Percival Puggina
Em Lucas 8:17, Jesus afirma: “Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado; nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz.”
Se era dito assim, dois mil anos atrás, num tempo em que não havia xerox nem Internet, imagine hoje, com essa aparentemente inesgotável capacidade de conhecer e armazenar o conhecimento. Essas mesmas tecnologias inutilizam conchavos e destronam caciques.
Durante muitos e longos anos o PSDB foi o partido dos caciques da política. Era a lâmina bem trajada e bem falante da tesoura esquerdista que comandou a política brasileira durante um quarto de século. Partido de ideias transversais e pronomes oblíquos.
Fernando Henrique Cardoso, na Constituinte, criou o Movimento de Unidade Progressistas (MUP) coletando a esquerda do PMDB, se aproximando do PT com o intuito de esquerdizar ainda mais a Constituição e acabou fundando o PSDB. De modo similar, o senador Álvaro Dias saiu do PSDB para criar o PODEMOS, que foi o partido de base para a formação do movimento Muda Senado. Que não mudou coisa alguma.
O Muda Senado surgiu em consonância com os apelos das multidões nas praças. O movimento queria moralizar aquele poder e fazê-lo cumprir seu papel institucional perante os maus usos e costumes de membros do STF. Abriu um guarda-chuva moral para abrigar inicialmente 22 dos 81 senadores. Eram 22 dentro e 59 fora. Com o tempo, o guarda-chuva, em vez de se expandir, foi se fechando e guarnecendo cada vez menos senadores.
O descrédito do Senado se reflete no mau desempenho dos caciques na cena política. Em 2018, Geraldo Alckmin, hoje em total sintonia com o descondenado Lula, representou o PSDB como a “toalha mais felpuda” da tribo tucana. E fez menos de 5% dos votos, embora os partidos de sua base de apoio correspondessem a quase metade do plenário do Congresso Nacional. Bye, bye caciques! O candidato escolhido pelo então poderoso PMDB para disputar a presidência, Henrique Meirelles, fez pouco mais de 1% dos votos.
A falta de sintonia e perda de influência das antigas lideranças fica muito evidente quando se observa a vitória de João Dória nas prévias tucanas e o mau desempenho dos nomes em que a turma da terceira via tem colocado suas fichas. Enquanto isso, da noite para o dia, novos partidos surgem das velhas tribos e, na mesma cadência, crescem e decrescem.
Caciques omissos perante seus deveres institucionais, protetores de corruptos, que jamais ergueram a voz contra os abusos do STF, perdem tribos inteiras e pagarão o preço de sua surdez à voz das ruas.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Heitor De Paola - 11/04/2022 14:30:57
Caro Puggina, você lembra o 2º turno de 2006 quando Lula e Alckmin "se enfrentaram"? Você, o Jayme Copstein e outros quase me bateram quando eu disse que era indiferente votar num ou noutro, porque o PSDB não passava de linha auxiliar do PT, eterno papel da Fabian Society. Agora Lula e Alckmin fazem chapa juntos, “Porque não há nada oculto que não venha a ser revelado; nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz.”MARIA INÊS MEDEIROS - 09/04/2022 00:59:07
Puggina, como sempre, escreves com uma clareza e um conhecimento profundo e crítico de nossa realidade, e te parabenizo por isso. É uma lástima que ao invés de líderes tenhamos caciques em nosso país. Não lutam por nossa pátria, mas por poder.ALCEBIADES DA SILVA SANTOS FEITAL - 06/04/2022 16:06:12
A observação do autor sobre o comportamento dos caciques foi feita com a acuidade dos olhos de uma águia, tal a precisão descrita dos políticos albergados dentro dos partidos.Dagoberto - 06/04/2022 09:35:38
Falta-nos liquidar com o cacique mais perverso, derrotando Lula na eleição deste ano.José Luiz De Sanctis - 06/04/2022 08:36:26
É o que deverá ocorrer, caso não roubem nas urnas.João Jesuino Demilio - 02/04/2022 18:29:22
Caro Percival O Brasil nunca teve partidos políticos! Sempre foi os "coronéis" que arregimentava seus cúmplices de acordo com a probabilidade de assalto ao erário público! Nunca existiu um "projeto de país" defendido por verdadeiros líderes. Nunca tivemos um classe intelectual de fato! Olavo de Carvalho foi um exceção pregando num deserto de inteligência e coerência!...Bolsonaro nunca foi o presidente dos meus sonhos, mas as alternativas apresentadas são IMENSAMENTE piores e desnudou a política brasileira. Caiu as máscaras. Nunca o brasileiro sentiu tão oprimido com um ditadura velada promovida por vários BANDIDOS dentro do STF, que vai promover um roubo monumental nas próximas eleições e jogar nosso sofrido país numa guerra civil.Guilherme Socias Villela - 31/03/2022 17:32:05
No meu computador, Puggina está na minha área de trabalho. Lê-lo é sempre um privilégio. Uma necessidade. Considero-o profundo conhecedor da sociedade brasileira.Maria de Lourdes - 31/03/2022 10:21:59
Seus artigos são sempre ótimos.Menelau Santos - 31/03/2022 08:46:03
Prezado Professor, seus textos são colírios divinos para os nosso olhos e um sopro de lucidez para nossas mentes.Basilio A.Pereira sai - 30/03/2022 22:03:13
#NaoVamosDesistirDoBRASIL #NaoVamosDesistirDoBRASIL #NaoVamosDesistirDoBRASIL #NaoVamosDesistirDoBRASIL #NaoVamosDesistirDoBRASILLupércio Miranda - 30/03/2022 13:41:53
Concordo plenamente, estão perdidos, porque não aprenderam o que é ser um político honesto, e foram levados pela ganância de poder!Marcos - 30/03/2022 13:22:49
Parabéns pelo excelente artigo. Acompanho o seu belo trabalho em tempos áridos em que a imprensa esquerdista tenta calar vozes contrárias.Anatolio Pereverzieff - 30/03/2022 10:38:48
Raposas sofistas tem seu final amargurado na política...Eleuterio barreira - 30/03/2022 09:42:44
Cirúrgico como sempre, parabéns.Pedro G. Franzon - 30/03/2022 07:37:20
Professor Puggina, bom dia. O senhor é uma benção dos céus para aliviar nossas preocupações. Obrigado por nos transmitir a lucidez dos seus pensamentos.