasil. O Bolsonaro. Se ele seguir estes dois passos acima, Bolsonaro estará também, cavando sua própria sepultura política.

José Carlos -   19/03/2020 16:38:24

Parabéns!! Amigo Percival Puggina!! Bela Reflexão!!Concordo plenamente!!Abraço! Grande!! do amigo Jcfettermann! Saúde Paz Esperança Alegrias e Sucesso Sempre Amigo!!

Elder -   19/03/2020 13:08:51

Análise perfeita!!!