• Percival Puggina
  • 18/05/2016
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O SURTO DE OCUPAÇÕES FASCISTAS NAS ESCOLAS

 

 A cena apresentada pela Globo News era inacreditável. Uma dessas que a gente costuma ver no YouTube, filmada por celular, em posição vertical e tela estreita, estava sendo exibida ao país por uma emissora de grande audiência, em tela grande e HD. O ato, transcorrido no palco do auditório de uma escola estadual do Rio, tinha certa imponência. Casa cheia. À mesa diretora dos trabalhos, um grupo de adolescentes comunicava ao mundo sua soberana decisão de encerrar a "ocupação" que já levava 56 dias. Sentado entre eles, o chefe de gabinete do secretário de Educação do Rio de Janeiro. Imagino que até a Unesco festejou a notícia. Ufa!

 Aquela escola era uma das centenas que, em articulada sequência, vêm sendo invadidas no país. O ato mostrado pela TV fazia lembrar esses comunicados formais de autoridades sobre temas palpitantes. O chefe de gabinete, ao se manifestar, teve a audácia de expressar sua desaprovação à atitude dos invasores. Prá quê! Os ágeis neurônios da audiência entraram em rebelde polvorosa: "Como é? Esse sujeito está nos criticando? Afirma que não deveríamos ter ocupado o colégio? Fascista!". E a gritos de "Fascista!" o infeliz chefe de gabinete foi varrido para fora do auditório.
A Globo News a tudo filmava como coisa relevante para exibir ao país. A tais alturas, seria conveniente ouvir algum professor. Não sei se havia outros disponíveis no local, mas uma professora de Sociologia apresentou-se para defender seus pupilos destacando o caráter altamente educativo dos acontecimentos ali transcorridos. Cidadania pura.

Os xingamentos lançados sobre o audacioso chefe de gabinete foram mais do que suficientes para evidenciar o mal inoculado nos jovens. Ele volta a se revelar sempre que alguém quiser entrar para estudar ou lecionar nas escolas invadidas: "Fora, fascistas!".

Por um lado, bem feito. Bem feito para a Rede Globo que se presta para dar cobertura a uma traquinice daquelas e, depois, se sujeita a ser acusada, também ela, de fascista e de golpista quando cobre algum evento onde haja petistas. Por outro lado, muito válido o episódio para revelar a origem política e ideológica de tais invasões e sua coincidência com o processo de impeachment. Só fechando os olhos para não perceber. Assim como o idioma de quem fala, na maior parte das vezes serve para identificar sua origem, o vocabulário empregado na política vale como carteirinha de filiação, indicando devoção e militância. Você já sabe: "Chame-os do que você é, acuse-os do que você faz.".

Há exceções nessa agitação estudantil? Claro que deve haver. Mas causa tristeza saber o quanto a educação brasileira está desfocada. Multidão de professores entra diariamente nas salas de aula com o intuito de capturar corações e mentes para a ideologia do atraso. Reproduzindo conduta histórica da KGB, dos partidos comunistas e da União Soviética, ensina seu auditório cativo, entre outras maledicências, a qualificar como fascista quem não segue sua cartilha. Que contribuição se pode esperar dessa miserável atividade pedagógica para o desenvolvimento social, econômico e cultural do país? Mal sabem tais professores que, quanto mais o país for levado na direção que pretendem, menos recursos haverá numa economia despida dos "odiosos" critérios de conhecimento, estudo, trabalho, mérito, competitividade e produtividade para lhes pagar o que gostariam de receber como remuneração de sua insidiosa tarefa.
 

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* Percival Puggina (71), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A tomada do Brasil. integrante do grupo Pensar+.
 


Ismael de Oliveira Façanha -   22/05/2016 01:17:06

A gurizada gosta de brincar de político, de bancar o herói de história em quadrinhos a salvar os pobres e oprimidos, os negros, as mulheres e os índios. Como estão sendo salvos na Venezuela pela vaca louca.

Albano Antonio Strieder. -   21/05/2016 14:30:20

Conhecimento para discutir na area filosofica ou ideologica nao possuo, no entanto sempre sinto-me agredido quando alguem invade uma escola, bloqueia uma rua, ou impede outrem de exercer seu livre direito de ir e vir, os que procedem impedindo outros de exercerem seus direitos, atraves destes atos , nao merecem meu respeito. Falta-lhes educaçao, conhecimento para manifestarem suas insatifaçoes de outra forma mais civilizada e inteligente.

Lieden Leite -   21/05/2016 02:13:31

Ótimo artigo que nos revela uma pequena amostra do que já fizeram com nosso jovens e adolescentes. Vivemos "nós dos anos dourados"uma época de protestos seguidos em nossos Grêmios e Diretórios, nas ruas, ônibus e praças mas nunca houve violência de nossa parte e muito menos massificação nem palavras de ordem como hoje. Nós éramos estudantes e tínhamos liberdade e a sabíamos usar. Inclusive quando algum era preso indevidamente e nós lidávamos sim com uma dura repressão. Foi diferente, muito diferente de hoje, porque naquela época havia consciência, cultura, educação e respeito ao próximo entre os alunos e professores e mesmo nos alunos dos cursos mais radicais como da sociologia. Cabe ressaltar que, antes ou até durante essas manifestações de ocupações de escolas, uma novela da Globo "Malhação" teve como parte de seu enredo uma ocupação pacífica de uma escola a ser destruída pela ganância do capital. Com estudantes legais e ótimo final. Mas a ideia fica e os estudantes de hoje não são os estudantes da novela. E nem os professores são iguais. Educação pela arte ou exemplo não compreendido? Ou ambos? Fiquei com a dúvida.

Paulo -   20/05/2016 23:46:21

Isso tudo vai ser bom futuramente para os egressos do ensino particular, a concorrência vai ser moleza no mercado de trabalho. Conheço jovens que se diferenciam nas faculdades e estão send pinçados por empresas que patrocinam bolsas, já esses revoltadinhos aí...que tenha sorte.

olavio kleinert -   20/05/2016 22:43:10

Poderiamos argumentar em alto nivel, abordagem pelo lado ideológico mas vamos atalhar, olha as escolas nestes 13 anos ( o numero de azar) poderiam ter sido concertadas, foram sucatiadas, os professores poderiam ter auferidos uma renumeracao digna, mas so agora, e so agora, uns idiotas, por que não são estudantes, são uns desocupados por que os verdadeiros alunos querem aula, invadiram a escola e com o beneplácito das autoridades, uma minoria absoluta, prejudicam os verdadeiros estudantes, depredam, sujam e prejudicam as pessoas de bem, pergunto ate quando vamos nos submeter a vontade desta minoria vagabunda e imbecil.

Carlos Edison Fernandes Domingues -   20/05/2016 15:00:35

Puggina ! Lembro-me do estudo da lingua latina, quando, traduzindo um trecho, com o título "quo vadis "- PARA ONDE VAIS ? - aprendíamos a respeito de uma linha de conduta, caráter e ação coerente . Com o latim, somava-se o francês e o inglês. A disciplina , o respeito e a cordialidade no trato entre os colegas e professores foi uma aprendizagem que vinha de um ambiente chamado LAR Atualmente me faço a mesma pergunta : Quo Vadis ? quando observo a falta de coerência da classe política e, com o exemplo dela, o mau comportamento da mocidade estudantil. Carlos Edison Domingues

Eliane Sa -   20/05/2016 05:50:10

Impedir alunos que querem entrar na escola para estudar e um crime. Que direito uma dúzia de alunos e professores têm de fazer isso? Desocupa já.

daniel -   20/05/2016 01:47:06

Análise perfeita como sempre. Vergonha para o movimento estudantil, convertido em mera massa de manobra. Precisamos nos articular nas bases, e reocupar esses espaços que esses fascistas imbecis estão tentando monopolizar. Numa luta como essa, ser chamado falsamente de fascista faz parte do cotidiano para o cidadão de bem que combate os comunistas (essa sim uma palavra abjeta).

Genaro Faria -   19/05/2016 22:43:05

A revolução cultural - estratégia substituta do enfrentamento armado concebido nos primórdios do comunismo - ainda não foi percebida pelas pessoas virtuosas. Dezenas de milhões de brasileiros que votaram em Lula e na sua afilhada política desencantaram-se superficialmente do PT, legenda que passaram a identificar como uma quadrilha. Mas estão prontos a aderir a qualquer outra que surja para as enganar com a mesma demagogia socialista. No momento, nossa desvantagem é semelhante a de um time que entre em campo com um desfalque de uns quatro ou mais jogadores. Embora nós sejamos a imensa maioria que deveria pautar a política nacional. Precisamos reverter essa situação. E temos tudo para fazer a vantagem jogar a nosso favor. Basta que os enfrentemos nas escolas de nossos filhos, nas reuniões de condomínio, nos bares que frequentamos, por toda parte. Mas princialmente com o boicote a seus artistas e jornais que veiculam artigos de seus jornalistas. Não podemos nos calar. É com o nosso silêncio que eles contam para nos subjugar.

Sergio Barreto de Sousa -   19/05/2016 19:29:00

O Professor Marco Antonio Villa, em seu livro Década Perdida (dez anos de PT no poder) , desnuda padrões, revela modelos de comportamento, fixa estilos de conduta, o próprio modus operandi do PT no poder. E esses padrões foram repetidos na mídia vendida e no domínio da educação dos nossos jovens, como foi exemplificado pelos comentaristas. Repetindo as palavras de Marco Antonio Villa: "Vivemos um tempo sombrio, uma época do vale tudo... O Brasil de hoje é uma sociedade invertebrada. Amorfa, passiva, sem capacidade de reação". Desapareceram ou estão prestes a desaparecer os educadores. Foram substituídos pelos militantes dessa esquerda. No Talmude está escrito: "Todos nós, nem que seja uma vez, temos que tocar aqueles que precisam. Se não for você, então quem? Se não for agora, então quando?

Santiago -   19/05/2016 15:31:15

Parabéns. Pelo menos alguém que decripta essa baboseira servida pela mídia manipulativa.

Genaro Faria -   19/05/2016 14:23:17

Não nos faltam sinais de alerta sobre o abismo aonde querem nos empurrar os agentes da catástrofe socialista, com crachá de progressistas. Abismo como o que devorou a Venezuela e todos os povos que passaram por uma experiência análoga à nossa, porém, foram até uma etapa mais avançada. O que falta a muitos de nós é identificar as digitais da mão que nos empurra para o despenhadeiro. Entender que essa mão é, nada mais, nada menos, que a imprensa, com suas redatorias apinhadas de "progressistas". É ela, sobretudo a que vem até a nossa casa e entra por nossos olhos e ouvidos, o meio cultural pelo qual as massas são manipuladas. E por isso mesmo foi o mais infiltrado pelos socialistas. Então, os nossos telejornais passaram a desinformar, fingindo que informam, e as telenovelas, a deseducar, fingindo que só entretêm ou, pior, estão nos despertando para questões relevantes da atualidade. Seu papel na "revolução cultural" socialista substitui, com larga vantagem, o que os livros tiveram no passado, pois a televisão atinge a todos e ao mesmo tempo. Este é o campo de batalha onde a sorte da humanidade está sendo disputada. E os virtuosos estão perdendo de goleada para os pérfidos velhacos da esquerda.

Edison -   19/05/2016 01:55:15

Excelente a análise,pude comprovar ao longo de minha carreira a veracidade de suas afirmacoes,pena que tenhamos nesse país tantos professores militantes dessa esquerda perniciosa à nossa patria.Pior que são eles que difundem e incutem na cabeça dos nossos jovens essas idéias.