• Percival Puggina
  • 15/04/2016
  • Compartilhe:

ONDE POUSAR A ESPERANÇA?

 

É muito comum que jovens com interesse na política, percebendo a necessidade de participarem mais efetivamente na vida local, regional e nacional, consultem minhas barbas brancas sobre o partido ao qual deveriam filiar-se. Eu me angustio diante dessa pergunta. Como dizer o que devo sem desestimular o idealismo daquela alma juvenil? Quem ingressa na política com ideais no coração, princípios e valores impressos na consciência e ideias na cabeça levará um imediato choque de realidade. A política não poupa esses sentimentos.

Obrigo-me, então, a uma longa explicação sobre o que leva os partidos a escavarem sem cessar o fundo do poço do descrédito. Levo em conta, ao dialogar com esses jovens, que o choque de realidade gerado por algumas palavras fortes é mais positivo do que o impacto que ela, a realidade, nua e crua, possa gerar sobre almas desavisadas. Já vi isso acontecer muitas vezes para desconsiderar seu significado nos indivíduos e na própria política. Esta é um espaço onde o mal conta com facilidades para sobrepujar o bem e onde, com muita frequência, as opções se fazem entre um mal maior e um mal menor. O bem não leva uma vida fácil na política. E, mesmo assim, há que escolher; e mesmo assim ela é uma atividade essencial à vida dos povos.

Vem-me à mente, enquanto escrevo, algumas palavras do meu amado papa João Paulo II na longa exortação que dirigiu aos leigos em 1988. Transcrevo-as: 

"(...) todos e cada um têm o direito e o dever de participar na política, embora em diversidade e complementaridade de formas, níveis, funções e responsabilidades. As acusações de arrivismo, idolatria de poder, egoísmo e corrupção que muitas vezes são dirigidas aos homens do governo, do parlamento, da classe dominante ou partido político, bem como a opinião muito difusa de que a política é um lugar de necessário perigo moral, não justificam minimamente o ceticismo nem o absenteísmo dos cristãos pela coisa pública. Pelo contrário, é muito significativa a palavra do Concílio Vaticano II: «A Igreja louva e aprecia o trabalho de quantos se dedicam ao bem da nação e tomam sobre si o peso de tal cargo, ao serviço dos homens»".

Parece-me muito adequado esse facho de luz para esclarecer uma realidade como a brasileira nestes dias tormentosos em que a esperança voa errante sem lugar de pouso. É preciso compreender que a política continuará determinando destinos, mas o Estado será tão mais útil quanto mais empenhado em se tornar crescentemente desnecessário; que sempre haverá escolhas a fazer e que, por vezes, nada será melhor do que o mal menor; que a maior riqueza de uma nação repousa em seus jovens e que lhes proporcionar condições para uma vida produtiva pelo conhecimento e pelo trabalho é muito mais significativo a eles e à nação do que manipulá-los ideologicamente.

O saber, a cultura, o trabalho, a busca do mérito, a liberdade, o amor ao Bem (ainda que vago, mas verdadeiramente amado) não podem estar ausentes da Política e do Direito. E cabe a nós dar-lhes vida e vigência. Não teremos qualquer esperança se não formos, nós mesmos, a esperança.

________________________________
* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.

 


Áureo Ramos de Souza -   17/04/2016 00:26:20

Nascí politico por ser neto de João pessoa ex governador da Paraíba assassinado aqui em Recife. Aos 10 anos fui presidente da caixa escolar do Grupo Escolar Vidal de Negreiros, líder de turma ao fazer admissão ao ginásio no Grupo Escolar Amaury de Medeiros e do Ginásio até a faculdade fui líder de classe. ainda jovem fui secretário de clube de bairro e de escola de samba e depois de casado já trabalhando com Diretor do Depto. de Emissão de Empenho da Câmara Municipal do Recife e enquanto isso era eleito Presidente da Associação de Moradores da UR (Unidade Residencial nº 4 no bairro do Ibura onde desenvolvi um dos melhores trabalho assim sendo: registrei a associação, abrí conta bancaria adquiri a construção de 150 EMBRIÕES, adquiri a pavimentação de 8 ruas, 04 escadarias e várias contenção de encosta, sem falar dos cursos profissionalizantes , assim como torneios de futebol desde que adquiri o melhoramento da quadra de nossa comunidade, construí junto com moradores até uma praça e coloquei uma linha de ônibus coisa que não havia na comunidade. Procurei dizer uma das poucas coisas que fiz pela comunidade para dizer que nuca desejei ser POLÍTICO ou fazer parte de SINDICATOS as piores classe de gente que já conhecí em minha vida. Hoje me encontro aposentado e vivendo a vida, vendo meus filhos se orgulharem do pai que tem e eu agradecidos pelos filhos que tenho todos formados e junto a seu PAINHO.

Gustavo Pereira dos Santos -   16/04/2016 22:09:35

Tive o prazer de jantar com o Dr. Percival e tentei cooptá-lo para o Partido Novo. Didaticamente, ele me deu uma aula magna sobre política e explicou (não precisava, mas explicou) sua atual opção pela vida de escritor. Desnecessário dizer que ele acertou na mosca, nos enche de cultura a cada artigo.

Genaro Faria -   16/04/2016 20:13:48

Reli o texto com a atenção que a pressa da primeira leitura não me permitiu. Percebo meu erro e me redimo diante de você, meu estimado amigo, e dos demais comentaristas, em especial Luis Roberto Ponte, a quem agradeço as generosas palavras. Amanhã teremos lula frita ao molho rousseff com mortadela.

Carlos Edison Domingues -   16/04/2016 19:02:32

Alcanço 79 anos sem me afastar da atividade política. Ontem mandei fazer um banner, com um metro de altura e oitenta centímetros de largura para ficar com ele estendido no centro da cidade, em Santa Maria, mostrando aos que passavam qual era o voto do Deputado Federal qu eu ajudei a eleger. Hoje, pela manhã, fiquei duas horas empunhando esta bandeira. Ainda conheci, no Partido que abracei aos 16 anos de idade, os Prof.s Raul Pila, Carlos de Brito Velho e Fernando Carneiro. Convivi com Solano Borges e Otavio Cardoso. O exercício do magistério universitário por 40 anos determinou-me a esperança e a capacidade de luta. Carlos Edison Domingues

Alexandre -   16/04/2016 18:30:04

"O bem não leva uma vida fácil na política"... Nestes dias, o bem não leva uma vida fácil em quase nenhum ambiente onde interatuamos. "O saber, a cultura, o trabalho, a busca do mérito, a liberdade..." A liberdade que não conhecemos, aquela que somente a consciência divina, percebida por cada um que se disponha a conhecer e viver em Sua intimidade cultivando a força ou energia sutil do espírito, capazes assim de fazer escolhas amorosas, pode conduzir à "esperança em nós mesmos". Agradecido mais uma vez Professor Puggina.

João Guilherme Maia -   16/04/2016 18:04:39

Hoje eu postei esta postagem nas redes sociais e enviei para os deputados líderes da Câmara dos deputados federais, segue a postagem: AMANHÃ SERÁ O DIA “D” NÃO SÓ PARA A POLÍTICA BRASILEIRA, MAS PARA O BRASIL EM GERAL, OU SEJA, EM MUDAR OU CONTINUAR COM ESTE DESGOVERNO QUE AÍ ESTÁ A CADA DIA LEVANDO O PAÍS PARA O FUNDO DO POÇO!! Amanhã será um dia muito importante não só para a política brasileira, mas para todos os brasileiros, principalmente para os de bens que felizmente ainda são a maioria dos brasileiros, os quais realmente amam a sua pátria e não quer nunca que o Brasil se transforme em um país comunista, como este grupo que está aí no poder sempre quiseram, são treze anos de tentativas para transforma o país num país comunista. Por isso, o povo brasileiro estará voltado para as atitudes de cada um dos deputados federais na Câmara. Eles não terão de pensar muito, ou seja, votar a favor do impeachment da presidente Dilma como o povo brasileiro quer ou votar contra o impeachment. Essas duas escolhas também irão gerar dois caminhos para a futura carreira política deles: primeiro se eles escolherem ficar do lado deste desgoverno, que nestes treze anos nunca apresentaram um projeto contundente para o país para o desenvolvimento, simplesmente, porque o único projeto que eles sempre tiveram foi de se perpetuar no poder e transformar o Brasil num país comunista para o Lula assumir como o ditador do país como o seu camarada Fidel Castro, da ditadura cubana. E com isso esses deputados estarão declarando para todo o Brasil, que eles estão se lixando para o que está acontecendo no país e a consequência para eles será o fim da carreira política deles, até porque, quem não quer mais o governo do PT é o próprio povo brasileiro e como eles estão indo contra o próprio povo, que um dia os colocaram na política. O segundo caminho é, se eles escolherem acatar a vontade popular, com certeza eles irão continuar crescendo na vida política e aí eles estarão demonstrando para todo o povo brasileiro que sim, eles estão com o Brasil e não compactuando com este desgoverno deste partido dos trabalhadores, que nesses treze anos no poder só souberam enganar os próprios trabalhadores e a Nação brasileira em geral, como ocorreu na campanha da reeleição da candidata Dilma, com o tal do “NEM QUE A VACA TUSSA”, prometeu que não aumentaria nada e nem mexeria nos direitos dos trabalhadores, e quando reeleita fez tudo ao contrário, prejudicando justamente aqueles pobres que lhes deram a reeleição. O próprio Lula já falou pelas redes sociais, que eles falaram uma coisa na campanha da reeleição e depois fizeram outra coisa, aí se conclui que eles mentiram só para ganhar a eleição, como já falei, o projeto de governo deles sempre foi o poder e o país que se lixe. ENTÃO DEPUTADOS, AMANHÃ O FUTUROS DO PAÍS ESTARÁ EM SUAS MÃOS, APOIAR ESTE DESGOVERNO DO PT QUE JÁ DEMONSTROU NA PESSOA DA PRESIDENTE DILMA QUE NÃO TEM MAIS A MÍNIMA CONDIÇÃO DE CONTINUAR NA FRENTE DO COMANDO DA NAÇÃO COMO A PRIMEIRA MANDATÁRIA OU DIZER NÃO, NÓS QUEREMOS UM NOVO BRASIL QUE SEJA GOVERNADO COM SERIEDADE E RESPEITO, PENSANDO NO BEM DO POVO BRASILEIRO E NÃO NUM GRUPO PARTIDÁRIO, PARA SE PERPETUAR NO PODER.

Luis Roberto Ponte -   16/04/2016 14:49:56

Genaro, bonito e precioso é, também, o seu texto. Creio que o Pugina quis dizer, rigorosamente, a mesma coisa.

ANTONIO CARLOS DA FONSECA FALLAVENA -   16/04/2016 14:20:34

Prezado amigo Puggina O tema é amplo e complexo demais para poucas palavras. Poucos jovens se interessam: não são estimulados. E, infelizmente, quando o são, quase sempre é de forma deturpada, manipulada e direcionada. Faz muito, abandonei a participação partidária, mesmo sendo o local central para o debate e os encaminhamentos. Por que? Pela simples razão que os locais/siglas oferecidas e suas formas de atuação, não oferecem espaço para aqueles que desejam participar com seriedade. Amigo, antes de uma reforma política séria, ampla e com conteúdo lógico, pessoas de bem não terão espaços para participar. Bem sei, existem alguns sérios ainda fazendo política partidária. mas são poucos, minoria abafada e que sobrevive pelo sacrifício extremo e pessoal. Ainda não começamos a caminhar. Tomara possamos ajudar os jovens a se interessar e melhorar a política. Abraço fraterno e muita saúde. Fallavena

ANTONIO CARLOS DA FONSECA FALLAVENA -   16/04/2016 14:19:39

Prezado amigo Puggina O tema é amplo e complexo demais para poucas palavras. Poucos jovens se interessam: não são estimulados. E, infelizmente, quando o são, quase sempre é de forma deturpada, manipulada e direcionada. Faz muito, abandonei a participação partidária, mesmo sendo o local central para o debate e os encaminhamentos. Por que? Pela simples razão que os locais/siglas oferecidas e suas formas de atuação, não oferecem espaço para aqueles que desejam participar com seriedade. Amigo, antes de uma reforma política séria, ampla e com conteúdo lógico, pessoas de bem não terão espaços para participar. Bem sei, existem alguns sérios ainda fazendo política partidária. mas são poucos, minoria abafada e que sobrevive pelo sacrifício extremo e pessoal. Ainda não começamos a caminhar. Tomara possamos ajudar os jovens a se interessar e melhorar a política. Abraço fraterno e muita saúde. Fallavena

Percival Puggina -   16/04/2016 13:32:47

Meu caro Genaro. Eu não faço do que escrevi a mesma leitura que tu. Valendo-me da minha experiência, preferi optar pelo realismo e mostrar a realidade. A política não é lugar para cultores de ilusões, nem para iludidos. Isso é perigoso. Quem entra deve estar preparado para ingressar num ambiente hostil. E ali pelejar de modo consciente. Penso ter sido isso que escrevi. E não o fiz só para os jovens, mas para todos os leitores de boa vontade, pois é neles que deve pousar a esperança. Abraço fraterno, amigo.

Genaro Faria -   16/04/2016 05:25:23

Não posso dizer, pela primeira vez, que concordo com você, meu querido e admirado Puggina. Os jovens devem ser, mais do que ninguém, estimulados a participar da política. Como eu , você e tantos outros participaram. Como participaram Churchill, Margareth Thatcher, Mandela, Ghandi e Reagan. E o santo João Paulo II. Ou você reservaria à política uma prerrogativa exclusiva de quem a vê como uma atividade espúria? Eu imagino que esses jovens que o estão procurando estejam imbuídos das intenções mais meritórias. E a atividade politica não será incompatível com sua profissão. Que eles sejám médicos, professores, advogados, comerciantes e sejam eleitos como deputados distritais. Para que os representem. Ou você acredita que nosso pais deve ter legislativos, do município, do Estado e da Federação que representariam eleitores que nem sabem quem são eles? Que só de 4 em 4 anos aparecem para pedir votos? Não, amigo, esqueça as siglas dos partidos políticos, cujo ideário só cumpre um requisito para que seja registrado. Mas anime os jovens que o procuram, pois o fazem porque você lhes serviu de exemplo. Lembre-se que na política não existem espaços vazios. Que eles sejam ocupados por se espelhou em você.